Caralho, o que eu fiz?
Eu só posso estar realmente louco, eu perdi a cabeça, eu to maluco, eu não tenho nem um tipo de neurônio na cabeça.
Ela deixou o quarto e eu ainda estou parado do jeito que ela me deixou aqui, eu não consegui mover um fio de cabelo até agora, mas a minha mente... a minha mente está uma bagunça.
Eu não tenho ideia do que eu faço agora, eu não sei se vou ir pedir desculpas, se vou para minha casa, se continuo aqui, se vou atrás dela.
Eu gritei.
Eu só gritei.
Ainda não sei o que fazer, mas eu gritei.
Continuo paralisado e esperando meu corpo reagir e fazer alguma coisa.
É como se eu tivesse levado um choque, quando o único reflexo do seu corpo é paralisar depois que você enxerga a faísca te atingindo.
Era assim que eu estava me sentindo.
Tentei mandar um comando para minhas pernas, sem sucesso.
Se passaram segundos? minutos? horas desde que ela saiu daqui?
- Anda - pelo menos falar eu ainda consigo.
Porra, anda logo, para de pensar e anda.
Meu corpo permitiu que eu me movesse no mesmo segundo.
Eu sai do quarto, e por minha sorte não tinha ninguém naquele corredor, eu nem sei quanto tempo faz que estava ali dentro.
Vou para o lado de fora da casa e não encontro ela em nenhum lugar, mas Camila estava ali.
- Onde você tava, Hariel? - ela me puxou pelo braço.
- Deitado - abaixei o olhar - eu acho melhor eu ir embora.
- Nunca nessa vida, se tava deitado já descansou - ela me puxou em direção a mesa onde seus pais estavam e se sentou no meu colo assim que chegamos.
A única saída que eu encontrei naquele momento foi encher a cara.
- Eu não acredito que eu to tendo que te carregar para casa, Hariel - Camila rinha milhares e milhares de defeitos, incontáveis, mas ainda sim não me deixava sempre sozinho.
- Isso é culpa sua - disse enquanto meu corpo sem a minha menor intenção se jogava para o lado esquerdo da rua.
- Anda direito - me puxou - do que você ta falando.
- Você não me ama mais, você me odeia, você não gosta mais de mim - gritei.
- Fala baixo, Hariel, ta ficando louco?
- Viu? Eu devo ser louco mesmo - dei um ultimo gole na garrafa de cerveja, logo depois estilhaçando ela no chão.
- Por que você é assim, Hariel?
- Você sabe o porquê, sua escrota do caralho - eu falei mesmo sem querer - você só sabe dizer coisas ruins sobre mim, com seus amigos idiotas e com sua família de mrrda que também me odeia, você é patética.
- Eu sou patética? Você que ta sendo um babaca agora, Hariel, você que não sabe dar amor, você que não consegue demonstrar um pouco de amor para mim.
- Eu te dou tudo.
- E ISSO NÃO É O SUFICIENTE, CARALHO - ela me empurrou e com custo me mantive de pé - EU CASEI COM VOCÊ PORQUE VOCÊ ERA SIMPLES, PORQUE VOCÊ DEMONSTRAVA SEU AMOR POR MIM, ME LEVAVA NOS LUGARES, VOCÊ ME TINHA.
- E eu ainda to aqui? Num tô?
- Vai se fuder, seu merda, você nunca ta nessa porra, você não ta presente.
- Vai você, eu vou para casa - cambaleei um pouco quando comecei a andar, mas consegui acertar o caminho, eu a muitos passos a frente de Camila, ela me seguindo com um olhar de revolta.
Abri a casa e fui direto para o quarto, pegando um travesseiro e um cobertor, logo depois voltando para a sala, foi o tempo de Camila entrar em casa.
Me encarou, encarou as coisas em meus braços, encarou o sofá e novamente a mim.
Jogou sua bolsa sm um canto perto da porta, e entrou para o banheiro.
Meu coração apertou, talvez um sentimento de culpa, mas eu estava bebado demais para ter noção disso.
Me deitei no sofá, dormindo logo depois.
No trabalho, aquela maldita ressaca, junto com a ressaca moral tava me fudendo.
Eu já estava com uma dor de cabeça infernal, ainda ficava pensando mais e mais sobre tudo daquele dia.
Só de lembrar das minhas mãos passando pelo corpo de Elena, me sinto arrepiar, minhas pernas ficam bambas e todo meu corpo dá uma estremecida.
Ela tinha um belo beijo, uma bela pele, um belo corpo, uma bela conexão comigo.
Encostei no balcão, levando minha cabeça até minhas mãos, olhando para o além e pensando em tudo isso.
Minhas últimas semanas só se resumem a isso, pensamentos e mais pensamentos.
O pior de tudo isso é não saber qual decisão tomar, o que eu posso fazer para converter essa situação e nem como dizer coisas que eu preciso dizer para Camila.
Mas Elena não sai da minha cabeça, eu só fico pensando no que pode ser de nós dois, no quanto pode dar certo e em como ela é perfeita em tudo.
Por outro lado, penso que posso estar tomando decisões equivocadas na minha vida, assim como foi uma decisão equivocada ter a beijado no dia anterior.
Penso que posso estar trocando a festa por um pedaço de bolo.
Mas eu e Camila não estamos bem a algum tempo, como vocês já devem ter percebido, nem ao menos nos falamos nessa manhã antes que eu saisse para trabalhar.
É uma merda estar na minha pele nesse momento.
Eu não queria ter dito aquelas palavras infelizes que eu sempre tento não dizer mas acaba dizendo, eu também não queria ter a traído, eu também não queria estar na pele dela nesse momento e imagino que nem ela na minha.
Mas o que eu queria mesmo era ter aquele corpo junto ao meu novamente, aqueles olhos me olhando de tão perto outra vez, aquela boca me beijando de novo e tudo o que vem no pacote eu faria mais mil vezes.
Peguei meu celular no bolso, abrindo o facebook e pesquisando seu nome, ela era um dos primeiros resultados.
Elena Hernandez.
Admirei seu perfil por alguns segundos, antes de abrir as mensagens.
Hariel Denaro
"Oi, a gnt pode trocar uma ideia?"A mensagem foi visualizada poucos minutos depois.
Digitando...
E parou.
Digitando...
E mais uma vez parou, continuei observando a tela por mais um tempo, na esperança que ela conseguisse me responder, mas sem sucesso algum, bloqueei o celular e o guardei no bolso novamente.
Meu expediente chegou ao fim, me troquei e fui para casa caminhando sozinho, eu, meu beck e meus pensamentos nela.
Imaginando o que será de mim, dela, de nós, desse tal futuro que eu tanto imagino desde o dia que eu a olhei nos olhos a primeira vez, e acima de tudo, o que Camila é ou não capaz de fazer.
O que me resta é esperar.
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Faísca - Hariel.
RomansaEssa é a história de como eu me apaixonei por alguém que eu não poderia me apaixonar, de como o amor é intenso e insensato, de como não se pode controlar as faíscas que surgiam entre nós e principalmente, como elas se tornaram um incêndio. ///// Lei...