Capítulo 2

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ELLEN

Quando acordei, senti minha cabeça doer. Não sabia o porquê, pois não toquei em álcool. Talvez fosse porque fiquei um bom tempo pensando no que havia acontecido ontem.

A imagem de Anthony no escuro quase berrando o meu nome, não saiu da minha cabeça. Ele parecia outra pessoa, uma que eu ainda não conhecia.

Nunca tive uma relação com qualquer outro garoto por ser mais calada e tímida. Já me peguei tendo sonhos estranhos e inapropriados com o meu primo mais velho, uma dessas vezes foi na noite passada.

Era estranho e perturbador, pois não foi como das outras vezes. Anthony não era o homem carinhoso, mas sim sombrio que me amedrontava com a sua fúria. O problema era que eu não estava com tanto medo dele. Na verdade, isso me excitou.

Loucura.

Depois que meu pai morreu, acredito que adquiri uma paranoia sem sentido e isso estava afetando até o meu sono.

Anthony não era essa pessoa malvada que me prenderia e torturaria. Apesar da sua mudança de atitude comigo ontem, meu primo ainda era a pessoa que eu mais confiava.

Levantei-me da cama sentindo que a noite não tinha sido suficiente para que meu cansaço acabasse.

O dia seria cheio, assim que pisasse na universidade. Havia um grande trabalho para ser entregue e eu odiava deixar as coisas para última hora.

Tomei um banho relaxante, me preparando para ir direto para a faculdade. Ainda era cedo e isso significava que minha irmã ainda estava dormindo.

Eu não podia dizer que odiava Becca, ela era minha irmã e a única que ainda estava aqui, fora Anthony. Talvez sua implicância comigo vinha do rancor do nosso pai que se separou da sua mãe para casar-se com a minha.

Papai e eu éramos próximos, e depois que minha mãe morreu de câncer, ele passou a se afastar aos poucos, mas ainda éramos unha e carne.

Sabia que isso incomodava Becca. Ela sempre demostrou seu desagrado por mim e depois que nosso pai faleceu, isso se tornou mais evidente.

Para não acabar brigando com ela, optava por sair mais cedo e não estar em casa quando ela estivesse. Era claro que tínhamos que resolver esse problema entre nós, ainda mais agora que só restávamos nós.

Desci as escadas brancas que tinha corrimões dourados, dando à entrada uma impressão de realeza. Nosso pai, Dominic Goldner, era conhecido por adorar esbanjar luxo e poder. Quando minha mãe era viva, eles davam festas grandiosas com muitos convidados que elogiavam a beleza do lugar.

Ele dizia que eu havia puxado a beleza e delicadeza dela, mas não a forma glamorosa que Elisabete adorava viver.

Mesmo minha família tendo muito dinheiro e propriedades ao redor do mundo, nunca gostei de esbanjar o nosso dinheiro com coisas desnecessárias, só por puro prazer.

Eu odiava chamar atenção. Quando tinha que ser o centro das atenções, que graças a Deus eram poucas vezes, eu me sentia como se estivesse nua na frente de todos.

— Não vai tomar café? – Perguntou Meredith. A mulher trabalhava aqui desde que nasci e quando minha mãe morreu, foi ela quem praticamente me criou. – Já está magra demais, não quero que passe mal enquanto estuda.

Geralmente não tomava café e isso irritava a mulher que tinha cabelos grisalhos e olhos castanhos. Ela agia como se realmente fosse minha mãe e isso era acolhedor. Aproximei-me dela e beijei sua testa carinhosamente. Seus olhos autoritários me julgavam sem ao menos ter falado nada.

A OBSESSÃO DO MAFIOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora