21. A ESTATUA ROMPIDA

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A mente de Lúcia vagava por um mar nebuloso, cheio de imagens disformes e sons estranhos que mexiam com algo em seu interior. Era como se alguém estivesse mostrando lembranças antigas dela para lhe dizer o motivo que a fez ser quem era atualmente. No meio daquele vasto mar, ela viu a sua mãe, ainda muito nova, bebendo todas as noites porque o seu marido, que também era seu pai, agora estava morando com uma nova família. A imagem mudou para um imenso cemitério, pessoas ao seu lado enquanto caminhavam para enterrar o corpo da mãe após ela morrer por depressão. Mas sempre havia uma imagem que voltava naquele mar, uma imagem a qual Lúcia não queria ver nunca mais na sua vida, porque sabia que reviver aquilo era doloroso demais para ela. Mas mesmo que tentasse, a lembrança ganhou força e a imagem de Antônio, sendo atingido por um raio, ganhou forma. Uma dor passou pelo o seu peito, como se alguém lhe sufocasse impedindo-lhe de respirar.

Enquanto admirava aquele mar, Lúcia tentava lembrar o que estava acontecendo com ela e o porquê de estar ali. Todas aquelas lembranças queriam dizer que ela estava morrendo? Seria por isso que ela somente sentia o seu corpo flutuar através do mar, enquanto imagens da sua vida passavam diante de seus olhos? Então assim que era morrer?

Lúcia olhou para o caminho à sua frente quando uma forte luz branca atingiu-lhe nos olhos, deixando-a cega por um momento. Então, lentamente, ela parecia não estar mais voando e nem conseguia mais ouvir o som do mar. Pelo contrário, ouvia o som de aparelhos e alguém conversando ao longe. Suas pálpebras estavam pesadas demais para poder abri-las, sua cabeça doía, assim como todo o restante do seu corpo e Lúcia podia sentir que estava deitada em uma cama. A sua mente ainda estava enevoada e perdida, mas, conseguiu ouvir perfeitamente o que as pessoas ao seu redor diziam:

- Ela já está estável, pode pedir que os filhos entrem para vê-la.

Foi então que Lúcia se lembrou de tudo, do que tinha acontecido e onde possivelmente estaria. E quando abriu lentamente os olhos, ela viu Lorena e Diego entrando pelo quarto do hospital. Os dois pareciam bem. Lorena estava com pequenas manchas roxas no braço e Diego com um curativo na perna. Ao vê-los, Lúcia chorou e os dois correram para abraça-la. Por um momento, enquanto sentia o amor que sentia por Lorena e Diego invadi-la, Lúcia lembrou que os dois ainda não sabiam a verdade sobre eles...

- Ei, ei - disse Lúcia, apesar de sentir um pouco de dor. Lorena e Diego estavam chorando. - Está tudo bem. Estamos bem... mas eu queria que vocês soubessem de uma coisa antes...

Lorena e Diego se olharam, com os olhos marejados de lágrimas. Eles sorriram um para o outro.

- Que o Diego é o meu irmão verdadeiro? - Lorena agora olhava para a mãe, sorrindo ainda mais. Lúcia franziu a testa. - Meu pai está aqui. Ele nos contou a verdade, mãe... sabemos de tudo.

- E fique tranquila que está tudo bem - completou Diego dando um beijo na testa dela. - O destino preparou dessa forma, mãe, e vamos poder recuperar o tempo perdido!

Lúcia sorriu, as lágrimas brotando novamente em seus olhos. Ela acariciou o rosto de Lorena e depois o de Diego, admirando-os por um breve momento. Mesmo depois de tantas coisas ruins, seus filhos estavam ali com ela e estavam bem. Aquilo era reconfortante demais, mas, sabia que não podia se manter deitada ali por muito tempo e queria saber o que tinha acontecido desde o momento em que desmaiou.

- Há quanto tempo estou aqui? - perguntou ela. - Como os outros estão? E o Victor e a Luciana?

E dali em diante, Lorena e Diego começaram a contar para Lúcia o que tinha se acontecido. Depois de matar Alex, ela desmaiou, devido ao cansaço, minutos antes deles voltarem com Júnior e os outros policiais. Como Lúcia tinha perdido muito sangue, e tinha vários ferimentos pelo corpo, correram com ela para o hospital. Durante toda a noite, Lúcia foi cuidada pela equipe médica e, enquanto isso, o Colégio Elite Brasil foi evacuado e fechado para investigações. O corpo de Alex, Théo e Cátia estavam no necrotério, sendo vigiado por uma equipe com seis policiais para que ninguém pudesse intervir no caso. Pelo o que Lorena dizia, nenhum deles contou para Júnior a verdadeira identidade de Alex e o que poderia ter motivado a fazer todas aquelas matanças. Por um lado, Lúcia sentiu-se aliviada, mas, sabia que precisaria contar, pelo menos, as motivações de Alex para matar tantas pessoas no último ano para os colegas de trabalho. A maior preocupação dela era que os amigos não acreditassem em tudo que contaria.

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Onde histórias criam vida. Descubra agora