14. IN MEMORIAM

13 0 0
                                    

A chuva finalmente decidirá cair, trazendo uma verdadeira cachoeira que banhava as janelas da sala de Tony e todo o colégio. Lúcia registrou a chuva caindo, admirando-a com afeto e quando Diego chegou, sua atenção voltou-se totalmente para ele. Vestindo o uniforme do colégio, aparentando estar confuso, Diego olhava de forma inquisitiva para Lúcia. Era engraçado que toda a vez que o via, de alguma forma, o carinho dela para com ele se intensificava. Se tinha uma coisa que mudava todas as circunstâncias e dificuldades daquele ano, era que ela conhecera Diego. Lúcia ainda não conseguia explicar aquele sentimento, mas, gostava senti-lo.

– Bom dia, Lúcia – cumprimentou-a Diego e lhe abraçou com carinho. – Está tudo bem? Disseram que a senhora queria falar comigo.

– Sim, sim... sente-se...

Juntos, eles sentaram-se no pequeno sofá à frente deles. Diego continuava a olhá-la com receio, temendo o que quer que Lúcia fosse falar.

– Por que esse mistério, Lúcia? – tornou a perguntar Diego. – Aconteceu alguma coisa?

Lúcia lhe olhou com carinho e ternura, controlando seus sentimentos. Então, dando um pequeno sorriso, ela decidiu ser direta:

– É que... bom... acho que agora você pode me chamar de... mãe.

Por um breve momento, um silêncio percorreu por toda a sala. O único som audível era a chuva lá fora. Ali na sala, Diego e Lúcia se olhavam e, mais uma vez, aquela conexão estranha mas maravilhosa que eles tiveram na véspera do ano novo novamente aconteceu. Lágrimas brotaram dos olhos dele, enquanto um sorriso enorme preencheu o rosto de Lúcia. Automaticamente, por instinto, os dois se abraçaram. Diego sentia-se aliviado, porque sabia que não precisaria mais voltar para a casa de Tobias e Sirley, o lugar que fora infeliz nos últimos dez anos, e que agora teria uma família que o amava e trataria com carinho. E para Lúcia, ter oficializado que Diego agora era seu filho, lhe dava um certo rendimento por tudo o que lhe acontecerá. Desde a morte de seu primeiro filho, Lúcia sempre quis ter um menino para cuidar e agora teria a chance de fazê-lo.

Os dois se afastaram mas sem deixar de se olhar. Diego estava radiante, o que lhe deixava totalmente fofo e parecendo uma criança indefesa.

– Então, a senhora conseguiu realmente me adotar? – A voz de Diego estava embargada. – Posso chama-la de... mãe?

O coração de Lúcia deu um salto de alegria quando ouviu aquelas palavras e deu um sorriso.

– Claro! Deve, meu filho!

E novamente, os dois se abraçaram fortemente. Foi neste momento tão lindo, que o celular de Lúcia tocou. Secando as lágrimas do rosto e ficando de pé, Lúcia atendeu o celular sem verificar quem estava ligando.

– Alô?

– Delegada Garcia? – perguntou alguém do outro lado da linha.

– Sim. Quem é? – Lúcia franziu a testa, ela conseguia identificar os sons de passos e portas batendo. – Aconteceu alguma coisa?

– Sim, senhora. Acabaram de levar Luciana e Victor para o hospital. Havia uma bomba na sua sala e os dois estavam lá quando ela explodiu.

Primeiro, um zumbido. Depois, uma fraqueza nas pernas. O mundo de Lúcia parou e começou a se desintegrar, causando nela uma estranha sensação de tristeza e pavor. Ela não ouvirá aquelas palavras, não mesmo. Victor e Luciana, no hospital? Uma bomba dentro de sua delegacia? O que tinha acontecido enquanto vinha até o colégio? 

Logo em seguida, a visão de Lúcia ficou turva e ela teve que se segurar no braço do sofá para não cair.

– Lúcia... quer dizer, mãe? Está tudo bem?

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Onde histórias criam vida. Descubra agora