Capítulo 1 - Elena.

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- Ágatha, ja se decidiu pra onde a gente vai? - mesmo depois de 5 anos de amizade, a Ágatha ainda decide o rolê, não julgo, até porque a pouco mais de dois meses, fomos para uma festa e foi uma das experiências mais chatas de nossas vidas e foi eu quem escolhi.

- Eu não sei, o Felipe chamou a gente para ir na casa dele...

- Você sabe que eu não suporto o Felipe, amiga - fiz cara de cachorro pidão.

- E você quer ir pra onde? Eu gosto do Felipe, e ele vai pagar bebida pra gente - ela sorriu, sempre me convencia assim - e outra, o Marcel vai ta lá, nossa diversão da noite.

- Tá bom - encarei meu guarda roupa na esperança de assim escolher o que vestir, peguei uma blusa de crochê e uma saia jeans - que tal?

- Vai ficar uma grande gostosa, anda logo - disse ela ja maquiada e pronta para sair, olhando o celular e jogada na minha cama.

Fiz uma maquiagem basica, algo só para esconder minha falta de vontade de ir.

Assim que chegamos, Ágatha abraçou Felipe e a conversa entre os dois fluiu, mal reparei em quem estava lá, peguei meu celular e comecei a mexer.

Pouco tempo depois Marcel chegou, não somos amigos a muito tempo, na verdade Marcel é melhor amigo da Ágatha, uma amizade de infância que acabou se tornando o meu entretenimento.

Quando Marcel chegou, fui realmente reparar nas pessoas que ali estavam só pelo fato dele ir cumprimentar elas.

Minha atenção parou em um dos meninos, não muito alto, branquinho e com um sorriso divertido.

Acho que minha noite estava prestes a melhorar.

- O que a gente vai beber? - perguntou Felipe, se direcionando a Ágatha.

- Não sei, amigo, não tenho dinheiro - franziu os lábios.

- Vou dar uma olhada, mas alguém vai ter que ir buscar - nesse momentos todos os olhos se direcionaram a Marcel.

- Tudo bem, eu vou - rimos em um unissono.

A gente não queria entrar, uma coleção de maconheiros reunida, melhor ficar na rua mesmo, pegamos algumas cadeiras e nos sentamos em uma espécie de roda.

- Hoje eu vou me embebedaaar - o menino do sorriso bonito falou, o que me fez rir, para falar a verdade qualquer coisa que ele falasse ali naquele momento me faria rir, não porque fumei, mas sim porque havia algo nele que me era interessante.

- Hariel - ouvi a voz de Felipe o chamando - a mãe ta te chamando.

- Vou apanhar - ele mostrou a lingua, o que me fez rir novamente, e entrou.

- Então ele é irmão do Felipe? - Perguntei para Ágatha que estava sentada do meu lado.

- Sim, você não sabia?

- Não - direcionei meus olhos para o portão e lá estava ele me olhando.

Por um momento senti minhas bochechas arderem, mas logo foi se tornando algo calmo para mim, e eu conseguia o olhar com os mesmos olhos.

Essa sensação é muito estranha.

- Vou no banheiro - Ágatha disse, logo depois deixando a cadeira ao meu lado vazia, sendo ocupada por Marcel.

- Você me odeia?

- O que? - dei risada com a pergunta - claro que não, eu gosto de você.

- Ufa, achei que você me odiasse, Elena, eu ia ter que matar você - rimos.

- Tenta a sorte.

- Mano, não é difícil - o olhei por alguns segundos, me perguntando se aquilo era uma ameaça.

Impossível, Marcel era legal demais para isso.

- Eu sabia que vocês iam ser amigos - Ágatha voltou sorrindo, sendo seguida por Felipe.

- Ae Felipe, imita o Bolsonaro, por favor.

- Ah não, Marcel - ela reclamou.

- Vai, faz uma pra Deus ver - falei esperando Felipe fazer o personagem, mas me distrai quando vi seu irmão vindo em nossa direção.

- Fazer o que? - ele me encarou de cima a baixo, se a intenção dele era disfarçar, deu errado.

- o Bolsonaro - Ágatha revirou os olhos.

- Para de ser chata, vai Felipe - Marcel incentivou.

- a Ágatha ta insuportável, ta ok? - Felipe disse com a voz do personagem, fazendo todos rirem, menos Ágatha que o encarava com olhar de deboche que só ela sabe.

Eu ria forçadamente, minha concentração estava mais do que eu poderia controlar em Hariel.

- Acho melhor eu bolar outro - tapeou seus bolsos, procurando algo - tem seda?

- Vish, acabou, vai ter que ir comprar - Ágatha respondeu.

- Nem fudendo - olhou em volta - já fumou em folha de bananeira?

- Meu Deus - levei a mão a cabeça, o que o fez rir.

Ponto pra mim.

O álcool já tinha subido um pouco, eu já não sabia mais controlar minhas vontades e muito menos ele, nossos olhares se cruzavam e surgia faísca ali.

Hariel foi até a bananeira que ficava no fim da rua, pegou uma folha e voltou.

- Vem me ajudar - ele pediu e eu fui - aprende só uma vez - ele se sentou e eu fiquei de pé ao lado dele.

Ágatha naquele momento já tinha percebido tudo, quando a olhei ela tava com um sorriso de orelha a orelha vendo eu ali perto de Hariel.

- Tem que queimar ela primeiro, assim - eu observava atentamente ele passando o fogo por baixo da folha fazendo ela se curvar, mesmo não fumando, estava interessante só por ser ele.

- Ela fica curvadinha né - ele concordou, logo depois subindo o olhar por minhas pernas, até chegar nos meus olhos.

Me perdi ali, já não tinha mais pra onde correr, aquilo me enfeitiçou de uma maneira que eu não posso descrever, por um momento ignoramos completamente tudo que estava acontecendo em volta, como Ágatha cantando, enquanto Marcel e Felipe riam de alguma bobagem que um dos dois falou, eu não sei.

- Ai - senti o fogo queimar a ponta do meu dedo e o barulho do isqueiro se apagando veio logo depois.

- Opa, calma - senti sua mão segurar a minha - ta tudo bem - ele sorriu e a dor passou naquele instante.

- Ta mesmo.

- Hariel, vai sair quando isso ai? - Ágatha interrompeu.

- Ta com pressa, né? - ele deu risada e ela acompanhou - agora preciso de você - queria escutar essa frase tantas vezes - pega um pedaço fino da folha e amarra aqui pra mim, um em cada ponta.

Obedeci, dando o melhor de mim amarrando aquilo, sentindo o peso do seu olhar em mim.

- Toma - Felipe trouxe uma cerveja, a entregando na mão de Hariel assim que terminamos o trabalho.

- Valeu - ele me entregou o baseado de bananeira e foi abrir a lata para dar o primeiro gole, só não contava que voaria cerveja em mim - Caralho, foi mal, vem aqui, resolvemos isso... - o segui até a cozinha, onde ele me entregou um pano - se seca.

Observei o pano e ele, então resolvi ser o mais discreta possível, me sequei sensualmente e minuciosamente.

- Assim eu não resisto.

- E quem disse que é pra resistir - ele apenas riu, o entreguei o pano e só ali eu finalmente reparei - e essa aliança?

- Ah, não é nada, ela não sai do meu dedo.

- Será? - Me dei ao esforço de tentar tirar, e realmente não saía, então resolvi dar meu voto de fé para ele.

- Eai, esse beck não sai nunca? - dessa vez foi Marcel que cobrou.

- To indo - e saímos.

Faísca - Hariel.Onde histórias criam vida. Descubra agora