Faísca - Hariel.

Capítulo 24 - Hariel

Matheus, te amo daqui, nos encontramos do outro lado.

...

Há seis meses eu e Elena decidimos que iriamos morar juntos, alugamos um apartamento não muito longe de onde já morávamos.

Eu que dei a idéia, ela topou de primeira, já que estamos juntos tem dois anos e alguns meses.

Hoje é meu aniversário e decidimos fazer algo diferente, já que os dois tem uma rotina completamente conturbada e temos poucos dias que passamos inteiros juntos.

- Amor, vamos ao shopping? - Elena perguntou depois de colocar o café que ela tinha preparado para mim e se sentou na minha frente com um sorriso de orelha a orelha.

- Que coisa mais linda, minha princesa - me estiquei para lhe dar um beijo.

- A gente vai no shopping? - arqueei a sobrancelha e busquei pelo meu celular na cama.

Eram 11:23.

- Eu acho que eu quero a sobremesa primeiro - eu disse já colocando a bandeja em cima da mesa de cabeceira e a puxando.

- Hariel, você nem tomou café da manhã.

- Vou comer agora - a beijei com desejo, coloquei minhas mãos em sua cintura para que ela se deitasse, me encaixando em suas pernas.

Cessei o beijo e a olhei nos olhos, e ali senti mais uma faísca, era como se eu pudesse ver sua alma, como se tudo de mim fosse dela e tudo dela fosse meu, como se estivéssemos nos conectando, como se tudo isso fizesse o total sentido.

Naquele momento foi nítido que eu a amava e ela me amava, e que tudo era real.

- Amor - Elena disse ainda me olhando nos olhos - podemos transar depois do shopping? Por favor.

- Ah, amor, mas eu queria agora.

- Vai, por favor, marquei de almoçar no Outback com a Ágatha, você sabe, faz quase 1 ano que eu não a vejo.

- Então você convidou ela no meu aniversário pra almoçar no Outback? - semicerrei os olhos .

- E o Marcel, e o Felipe também, agora toma café enquanto eu tomo banho, vai.

Obedeci, ela levantou e foi para o banheiro.
...
Chegamos ao shopping pouco mais de 1 hora depois, encontramos Felipe e Marcel em frente a um estúdio de tatuagem.

Tínhamos nos encontrado fazia poucos dias, apenas para sentar e fumar um.

- Vão colocar um piercing no mamilo? - Falei assustando os dois.

- No teu grelo - Felipe respondeu, me cumprimentou e voltou a olhar para o estúdio.

- Eai, irmão, feliz aniversário - Marcel me abraçou - cade a cunhada?

- To aqui - Elena disse voltando do banheiro - Oi meninos, vamos subir? Ágatha acabou de me ligar e disse que está em frente ao Outback já.

Concordamos e fomos em sentido ao restaurante.

Daqui um mês completa 1 ano da morte de Matheus, e desde então não vimos Ágatha, o contato que tivemos com ela após a morte dele foram de poucos dias, logo ela se mudou da casa onde morava com a sua mãe e nunca nos deu o endereço novo.

Por um lado eu entendo, eu não faço ideia do que eu faria da minha vida se eu perdesse Elena.

Chegando perto do restaurante já avistamos os cabelos cacheados e cumpridos de Ágatha observando a vitrine de uma loja bem em frente de onde iríamos, mas havia algo de diferente nela.

- Ágatha! - Elena gritou.

Quando ela se virou, Ágatha tinha em seus braços um bebê.

Naquele momento, minha primeira reação foi olhar para Marcel, que parou de andar e se encontrava em estado de choque.

Elena soltou minha mão e correu em direção a Ágatha.

- Amiga, o que é isso? Você teve um bebê? Porque não nos contou? Deixa eu ver? Meu Deus, Ágatha.

Marcel ainda estava paralisado, resolvi dar o tempo dele e me aproximei das meninas junto de Felipe.

- Oi gente - Ágatha nos cumprimentou com um beijo no rosto depois de abraçar Elena - Essa é a Manuela, dá oi, filha - ela pegou a mãozinha da bebê e fez tchauzinho.

- Puta que pariu, Ágatha, ela é muito linda - Felipe disse segurando a mão da neném.

- Marcel? - Ágatha disse e o olhou se aproximando bem devagar - não quer conhecer sua sobrinha?

Nessa hora caímos todos na real, Manuela era filha de Matheus.

- Minha sobrinha? - os olhos de Marcel se encheram de água, ele tocou a ponta do dedo na testa da neném e sorriu - ela parece com ele - Ágatha sorriu e fez que sim com a cabeça, os dois se abraçaram.
...
- Amiga, se você estava grávida, por que não nos contou? - já sentados na mesa do restaurante, todos olhavam fixamente para Ágatha enquanto Marcel admirava Manuela em seu colo.

- Eu sofri muito com a perda do Matheus, amiga, quando descobri que eu estava grávida eu não soube muito o que fazer, eu já tinha me mudado, já estava superando toda a dor, tive muitos medos e acabei preferindo me isolar.

- Você não poderia ter feito isso... - Felipe cruzou os braços.

- Eu sei fê, mas eu não pude evitar, foi algo mais forte que eu, mas agora estamos aqui, eu e ela e ele - ela tocou em seu colar, que continha um M pendurado.

- Não some nunca mais? Promete? - Elena pediu e Ágatha abriu um sorriso, as duas se abraçaram.

- Eu prometo.

- Ela é tão perfeita, tão parecida com ele, tão... perfeita - Marcel ainda com Manuela nos braços, agora passava sua mão pelos cabelos finos e curtos dela, desviando de seu gigantesco laço na cabeça.

Nossos pratos chegaram nesse meio tempo, e então começamos a comer.

Altas risadas acompanharam nosso almoço, juntamente de um bebê de 2 meses chorando e Felipe quase engasgando com a cebola empanada.

- Hari, tenho um presente pra você - Ágatha a abriu sua bolsa, tirando duas caixinhas brancas com um lacinho roxo em cima - Para vocês dois na verdade...

Eu e Elena pegamos a caixa e abrimos com toda a pressa, era um convite para sermos padrinhos de Manuela. Me levantei e apenas entrei no abraço de Ágatha e Elena.

- E eu? - Marcel arregalou os olhos.

- Você já é tio de sangue dela, se contenta - respondi e todos riram - obrigada Ágatha - ela sorriu.

O bolo veio e todos do restaurante cantaram parabéns para mim, de longe o melhor aniversário de todos.