Cap 32: Não quero vê-lo mais

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— Será que ainda não entendeu? - Sua voz estava ainda mais alta. Talvez, alguém pudesse escutar, pensou Gulf. — Ele era apenas um meio para eu conseguir o que queria. Não significou nada para mim.

  — Era isso que eu significava também? — a voz de Gulf soou mordaz.

  Ele bufou furioso

   — Você era tão pobre quanto eu.

  Gulf relembrou aqueles dias em Bangkok em que Fiat combinava de encontrá-lo e não aparecia.

  — Léo não foi o primeiro com quem me traiu.

   — Nenhum deles significou nada para mim. Você foi o único homem que amei.

  — Me solte — gritou com toda a força de seus pulmões. — Está me machucando.

Fiat deu um passo para trás.

  — Gastei semanas tentando fazê-lo ver o quanto precisa de mim. Sou o único que posso lhe dar o que necessita.

  — Seria melhor dizer que sou o único que foi cego o suficiente para te sustentar.

  — Não! — Pegou o banquinho em que ele costumava sentar enquanto fazia os cabelos e arremessou-o contra o espelho. Num gesto instintivo, Gulf virou o rosto enquanto os vidros voavam pelo ar. Mesmo assim pequenos fragmentos o cortaram.

  — Você me ama! — Fiat estava enfurecido

  Gulf comecou a gritar e escolheu uma palavra que por certo atrairia a atenção das pessoas.

  — Fogo!

  Gritou várias vezes até que Fiat tapasse a sua boca com a mão.

  Jogou-o no chão em meio aos cacos de vidro, escovas e potes.

  Gulf sabia que tinha de agir. Era uma questão de sobrevivência.

  — Nós vamos partir — disse ele. — Não percebe que é assim que tem que ser? Vamos nos mudar para outro lugar, começar de novo...

  Gulf pensou ter ouvido o som de uma sirene distante. Continuou lutando para se desvencilhar.De repente sua mão tocou num frasco.

  "Tomara que não seja um mousse", pensou. Esticou os dedos e pegou o recipiente. Sentiu o botão do spray de um fixador de cabelos.

   "Graças a Deus', agradeceu em silêncio, enquanto o despejava nos olhos de Fiat. Quando ele o largou para levar mão ao rasto, Gulf o chutou onde mais merecia. "

   Fiat soltou um urro de dor caindo sobre os cacos espalhados.

  Naquele instante, uma voz firme, que amava com toda a força do seu ser, gritou:

  — Polícia, não se mexa.

  Fiat estava muito absorto em sua dor para escutar. Gulf ficou de joelhos e num impulso doloroso conseguiu se levantar

  — Gulf? — Mild correu em sua direção. — Escutei um barulho estranho quando estava no alto da escada e resolvi chamar a policia... quero dizer, Mew. A porta estava obstruída por alguma coisa
e não consegui entrar — disse, enquanto retirava a jaqueta e pressionava uma das mangas sobre a testa de Gulf.

  — Cuidado, está doendo!

  — É apenas um corte pequeno, mas esses ferimentos no couro cabeludo costumam sangrar muito — informou Mild sern afrouxar a pressão.

  — Devo chamar uma ambulância? —
perguntou uma outra voz.

  — Alguém poderia fazer Fiat calar-se? Não tem uma mordaça, chefe? — manifestou-se uma terceira voz.

Um garoto rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora