I- Gnomos corredores

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Anoitecia de à beira da montanha, porém sua mente estava afastada.

Seus pensamentos rodeavam em torno do caçador, do seu caçador, seu protegido.

O anjo andava pensando muito nele, mais do que costumava, como seu protetor, certamente tinha de pensar nele e, principalmente, na sua segurança.

Mas, ultimamente, seus pensamentos em relação ao caçador não eram somente voltados a sua segurança, agora também pensava em como se sentia ao lado do mesmo.

Sensações estranhas, ele nunca havia sentido aquilo antes.

Castiel enfia a mão no bolso do seu sobretudo e pega seu celular, havia ignorado a última mensagem de Dean.

"Que droga! Castiel, por que você tem celular sendo que nunca me atende? Mas tudo bem, só queria" ocorre farfalhar de asas atrás de si, era Gabriel.  "Perguntar se 'tá tudo bem, faz quatro dias que você sumiu, amigão... Eu só estou preocupado e... Ah Cas, vê se aparece, hoje eu e o Sam achamos aquele ninho de vampiro que a gente tinha te contado, não sobrou nenhum daqueles mosquitos pra contar história, me liga quando ver."

- Está ignorando os Winchester?- Gabriel se pronunciou, arqueando uma das sobrancelhas.

- Não, apenas quis um tempo para pensar. 

- Pensar? O que estaria enchendo a cabeça do meu irmãozinho?- perguntou com um leve tom de deboche, enquanto bagunçava os cabelos do anjo.

- Eu ando me sentindo meio estranho ao lado do Dean. 

- Estranho como?

Castiel suspirou, sem saber como explicar aquilo a seu irmão, sabia que podia confiar nele, mas não sabia se ele o entenderia.

- Eu não sei explicar, mas quando eu estou com Dean o tempo parece passar muito mais rápido, eu sinto muita vontade de estar ao lado dele, ando pensando nele com mais frequência, sinto arrepios quando ele está perto de mais de mim e isso me deixa confuso, nunca me ocorreu algo parecido antes. - Castiel volta a olhar para seus pés, ele ainda estava sentado a beira da montanha, observava a ladeira a baixo dos seus pés, um amontoado de árvores, todas coladas umas nas outras, achava aquela visão perfeita, as árvores bem verdes assim como os olhos do humano que mexia consigo.

- Sente seu rosto ficar vermelho quando está com ele?- perguntou Gabriel, demonstrando interesse no assunto do irmão, pelas coisas que Castiel tinha lhe dito já sabia o que acontecia com o anjo, apenas queria confirmar o óbvio.

Castiel apenas concordou com a cabeça, com os olhos ainda em seus pés.

- Já sentiu aquelas borboletas na barriga?-

Castiel levantou a cabeça, olhando nos olhos do irmão, tombou ela pro lado e cerrou os olhos, naquela sua típica expressão de confusão.

- Creio que não há como ter borboletas na minha barriga, borboletas precisam de néctar, folhas de urtiga, pequenas lagartas e pedaços de frutas em decomposição para sobreviver, acredito que elas não iram encontrar isso em meu estômago. - agora o anjo encarava sua barriga com seriedade, se perguntando se era possível com que borboletas estivessem ali.

O Arcanjo deu um leve sorriso, havia achado graça de seu irmão achando que borboletas moravam em sua barriga.

- Não leve ao pé da letra, irmãozinho, borboletas na barriga é um termo usado para se referir a quando você sente coisas na sua barriga, conseguiu me entender?- Perguntou ao irmão com paciência, torcendo que ele tivesse entendido.

- Acho que sim, é como se tivesse gnomos fazendo uma corrida na sua barriga?- perguntou, apenas para ter certeza de que falavam sobre o mesmo assunto.

Gabriel sorriu com a comparação do irmão e concordou com a cabeça.

- Esses gnomos corredores são as "borboletas na barriga". - disse, fazendo aspas com os dedos.

Eles ficaram em silêncio, ambos olharam a sua volta, já estava escuro, havia algumas estrelas solitárias no céu. Os meninos sentiram uma brisa fraca em seus rostos, um único grilo começou a cantar. Gabriel dá um tapa no próprio braço, um mosquito tinha o picado.

- Você sabe o que eu tenho?- Castiel quebra o silêncio, na esperança que Gabriel tivesse uma resposta para suas dúvidas, trazendo, finalmente, o seu tão e esperado alívio.

- Sim, eu sei. - suspira, fingindo tristeza.

- É algo sério?

- Muito. - O arcanjo colocou a mão no ombro do irmão, em sinal de consolo.

- Gabe, o que eu tenho?- Castiel olhou para ele sério.

- Castiel, Você... - Gabriel fez uma pausa dramática, olhou para as suas pernas, respirou fundo e continuo. - Está apaixonado por Dean Winchester - Gabriel volta a olhar nos olhos do anjo, tinha um sorriso de orelha a orelha, ele tira a mão do ombro de Castiel. O mesmo o encarava confuso, esperava por uma resposta que acabasse com suas dúvidas, porém a que tivera foi a causadora de mais.

- Apa-pa-apaixonado?- gaguejou.

- Isso mesmo, maninho. 

- Mas como? Eu acho que você se enganou, Gabriel - o anjo não queria acreditar naquilo, por mas que "estar apaixonado por Dean" seja a resposta de muitas das suas dúvidas.

- Se você não 'tá apaixonado por Dean, então o que você tem?- Perguntou Gabriel, já sabendo que o irmão não teria resposta para sua pergunta.

Castiel ficou em silêncio, encarou o nada, tentando pensar numa resposta no mínimo aceitável.

- Eu posso estar doente. 

Gabriel revirou os olhos, "da onde vinha toda aquela teimosia" o arcanjo se perguntava.

- Ah! É claro! se o nome da doença for paixonite aguda por Dean Winchester. 

Castiel já havia aceitado que estava apaixonado, pois fazia sentido, ele já tinha visto casais apaixonados em filmes, mas nunca tinha sentido aquilo. Era tudo muito novo, um mundo recém descoberto de sentimentos e sensações, diferente de seu irmão que já os conhecia e sabia como lidar com eles.

O arcanjo colocou a mão no ombro do irmão, que levantou sua cabeça e olhou diretamente nos olhos dele.

- Castiel, estar apaixonado não é um bicho de sete cabeças - talvez no início - mas quando tudo se esclarece não é ruim... Se for recíproco é claro. 

- Creio que isso não tenha me ajudado, porém obrigado - Castiel sabia que não era recíproco, conhecia Dean, ele gostava de mulheres, sem contar que eles são apenas amigos , Dean nunca veria nada de mais nele.

- De nada - Gabriel respondeu sorrindo. - Vamos pra outro lugar, porquê nós já viramos doação de sangue pra esses mosquitos - ele se levanta e estende uma das mãos para ajudar Castiel a ficar em pé, enquanto com a outra ele coça a parte de dentro da sua coxa.

Castiel segura a mão do seu irmão e num farfalhar de asas eles saem dali.

Intercourse - DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora