Cap 3: Gulf kanawut

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Mew Supassit afrouxou a gravata e adentrou o bar do hotel Urby. Sentia-se muito cansado após passar três horas em pé representando o seu pai em uma festa de comemoração de aposentadoria, repleta de fumaça de cigarro e péssimo jogadores. Desde que começará a exercer o cargo de chefe de polícia de Mai Kao Beach que o pai deixará vago ao se aposentar, sentia-se como que vivendo a vida de outra pessoa. Alguém 30 anos mais velho e não estava se divertindo muito.

    Tudo que desejava era uma cerveja gelada ou 10 horas de sono. Vinha trabalhando de forma extenuante durante todo esse tempo. Sentou-se no único banco disponível próximo ao bar. Talvez o que a cerveja não curasse, o sono o faria.

   Enquanto esperava a balconista atender outro freguês, decidiu observar o ambiente. O bar e todas as mesas do saguão estavam ocupados. No palco, próximo à janela que descortinava toda a cidade, uma banda de jazz tocava. Não era seu estilo preferido, mas não deixava de ser uma boa opção.

   A balconista, uma ruiva alta trajando uma blusa de cetim branca sobre um avental preto, colocou um prato de amendoim torrado a sua frente.

   Mew sorriu.

  — Obrigado.

  — Gostaria de uma bebida para acompanhar? — Perguntou a atendente arqueando a sobrancelhas e alargando o sorriso quando o observou melhor.

   — Uma cerveja bem gelada.

   Enquanto a garçonete providenciava sua bebida, Mew reclinou-se no banco e relaxou. Sentia ser feliz em ter aceitado a oferta de Mild e Champ para passar a noite no Urby. Na verdade havia sido o irmão que insistirá para que ele ficasse hospedado ali. E o fizera com tanto empenho que lhe causou estranheza. Mas seria bom descansar antes da viagem de volta no dia seguinte. Além disso, sempre gostará daquele Hotel. Estar ali era como relembrar os velhos tempos. Durante anos, aquele fora o lugar onde ele e o cunhado costumavam pernoitar depois das noitadas da Juventude.

  Era estranho pensar que o seu melhor amigo havia desposado seu irmão caçula no último verão, mas eles pareciam ser muito felizes. Deslumbrados seria o termo correto. Na presença deles, Mew sentia algo entre constrangimento e uma surpreendente pontada de inveja pelo amor expresso de forma constante entre os dois.

   Isso não significava que quisesse se casar. Gostava muito dos homens para fazê-lo. As fofocas sobre sua vida pessoal, das quais estava sendo vítima desde que fora promovido estavam começando a afetá-lo. O outro candidato ao cargo que ocupava, Lhong, havia espalhado para Mai Kao Beach que sua vida amorosa era libertina.

   Nunca havia namorado mais do que um homem de cada vez. O que podia fazer se aconteceu de ter vários namorados ao longo dos anos havia gostado de cada um deles. Ao contrário de Lhong, que por certo não era capaz de gostar de outro ser humano que não de si mesmo.

   Os clãs MacNee e Suppasit nunca tiveram boas relações. Alguns anos antes quando MacNee estava substituindo temporariamente o xerife do Condado, denúncias de corrupção chegaram aos ouvidos do pai de Mew, então chefe de polícia. Ele se mostrou disposto a convocar a polícia do Estado para ajudá-lo a investigar o caso, mas não teve oportunidade MacNee renunciou ao cargo e fundou uma firma de segurança particular. Atualmente, seu filho, Lhong Júnior, cuidava dos negócios da família enquanto MacNee se dedicava a caçar Mew. Aquilo não lhe agradava, mas nada podia fazer além de proteger sua retaguarda.

   A balconista colocou um copo de cerveja gelada a sua frente. A bebida diminuiu um pouco a tensão acumulada desde que assumirá o cargo de seu pai. Pediu a segunda e bebeu-a de um gole só.

   — Gostaria de mais alguma coisa?— Perguntou a funcionária com um brilho malicioso no olhar. Mew captou a mensagem embora se sentisse lisonjeado, não estava disposto ao flertar.

  — É só por enquanto. — Tudo que ansiava, além daquela bebida dos Deuses era uma boa noite de sono.

   Os músculos de sua face ainda estavam tensionados pelo esforço de manter o sorriso durante a festa. Com aposentadoria do seu pai, essa era uma grande chance para ocupar o cargo que sempre almejou. Como todos os Suppasit, trabalhar na polícia estava em seu sangue. Tinha sacrificado muita coisa para conseguir aquela posição.

   A terceira rodada foi prontamente servida a um simples gesto de Mew. Pensou em comer alguma coisa já que não havia tomado o café da manhã e o seu almoço se resumirá em algumas garfadas de espaguete. Mas não estava com forças para comer.

    Conforme bebia, o corpo ficava cada vez mais relaxado. Conhecia aquela sensação e sentia falta dela. Sabia que só estava se permitindo aquela indulgência porque se encontrava a quilômetros de distância de Mai Kao Beach.

   Quando a música acabou, a banda anunciou um intervalo. O burburinho de voz tomou conta do salão. Aquele tipo de barulho sempre provocava a mesma reação em Mew. Fazia o desligar do ambiente. De repente, um som diferente, porém peculiar, ecoou no ambiente. Uma risada tão suave e provocante que qualquer homem no recinto que tivesse sangue correndo nas veias, teria de notar.
E Mew era um deles.

    Um sorriso de antecipação iluminou o rosto dele. Agora entendia por quê seu irmão fora tão veemente para que passasse a noite no Urby.

    Mew conhecia aquela gargalhada acetinada. Fazia parte de um conjunto sensual e atrevido chamado Gulf kanawut.

Um garoto rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora