Capítulo 61

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|| Samuel Rodrigues ||

Escuto um barulho da sela da prisão sendo aberta e abro meus olhos, vejo um policial na minha frente com os braços cruzados.

- Você tem visitas.- o policial falou, me sentei da cama

- Quem é?- perguntei simples

- É uma mulher, vamos logo.- ele ordenou e assenti

Me levantei da cama e ele pegou meu braço, caminhamos até a sala de visitas.

- Cê tem 10 minutos pra falar com ela.- o policial falou parando em frente da porta

- Certo. - falei calmo

Caminhei em direção a mesa e vejo Rosário sentada na cadeira me esperando, puxei a cadeira debaixo da mesa e me sentei na mesma.

- Oque faz aqui?- falei erguendo uma das minhas sobrancelhas e a mesma olhou pra mim

- Vim ver como você está, meu filho. - ela falou com o semblante triste

- Estou preso, já pode ir embora. - falei me levantando

Ela se levantou e pegou no meu ombro me fazendo sentar novamente.

- Por que você me trata assim?- ela perguntou ajeitando sua bolsa no seu ombro

- Rosário, você sabe muito bem o porquê.- falei sério- Fala logo oque cê quer aqui.

- Eu vim falar do Enzo. - ela falou e pedi pra a mesma prosseguir- Ele foi pra enfermaria ontem, e tá se recuperando bem.

Sinto um alívio enorme no meu peito, fiquei com tanto medo do que poderia acontecer com o meu filho. Ele me dedurou e fiquei com muita raiva sim, mas ele fez oque tinha que ser feito.

- Que bom- suspirei aliviado- que ele saia desse hospital o mais rápido possível. Agora que já falou oque tinha que falar, pode ir embora. - digo apontando meu braço pra saída

- Você ainda tem raiva de mim, meu filho?- a Rosário perguntou olhando pra mim com o olhar triste

- Se eu sinto raiva por você ter me largado com os seus pais pra ir se prostituir?- falei ironico- Claro que sinto, mamãe.

- Samuel, eu fiz isso para o seu bem filho.- ela falou pegando minha mão, mas logo afastei- Você tem todo direito de ficar com raiva de mim, mas eu era uma adolescente rebelde, eu não queria um filho naquele tempo.

- E por que porra engravidou?- perguntei com a raiva- Naquele tempo não tinha camisinha não?- perguntei novamente e ela abaixou a cabeça- Cê nem sabe ao menos quem é o meu pai!

- Eu errei muito, e fui imatura.- ela falou com lágrimas nos olhos- Mas quando você nasceu eu aprendi a te amar, eu te deixei com os meus pais pra te dar um futuro melhor.

- Um futuro melhor?- ri irônico- Você se prostituiu pra ganhar migalhas, oque custava arrumar um trabalho digno?

- Cê pensa que eu queria essa vida pra mim?- ela perguntou, não falei nada- Eu não queria, mas era o que tinha, ninguém queria uma adolescente que tinha acabado de ter um filho pra trabalhar.

- Eu não me importo, cê sabe oque os seus pais me fizeram passar todos aqueles anos?- indaguei e ela negou com a cabeça- Eles me falaram que eu destruí a sua vida e que eu era pra ter morrido no parto. Você sabe oque isso faz com o psicólogo de uma criança?

- Eu sinto muito por tudo oque você passou...- ela mumurrou limpando as lágrimas

- Se sentisse não teria feito oque fez.- digo passando a mão no meu rosto- Mas eu cresci e me formei, tive um emprego que me deu muito dinheiro e me casei, o que não deu muito certo e me fez desacreditar mais ainda no amor, mas me deu meu filho que é tudo pra mim. Não sei porque te deixei ainda na minha vida.

- Eu me arrependi, e você me deixou ficar perto de ti e do meu neto- ela suspirou- O Enzo é tudo pra mim.

- Pelo menos pra o Enzo a senhora foi presente, que nem isso a mãe dele prestou.- digo ajeitando meu maxiliar- Obrigada por ter cuidado do meu filho, mas eu sinto vergonha por você ser a minha mãe. - ela abaixou a cabeça e derramou algumas lágrimas

- O tempo acabou.- o policial falou entrando na sala

- Já estava indo mesmo.- digo me levantando- Não me procure mais, por favor!

Falei com a voz grossa pra Rosário que me olhava com os olhos vermelhos.

Sai da sala acompanhada do policial que me guiou até a minha cela.

[...]

Estou deitado na minha cama olhando pra o teto e pensando na vida.

O Carlos infelizmente ficou na mesma cela que eu fiquei, nunca vou perdoar ele por quase ter matado meu filho!

- Se não fosse pelo seu filho, a gente já era pra tá nos Estados Unidos.- o Carlos mumurrou olhando pra mim

- O Lucas também falou a polícia, e tô começando a achar que foi o certo a se fazer. - falei mexendo nas minhas unhas

- O seu filho foi quem convenceu ao Lucas dizer tudo a polícia, tomara que ele tenha morrido com aquele tiro.- ele retrucou

- Oque cê falou?- indaguei me sentando na cama

- Que eu queria que o Enzo morrece com aquele tiro!- ele falou firme

Me levantei e dei um soco na cara do mesmo. Não tenho sangue de barata, se me estressou vai ter que aguentar.

- Não acredito que você fez isso. - ele falou negando com a cabeça e se levantou dando um soco na minha cara

Começamos a brigar e os outros presos ficaram gritando pra a gente brigar mais ainda. Me sentei por cima do Carlos e dei cinco socos na cara dele, até dois policiais chegarem e nos separarem.

- Vocês dois estão de dentenção!- um dos policiais falou me segurando- Vamos, andando.

- Cê me paga.- o Carlos falou cuspindo sangue na minha cara, me segurei pra não partir pra cima dele

- Parem de brigar, se não a dentenção vai aumentar!- o policial que estava segurando o Carlos falou e eu assenti

Sai da cela e fui jogado na dentenção, um lugar frio e escuro. Me sentei no cantinho da parede, passei as mãos no meu cabelo e suspirei fundo.

[Capítulo extra do Samuel. Oque vocês pensam sobre ele?]

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