cap 27 : Família dádiva?

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O mês de abril passou rapidamente e antes que Gulf pudesse se preparar maio havia chegado. Nos fins de semana a cidade transbordava de turistas, e o serviço de spa ainda não estava concluído. Todo o dinheiro que conseguia arrecadar no salão não era suficiente para cobrir as despesas com as obras. Mew
sempre lhe oferecia ajuda, mas ele insistia em recusar.

   Antes de abrir o negócio, tinha de terminar as duas salas de
sauna que, por sorte, já estavam praticamente prontas, necessintando apenas da contratação de alguém para assentar os ladrilhos. Feito isso o
retorno do investimento era uma questão de dias.

   Mas o gerente do banco não havia demonstrado entusiasmo pela sua lógica. Sentiam-se inseguros pela constante aparição do Kanawut Secrets no noticiário policial local. Restava apenas uma vaga
esperança.

  Sempre soube da herança deixada por sua avó. Quando a irma, Grace, resolveu estudar medicina e o irmão, Josh, decidiu ingressar num curso de detetive particular, foi esse dinheiro que os ajudou. Mas quando chegou sua vez de solicitar patrocinio para seu curso de cabeleireira, tudo que ouvira foi a desculpa de que os
tempos estavam difíceis.

  Ao invés de insistir ou se lamentar, Gulf ingressou num emprego noturno como garçom. As gorjetas eram generosas e o suficientes para custearem seus estudos. Só pediu demissão quando conseguiu seu primeiro emprego como cabeleireiro em Bangkok.

  Orgulhava-se de tudo que conseguira com seu esforço próprio. Nunca voltou a pedir dinheiro à mãe. Mas, naquele momento, não lhe restava alternativa. Tinha de pegá-la de surpresa, do contrário
não seria recebido.

  Depois de hesitar alguns instantes, tomado por uma sensação de derrota, tocou a campainha da casa de Eleanor Kanawut.

  Ao abrir a porta, a expressão da mãe era um misto de descontentamento e curiosidade.

  — Olá mamãe espero que não se importe por não ter telefonado antes.

  — Olá Gulf — respondeu ao cumprimento, entreabrindo a porta.

  — Gostaria de conversar com você. Posso entrar?

  Eleanor permaneceu em silêncio.

  — Cinco minutos — barganhou, odiando ter de fazer aquilo.

  — Tudo bem. Mas nem um minuto a
mais. Estou atarefada com os preparativos da Festa Beneficente de Primavera do Country Club.

  — Prometo.

  Por fim, a mãe abriu porta. Gulf entrou, esperando ser conduzido a sala ou a qualquer outro lugar onde pudessem conversar. Mas ao invés disso, permaneceram parados no hall de entrada.

  — Pois não? — Eleanor quebrou o silêncio

  — Não podemos sentar?

  A mãe suspirou aborrecida e olhou o relógio.

  — Se você insiste.

  Quando estavam acomodados na mesa da cozinha, Gulf foi direto ao assunto:

  — Pensei em todas as maneiras de resolver meu problema, mas não encontrei outra saída. Presumo que esteja a par dos problemas que tive no salão. E cheguei a um ponto que preciso de uma pequena ajuda para terminar as reformas que estou fazendo lá. — Suspirou profundamente e continuou: —  Mãe, posso usar uma par-
te da herança que a vovó nos deixou?

  — De quanto necessita? — perguntou Eleanor

  — Bem... mais ou menos a mesma quantia que deu para as despesas dos estudos de Grace e Josh — reavivou a memória da mãe. —  Papai me disse que eu nunca precisaria me preocupar
com meus estudos, pois a vovó os havia deixado garantidos. Sei que o orçamento estava apertado na época em que fui estudar em Bangkok, mas talvez agora...

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