Capítulo bônus x 2

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Macau Theerapanyakul

Acordei assustado, senti minha cama afundar do lado esquerdo, olhei para o abajur aceso ao meu lado, me sentei meio grogue e olhei para o lado. Khai.

— Não queria te assustar —ele me olha, suas mãos vieram até meu rosto, mas eu me afastei quase caindo da cama. — Cuidado.

— O que quer?

— Você já me tratou melhor —ele sorri minimamente.

— Você também.

— Eu sinto muito —ele abaixa a cabeça.

— O que aconteceu? Eu fiz algo que você não gostou?

— Quem é ele? —Khai questiona se levantando.

— Eu que te pergunto, quem era garoto da festa?

— Ninguém importante, Macau —ele da a volta na cama.

— Não parecia.

— Quem é esse cara? —ele questiona sério. Ele se aproximou de mim. — Então, Macau?

— Ele é só um amigo, trabalhamos juntos.

Ele tentou se aproximar, mas eu rolei para o outro lado.

— Por que não me respondia?

— Eu estava ocupado —ele responde sentando no colchão.

— Ocupado? Não podia me enviar uma única mensagem nesses três dias?

— Macau —ele respira fundo.

— Se está cansado e não quer ter uma conversa é melhor ir embora.

— Eu só não quero brigar —ele suspira.

— Quem falou de brigar? —eu cruzo os braços. — Você me traiu?

— Claro que não —ele responde desacreditado. — Eu nunca te trairia.

— Então qual é porra do seu problema!?

Ele olha na minha direção furioso.

— Quer saber qual é a porra do meu problema? —ele se levanta. — A porra do meu problema é você! Só você! —ele caminha furioso na minha direção. — Você é o meu problema.

Eu?

Eu dou alguns passos para trás e bato contra a parede, ele para a minha frente.

— Eu?

— Sim, você! É você que está longe, você que foi para longe —ele apontou o dedo na minha cara. — No início eu não me importei, mas agora eu me importo, eu sinto sua falta, e toda vez que conversamos sobre você diz que não sabe quando vem até aqui, e você sabe que eu não posso ir para lá, até porque é complicado!

— Não aponta o dedo na minha cara —eu o empurro para trás. — Não fale alto comigo, eu não agi dessa forma com você.

— Macau, eu não consigo mais levar as coisas desse jeito, mas você não percebe! —ele praticamente grita. — Pra mim não dá mais!

— E o que você quer que eu faça!?

— Você eu não sei, mas eu não quero mais —ele responde se afastando. — Eu já tenho 32 anos, eu quero uma família, e você está no auge da sua carreira e eu não acho que você possa me dar isso no momento. Eu não quero te privar de conhecer outras pessoas, homens da sua idade —eu caminha em direção a porta. — Acho melhor eu ir.

— Khai. Khai, volta aqui! Hey, Khai! Khai, não me deixa aqui sozinho!

Mas ele não voltou. Ele não quis me ouvir. Eu me sentei no chão gelado do meu quarto, encolhido em um canto chorei, o desespero começou a bater, minhas mãos tremiam, meu coração acelerou e eu olhei desesperado para os lados.

Completamente em pânico eu desejei oque fazia tempo que eu não desejava. Morrer.

Ouvi uma voz ao meu redor, realmente desejei que fosse Khai, mas uma parte de mim sabia que não era ele, que ele não voltaria e ele não voltou.

°

Abri os olhos confuso, perdido no tempo, encarei os remédios para dormir ao meu lado, me sentei e olhei o relógio. Meio dia. Me escorei na cabeceira da cama, abracei meus joelhos e fechei os olhos.

— Eu fui como se representante na reunião, não se preocupe, foi tudo ótimo, eu disse que você teve alguns problemas e por isso não pode estar presente —Dan entra no quarto, olhei pelo canto do olho e com dificuldade vi que ele carregava uma bandeja. — Vendemos oito quadros.

Eu forcei um sorriso.

— O que houve? —ele coloca a bandeja na cômoda e senta ao meu lado. — Eu encontrei você chorando no canto do quarto enquanto tinha uma crise de pânico, te dei um calmante e você dormiu.

— Acho que ele terminou comigo.

— Acha? —ele questiona confuso.

— Ele terminou comigo e a culpa é minha.

— Não é sua culpa —Dan murmura me abraçando. — A maioria dos casais a distância passam por isso, mas não significa que eles não voltam, bom na maioria das vezes sim, mas Khai está passando pela crise dos trinta.

— Isso existe?

— Não sei, mas se não existia agora existe —ele responde sorrindo. — E eu vou ajudar você.

— Ele terminou comigo porque eu estou em Tokyo e ele aqui, nunca nos vemos e ele acha que não posso dar uma família a ele.

— E você quer uma família? —ele questiona confuso.

— Claro que sim, mas só se for com ele, se não for com ele eu não quero —eu sinto lágrimas rolarem pela minha bochecha. — Eu já conheci muitos homens, mas nenhum deles é como o Khai, nenhum deles vai ser o Khai e eu não quero outro alguém. Eu abriria mão de tudo por ele.

— Até da sua carreira, Macau?

Eu concordo.

— Ele não podia fazer isso comigo, Dan. Ele prometeu, ele prometeu que não me machucaria nunca mais.

Dan me apertou ainda mais, eu me deitei em seu ombro e fiquei em silêncio.

— Dan, se não for o Khai, eu nunca vou me apaixonar outra vez. Ele me tirou da escuridão, eu o amei sem ser correspondido durante anos, eu não quero o perder outra vez.

— Eu sei, conheço a história de vocês, mas ele vai se arrepender e vir te procurar, eu garanto —ele beija minha testa.

°

Ele não se arrependeu, ele não me procurou. Sobre oque eu disse, Dan as vezes pode estar errado. Muito errado.

Girassóis-Macau TheerapanyakulOnde histórias criam vida. Descubra agora