Capítulo 28

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ANTHONY

Três semanas antes

— Você provavelmente enlouqueceu. – Falou Jacob andando de um lado para o outro do meu escritório, pensando no que falei. Sim, eu estava louco. Minha loucura era explicada pelo desespero de salvar a mulher que amava e por ela eu até morreria. – E se tudo der errado, pensou nisso?

— Jacob, o meu plano tem no mínimo 90% de chance de dar errado, estou indo para esse encontro sabendo que posso não voltar. – O respondi depois de tomar o último gole de whisky. – Para que isso não aconteça, precisamos deixar isso entre nós, e pagar muito bem as pessoas envolvidas nessa merda.

— Claro! – Disse sarcasticamente.

— Os paramédicos, legista e todo o resto, deverão agir naturalmente e como vou estar baleado e quase morrendo, não será difícil convencer a todos sobre a minha morte, claro, se isso realmente não acontecer. – Falei ainda encostado na cadeira. – O mais importante nisso tudo será Ellen. Eu tenho que estar próximo o bastante para protege-la e impedir que seja atingida por qualquer disparo.

— Não gosto nada dessa merda que está planejando. – Discordou pela milésima vez.

— Jacob, não está na hora de me questionar, se não estiver do meu lado eu mesmo pego a minha arma e vou até aquele lugar...

— Estou do seu lado, o problema é... – Ele parou de andar e me olhou com as sobrancelhas juntas. Ele estava confuso e para que essa merda realmente funcione eu precisava que o meu amigo e parceiro entendesse bem o que aconteceria. – Depois que tudo isso acabar, você vai ressurgir das cinzas, como vamos ficar, se o pior acontecer?

Olhei no relógio sobre o meu pulso e percebi que a hora da verdade estava chegando. Eu não temia a morte eminente, mas desejava a todo custo tira-la de lá o mais rápido possível e cada minuto que Ellen passava nas mãos daqueles idiotas, mais sofria.

Levantei-me da cadeira que ficava atrás da mesa de madeira rústica e andei até onde ele estava. Não existia alguém melhor que Jacob para cuidar de tudo o que a família Johnson tinha.

— Amigo, eu não vou voltar. – Falei colocando uma das mãos em seu ombro. – Temos que ser coerentes e inteligentes. O FBI está na nossa cola há muito tempo e depois de tudo isso, é possível que piorem. O mais inteligente a se fazer é deixar a poeira baixar.

— Como assim, você não vai voltar? – Questionou-me com o cenho franzido.

— Se tudo der certo, não vou perder mais um segundo longe dela ou arriscar a sua vida novamente. – Respondi me afastando dele, indo para a grande janela de vidro que mostrava a bela visão da cidade. – Eu deveria ter feito isso há muito tempo, teria impedido muita coisa. – Respirei fundo com a certeza de que estava fazendo a coisa certa. – Eu a amo, definitivamente a amo. Saber que ela pode estar sofrendo na mão daqueles idiotas só me deixa ainda mais puto e... desesperado. Fiz um acordo com o detetive, mas não tenho a intensão de cumprir com a minha promessa.

— Vai acabar com tudo com o que seu pai e nós construímos? – Perguntou surpreso.

— Não, eu vou morrer, usarei isso como uma forma de liberdade, ninguém vai saber onde estamos e... tudo o que tenho aqui será bem cuidado no seu comando. – O respondi, virando-me para olha-lo. Nunca vi o meu amigo tão surpreso. Geralmente suas expressões são de raiva e fúria, mas agora, ele parecia perplexo com o que falei. – Não fique surpreso, eu não poderia escolher alguém melhor. Você comanda tudo com maestria e sabe muito bem o que fazer sentado atrás daquela mesa. Não vamos acabar com tudo, só precisamos fazer as coisas com mais cautela.

— Você está realmente falando sério? – Questionou-me surpreso.

— Muito, e não se preocupe, sempre vou estar do seu lado, mesmo em uma ilha paradisíaca.

— Você é um filho da puta miserável. – Falou me puxando para um abraço. Eu não era de abraçar ninguém, só Ellen. Mas não sabia se voltaria do inferno, como planejava, e queria deixar as coisas em seu lugar. – Se você morrer, eu te mato.

Agora

— Eu sei que está confusa e muito chocada, mas vou explicar tudo. – Falei me aproximando dela. Eu ainda sentia muita dor. O tiro no meu peito realmente podia ter me matado, mas agimos rápido e os médicos que tínhamos contratado, conseguiram salvar a minha vida. – Ellen...

— Você morreu. – Falou me olhando com espanto. – Eles disseram...

— Eu sei, mas era para tudo ser bem verdadeiro, ninguém além das pessoas que contratamos sabia da minha real situação. – Falei tocando nos seus belos cabelos macios de cor amarelo. Essas três semanas foram difíceis e ficar longe dela era realmente uma tortura.

— Por que me deixou pensando que estava morto? – Questionou-me com os olhos marejados, o que fez a minha consciência gritar na cabeça.

— Desculpe-me, não queria fazer isso com você, porém, não tinha como envolve-la nisso, tentei traze-la para mim há muitos dias, mas o FBI está a monitorando e estou fugindo deles.

— Você está bem? – Perguntou-me com um olhar terno de preocupação. Esperei por muito tempo para toca-la novamente e sentir a suavidade da sua pele. – Levou um tiro.

— Estou bem agora. – Disse a acalmando. – Ellen, agora que está aqui, podemos ser livres onde quisermos. Planejei tudo antes de entrar por aquela porta.

— Livres como?

— Longe de Los Angeles e dos Estados Unidos, em uma ilha no pacífico. Se eu ficar, vão descobrir a verdade e posso ser preso por muito tempo.

Seu olhar estava distante e o cenho franzido. Era possível que ela dissesse não, mas faria de tudo para...

— Quando vamos? – Questionou-me decidida.

A felicidade que senti era inexplicável. Nunca imaginei que me apaixonaria por alguém como fiz com Ellen. De todas as mulheres com quem já me relacionei, ela era a menos provável. Lembrei-me de quando ela era uma adolescente e minha consciência me condenava por ser tão obsessivo com ela.

— O mais rápido possível, e ninguém pode saber que estou vivo. – Respondi.

— Eu só quero estar com você, longe de tudo isso.

A OBSESSÃO DO MAFIOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora