Cap 33: Cabelos coloridos

145 31 27
                                    

"Não combina com você", pensou Mew, reclinando-se na cadeira
e balançando a cabeça. Gulf esperava que ele caisse naquele amontoado de mentiras. Na verdade, poucos meses antes havia acreditado. A diferença era que daquela vez Gulf fugira, pois estava assustado, e no presente estava enlouquecendo.

   Sorriu ao lhe ocorrer um pensamento consolador. Gulf estava usando a gargantilha que ele lhe dera. E sabia que quando aquele  honem decidia tirar alguém de sua vida, fazia-o por completo. A jóia estava no lugar onde pertencia. Assim como ele também estaria dentro em breve.

  Sua complacência durou pouco. O corpo de Mew tencionou-se na cadeira ao se lembrar de um importante detalhe. A pessoa em questão era Gulf, um homem obstinado. Se havia decidido descartá-lo, devia se considerar carta fora do baralho.

  Sabia que teria de fazer algo maior para provar-lhe o seu amor. Alguma coisa pública, Champ declarara-se a Mild no meio da parada da Festa de Verão. Só que ele não poderia esperar até lá para fazê-lo.

  Precisaria arquitetar seu próprio espetáculo... algo grande o suficiente para tornar cada cidadão de Mai Kao Beach ciente de seu amor por Gulf Kanawut. E se isso os incomodassem, que optassem
pelo camarada Richard para chefiar a força policial.

  Pegou o telefone e discou o número de alguém que era especialista em criar espetáculos.

  — Olá, Mild. Pode arranjar um tempo para me encontrar?

  Gulf estava deitado sobre a espreguiçadeira da sala de Thanya.
Tinha uma toalha úmida pousada sobre o rosto. Era o altimo recurso, depois da tentativa frustrada em diminuir o inchaço dos olhos com fatias de pepino e saquinhos de chá. De repente ouviu
os sinos da porta da frente tilintarem várias vezes seguidas.

  Recusou-se a ceder à curiosidade. Isso significaria que se importava com o que estaria acontecendo no medonho mundo lá fora. E ele não estava interessado.

  Os sinos soaram outra vez.

  — Gulf, é melhor vir até aqui — chamou Thanya.

  — Não estou disposto — murmurou

  Escutou alguém entrar no salão e fechar a porta.

   — Thanya, seja quem for..

  A toalha foi arrancada de seu rosto.

— Você está com uma péssima aparência — disse Mild.

  Gulf lançou um olhar inexpressivo à o amigo.

  — Nossa! Não sei por que — retrucou sarcástico.

  — Assim não funcionará — disse Mild, encaminhando-se para Thanya, — venha cá. Precisamos de um reparo de emergência.

  Gulf fechou os olhos. Não podiam perceber que ele não tinha conserto?

  O amigo empurrou-o até a mesa de Thanya, direcionando-o para o espelho.

  — Sente-se neste banco e seja bonzinho.

  Aplicaram-lhe a maquiagem com uma rapidez inacreditável. Os dois debruçaram-se sobre ele, ajeitando-o e enfeitando-o
de modo frenético. Gulf apenas revirava os olhos e suspirava.

  — Assim está bem melhor — disse Mild satisfeito. — Agora venha comigo. —Passou a mão pela sua cintura e guiou-o
até a porta.

  Quando esta se abriu, Gulf tentou dar um passo para trás.

   — Sem chance! — exclamou Thanya empurrando-o para frente.

  Como numa reprise da noite anterior uma multidão se aglomerava na recepção do salão. Embora ainda tomado pelo choque, tinha certeza de ter visto Thorn, Champ e o prefeito. E Richard parecendo um pouco contrariado. Próximo a ele, estavam
Olvia O Sr. Bogum de mãos dadas e sorrindo de maneira enigmática e para
ele. Até a sua mãe! Não podia imaginar o que teria feito Eleanor vir até o seu estabelecimento.

Um garoto rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora