Capítulo 116

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|| Maitê Mendonça Albuquerque ||

Abri meus olhos lentamente sentindo uma dor na cabeça insuportável. Franzi meus olhos e fui me lembrando do que aconteceu comigo.

Olhei em volta do lugar que estava tentando ver alguém ou alguma coisa, mas foi invão, o lugar tava escuro, não dava pra enxergar quase nada.

Tentei mexer nas minhas mãos, mas elas estavam amarradas sobre o pau que eu estava escorada.

Suspirei fundo e escorei minha cabeça no pau. Escutei a porta daquele lugar sendo aberta e olhei pra ver quem era.

- Ora, ora! Até que fim a senhorita resolveu acordar.- o Henrique falou se aproximando com um prato na mão

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM?- gritei olhando pra ele, que negou com a cabeça

- Acho melhor você abaixar o tom pra falar comigo, se não as coisas pro seu lado vão piorar, querida!- ele falou com a voz grossa

- Quantos dias eu tô aqui?- perguntei fria e ele se abaixou pra ficar na minha altura

- Faz dois dias- ele riu- pensei até que tu não ia acordar mais.

- Cê sabe que o Rio de Janeiro inteiro tá te procurando, tu não vai se livrar da prisão.- falei ríspida e ele negou com a cabeça

- Posso até ir preso, mas tu vai sofrer tudo oque me causou.- falou calmo

- Eu não te fiz nada cara, você quem me machucou!- umideci meus lábios- E pode ter certeza que se eu tivesse esse pensamento de agora, cê já tava preso faz tempo.

- Mas não tô, e sabe por quê?- ele tocou no meu queixo, virei o rosto pro lado- Porque tu é uma fraca! Foi estrupada mesmo sendo uma policial. Cê é igual as outras mulheres, frágil e fácil de manipular.- ele riu irônico- Sabe, eu amo o que causo nas mulheres, elas ficam babando por mim, e eu claro que me aproveito disso pra no final ri da cara de vocês sofrendo.

- Sabe oque eu sinto por você?- indaguei e ele me olhou cruzando os braços- NOJO! Você não passa de um homem que tem na mente que nós mulheres somos uns objetos, mas nós não somos! Somos independentes e queremos nossos direitos iguais aos dos homens, mas gente mesquinha como você não querem entender isso. - cuspi as palavras na cara dele

Senti meu rosto arder com o tapa que o Henrique me deu, virei meu rosto pro lado e senti meus olhos lacrimejarem.

- Isso é pra você aprender a me respeitar, se lembre que agora quem tá no comando é eu! Se não...- ele passou a mão pela minha barriga e eu me encolhi o máximo que podia- O seu querido filhinho vai sofrer as consequências das suas ações.- ele desceu a mão pra minha coxa e apertou a mesma- Fiquei sabendo que é um menino, já escolheram o nome?

Fiquei calada olhando pro lado e ele riu fraco.

- Nossa, me magoa cê não querer falar o nome do seu filho depois de tudo que a gente viveu.- ele tirou a mão da minha coxa- E se bem que esse filho pode ser meu.

- ESSE FILHO NÃO É E NUNCA VAI SER SEU!- gritei voltando meu olhar pra ele e o mesmo segurou o meu queixo com força

- O que eu falei sobre ter respeito?- ele perguntou apertando mais meu queixo- Eu tô tentando ser bonzinho contigo, mas cê não tá me ajudando.

- Oque tu quer comigo?- mumurei com dificuldade e ele soltou meu queixo

- Trouxe sua comida.- ele falou simples pegando o prato do chão

O Henrique me amostrou o prato que era uma sopa com várias formigas dentro dela.

- Eu não vou comer isso...- mumurei olhando pro prato

- Claro que vai, eu fiz isso com todo o amor que sinto por ti.- ele sorriu me olhando- É isso ou cê vai morrer de fome... E vamos falar que isso não é nada bom pra o seu garotão.

- Como eu vou comer, se eu tô amarrada e incapacitada de pegar alguma coisa. - mumurrei e ele riu fraco

- Mas cê é burrinha cara, eu vou te dar de comer, não se preocupe com isso. - ele falou com a voz de psicopata, engoli seco, mas concordei

O Henrique pegou a colher do prato e pegou uma quantidade de sopa levando até minha boca.

Senti uma vontade enorme de vomitar, mas tinha que ser forte e comer essa sopa pela saúde do meu filho.

Tinha várias formigas vivas dentro da sopa, mas elas eram inofensiveis. Era nojento, mas era a única coisa que podia me deixar um pouco forte pra aguentar essa tortura.

Abri a boca e engoli a sopa de uma vez, fechei os olhos sentindo meus pelinhos do braço se arrepiarem.

- Maitê, eu só quero o seu bem, querida.- o sínico do Henrique falou colocando meu cabelo pra trás da orelha

Senti um nojo dele me tocando, mas tinha que sorri e continuar comendo.

O Henrique terminou de me dar a sopa e limpou minha boca sem falar nenhuma palavra.

- Agora que cê já comeu, eu vou te deixar sozinha.- ele falou se levantando- Até amanhã querida!

Ele saiu de perto de mim e caminhou até a saída do galpão, ou sei lá oque é esse lugar.

Esperei o Henrique saí daquele lugar e pude chorar a vontade. Eu me sentia suja novamente, me sentia culpada por não ter escutado o Enzo, o meu filho pode morrer por minha causa.

- Meu Deus, oque eu fiz pra merecer isso?- sussurrei olhando pra cima sentindo minhas lágrimas caírem- Eu imploro Senhor, me ajuda a sair dessa com o meu filho bem, não deixa esse homem nos machucar, por favor...

Abaixei a cabeça sentindo meu coração apertar de angústia e culpa, escorei minha cabeça no pau de madeira e olhei pro lado suspirando fundo.

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