Cap 18: Ir mais devagar.

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Uma semana mais tarde, Gulf constatou que a preocupação de ter Mew próximo a sua cama era mais do que justificada.

— Posso fazer isso sozinho — declarou, desdobrando o lençol para estendê-lo sobre a cama. — Assim você pode voltar para o que estava fazendo com o senhor Park Bogum .

   — Não. Nós dois já conversamos Eu estou muito bem aqui.

  Gulf não estava conseguindo encaixar o lençol onde devia. Ele fez outra tentativa. Fazer uma cama nunca fora tão difícil.

  — Nunca pensei que um dia teria uma plateia me assistindo trocar a roupa de cama — similou por entre os dentes.

— Talvez esteja precisando ampliar seus horizontes. — Mew pegou o lençol, encaixou nos dois cantos do lado de Gulf.

— Eles já são bem amplos, obrigado.

— Talvez. Não passei tempo suficiente ao seu lado para julgar.

  Estaria  Mew flertando com ele? O simples pensamento fez Gulf perder o ar.

  — O que está sugerindo? — Gulf perguntou, jogando-lhe um travesseiro para que o colocasse no lugar.

  — Ei, mais devagar — disse Mew sorrindo.— Muitas coisas.

  Mew estava flertando e tão relaxado como naquela noite no Urbe. O resto do mundo começou a desvanecer. Gulf sabia o quanto aquilo podia ser perigoso.

  Manteve o olhar no travesseiro. Depois de afofa-lo, colocou em seu lugar e virou-se para encará-lo.

  Mew estava próximo demais.

   Mew acariciou-lhe a face com um toque firme. Sabia que ele iria beijá-lo. E queria que o fizesse.

  — Gulf? — Perguntou, dando-lhe a chance de evitar a dor e o sofrimento que viria depois que acordassem daquele beijo e começassem a discutir.

  — Sim — sussurrou, fechando os olhos e entre abrindo os lábios num doce convite.

  Quando suas bocas se encontraram Gulf percebeu o quanto desejará aquele momento. O beijo começou suave, mas logo se tornou quente e excitante. O mesmo que povoava a sua mente em cada segundo do dia. Tinha o mesmo gosto sensual e perigoso que guardava na memória e aquelas mãos experientes que conheciam tão bem o contorno de sua cintura e as curva sensíveis do seu corpo. Gulf comprimiu o corpo contra o dele, entregando-se ao desejo que crescia como uma espiral tomando conta de todo seu ser. Antes que pudesse saborear completamente aquele prazer, os degraus da escada que davam aos sótão começaram a ranger.

  — Ei! O que estão fazendo aí em cima?

   Mew deu um passo para trás e Gulf tentou recobrar o fôlego.

  — Nada, senhor Park Bogum! — Gritou.

— Então sugiro que desçam logo, pois coloquei o espaguete no forno como me orientou e está derramando água por todo o fogão.

   Gulf suspirou.

  — Desligue o fogo que já estamos descendo.

  Duvidava que a ebulição da panela fosse maior do que a que existia dentro dele neste momento.

   Duas semanas depois de ter ajudado Gulf a se mudar para o sótão, Mew estirou-se no aconchegante sofá de camurça marrom de seu chalé. Havia conseguido finalmente um tempo para recolher-se naquele pequeno paraíso. Com algum dinheiro que conseguirá juntar, havia transformado que outrora fora um celeiro abandonado próximo a uma fazenda incendiada, em um local digno de uma capa de revista.

   Havia tirado grande proveito deste lugar na época que ninguém, além dele mesmo, se preocupava com sua vida sexual. Mas naquele momento não estava se divertindo. Caminhou até o frigobar e observou o conteúdo. Tinha tudo do que gostava, mas nada do que queria.

    Estava faminto de GulfKanawut, e possuí-lo seria o maior erro que poderia cometer. Não podia ser visto naquele momento de sua vida com um homem como ele, que era a própria encarnação da sensualidade e rebeldia.

   No dia da mudança, quando o beijará, o desejo de tirar-lhe a roupa e amá-lo sobre aqueles lençóis o consumirá por completo. Nunca pensará que ficaria tão agradecido pela intervenção do senhor Park Bogum. Tentava em vão alimentar a raiva que sentirá pelo que aconteceu em Bangkok, mas quanto mais testemunhava a vulnerabilidade que se escondia por trás da máscara de indiferença que Gulf insistia de usar, mas ela diminuia.

Um garoto rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora