Cap 30: Não quero

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Gulf acordou com o som do canto dos pássaros, um trinado alegre e intenso, como Mew tinha sido na noite anterior. Permaneceu aconchegado ao travesseiro de olhos fechados, não querendo admitir que a manhã havia chegado. À procura de Mew, estendeu a mão, tateando o lençol, mas descobriu-se sozinho em meio à aconchegante coberta de flanela.
  — Bom dia — ouviu-o dizer.

Gulf abriu os olhos, rolou para o lado deitado de costas e retornou seu cumprimento.
  — Bom dia.

  Mew já havia tomado banho e se vestido.Com uma das maos segurava  seu terno e a outra estava escondida atrás das costas.

  — Dormiu bem?
 
  Havia algo tão íntimo em seu sorriso. Como o clima entre os dois enquanto faziam amor na noite passada.

  Amor.

  Gulf deixou escapar um suspiro longo enquanto o mundo parecia mais colorido a sua volta.

   Amor. Jamais o havia sentido. Não daquela forma.

  — Achei seu terno, mas não consegui encontrar nada que pudesse ter sido usado por baixo, a não ser isso. — E então mostrou o que escondia na outra mão. Um par de meias finas pretas e diáfanas com ligas.

  — É porque não estava usando nada além disso.

  Mew ergueu o sobrolho.

— Está me dizendo que não estava usando nada por baixo e que eu não notei?

  Gulf deu uma risada.

  — Devia estar bem distraído.

  Mew sorriu de forma vagarosa e sexy.

  — Você tem o poder de fazer isso comigo.

   Mew colocou o terno sobre o suporte ao pé da cama e deixou cair as meias no chão. Quando o fitou, Gulf soube que ele o queria. E mais uma vez, lá estava aquele brilho especial... o amor.

  Mew pulou sobre a cama e Gulf estendeu os braços, amor passando-os braços em torno do pescoço largo e beijando-o com todo amor que sentia mas não tinha coragem de verbalizar.

  — Não sei o que vai usar quando descermos para o café — disse Mew, traçando com polegar a linha do queixo
delicado. — Isto é, se tivermos energia para comer.

  Gulf esforçou-se ao máximo para se certificar de que estariam saciados e cansados.

  Chegada a hora de descer para o desjejum, resolveram contornar o problema do vestuário de Gulf. Depois de tomar banho juntos, Mew lhe emprestou uma de suas camisetas que lhe caía como um vestido. Por cima, ele colocou um robe que estava pendurado no closet desde que um parente distante o havia presenteado com ele.

Gulf ocupou-se na preparação do café, de forma que não precisasse encarar o irmão de Mew, que estava sentado à mesa da cozinha exibindo um sorriso maroto.

  — O que há de tão engraçado? — escutou Mew perguntar ao irmão.

  — Um homem não pode estar feliz? - retrucou.

  — Por que não vai ser feliz no trabalho?

  — Sem ao menos uma xícara de café?

Mew jogou 100 Baht sobre a mesa.

  — Fica por minha conta. Agora desapareça, está deixando Gulf irritado.

  A caminho da porta, o irmão parou e deu um beijo demorado na face de Gulf.

  — Vejo-o mais tarde, maninho.

  Maninho? Lançou um olhar surpreso a Mew, mas ele parecia distraído procurando alguma coisa no refrigerador. Talvez os Suppasits fossem apenas excêntricos pela manhã.

Um garoto rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora