Cap 26: Abrir mão.

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Enquanto dirigia em direção ao chalé, Mew sorriu do jeito como Gulf olhava por sobre o ombro para notar se alguém os seguia.

  — Querido, esta estrada é deserta e quase sem curvas. Se alguém estivesse nos seguindo já teria percebido.

  — Está bem. Vou parar com isso. — Mas Gulf não relaxou até que chegassem à porta de entrada.

  Mew sentia-se nervoso, o que nunca acontecera em relação a homem algum. Mostrou-lhe rapidamente os aposentos, evitando seu quarto, pois sabia que ficaria tentado a ficar. O desejo de fazer amor com Gulf chegava a ser embaraçoso, entretanto, um pouco de convivência prévia
seria necessário. Embora romantismo não fosse seu forte, gostaria de tentar... com Gulf.

  — Não acredito que isto já foi um celeiro — falou Gulf quando voltaram à sala de estar. — É mais inacreditável do que me
contaram.

  A expressão de prazer foi substituida por preocupação.

— Quem lhe contou?

  — Ora, meu caro. Pensa que os rapazes fazem comentários sobre sua vida sexual? Eu tenho um salão. Durante o dia todo
escuto clientes discorrerem sobre suas particularidades.

  — E o que eles falam sobre mim?— perguntou Mew, não desejando ouvir a resposta.

  Gulf não o fitava enquanto falava. Correu a mão pelo encosto do sofa e encaminhou-se em direção à janela de onde se descortinava a vista do campo.

— Que você é um amante atencioso tão gentil ao terminar a relação que eles só percebem depois de passados alguns dias. — Fez uma pausa. — Mas não quero falar sobre isso.

Gulf parecia tão lindo com os raios de sol realçando o rosa de seus cabelos e tão vulnerável ao mesmo tempo! Mew não tinha palavras para expressar o que estava sentindo.

  — Conosco é diferente.

Gulf afastou-se da janela. Seu sorriso era luminoso, mas ele não o encarava.

  — Eu sei.

  As coisas não estavam tomando o rumo que Mew queria. Ao invés de quebrar os muros que existiam entre eles, Gulf os estava fortalecendo.

  — Vou preparar o almoço - disse Mew.

  — Você cozinha?

Gulf parecia tão chocado que o fez rir.

  — Se não quero morrer de fome, tenho de fazer. Meu pai, meu irmão e eu fizemos um pacto. Cada um cozinha um dia. Acompanhe-me até a cozinha e lhe mostrarei.

Mew preparou um prato simples. Ovos mexidos temperados com ervas finas e salmão defumado, uma salada e vinho. Enquanto almoçavam sentados à mesa de dois lugares em um canto da cozinha, Mew tentou saber mais sobre o passado daquele homem intrigante tentar entendê-lo, mas tudo que conseguiu foram frases evasivas e mudança de assunto.

  Mew estava terminando de enxugar os pratos quando Gulf se aproximou observando-o.

   — Quer que acenda a lareira? - perguntou Mew. Relaxar sob o calor do fogo era romântico e convidativo ao diálogo.

  — Não.

  — Um passeio pelo campo, talvez?

  — Não acho uma boa idéia...

   Aproximou-se e desabotoou a camisa de Mew, puxando-a para fora da calça jeans. Era ágil com as mãos e a boca, pensou Mew ao observá-lo traçando uma linha descendente de fogo com a língua por
sobre seu abdome.

   As mãos de Gulf fecharam-se sobre a fivela do cinto e Mew fechou os olhos lutando para se controlar.

  — Quero que me leve para o seu quarto — Disse Gulf. — Agora.

  A conversa podia esperar.

   Quando Mew o depositou sobre a enorme cama de madeira, Gulf agiu comovido por puro instinto. Como pretendia que aquela fosse a última vez que estariam juntos, queria marcá-la a
ferro e fogo em sua mente. E na de Mew.

  Ajoelhou-se sobre a superfície acolchoada da beirada da cama, enquanto Mew continuava de pé próximo a ele. Gulf introduziu a ponta dos dedos por dentro da cintura da calça jeans, desfrutando
da rigidez dos músculos abdominais.

  — Vamos livrá-lo dessas roupas — murmurou, enquanto Mew retirava a camisa com um gesto rápido. Em seguida, começou a trabalhar na fivela do cinto e vagarosamente desceu o zíper da calça.

  — Voce está me matando — disse Mew com voz gutural.

  — Verdade? — Gulf sorriu, ajudando-o a despir a calça. Quando Mew  se levantou, Gulf inseriu um dedo por dentro do tecido elástico da peça intima, tocando o membro rijo. Estremeceu levemente com àquele contato íntimo. Em seguida, levou o dedo a boca. A essência e o sabor masculino o excitou.

  — Acho que ainda estou faminto — sussurrou.

  Mew fechou os olhos, deixando escapar um suspiro de prazer.

Gulf estimulou-o a deitar e ajoelhou-se sobre o corpo tenso.

  — Por onde devo começar? Talvez por aqui? — perguntou, passando a língua pelo pescoço largo. — Ou aqui? — Cobriu-lhe boca com um beijo lascivo, fundo e exigente. — Que tal... — passou a mão pelo torso musculoso, sentindo as batidas descompassadas do coração de Mew.

  Com os próprios batimentos cardíacos acelerados, traçou uma linha sensual, beijando-o do tórax até a cintura. —  Não sei... acho que não é suficiente...

  Mew levantou os quadris, permitindo que Gulf lhe despisse a cueca.

  Seus olhos se encontraram. Os de Mew repletos de paixão ao vê-lo se levantar e retirar a própria roupa. Gulf deixou o olhar seguir o curso que seus lábios tomariam.  Mew era magnífico, forte, na medida certa para o seu prazer.

  Sem mais delongas, correu a ponta dos dedos sobre o peito arfante de Mew, passando pelo umbigo e deliciando-se ao explorar pelos púbicos. Nesse ponto, circundou com a palma da mão a mas-
culinidade excitada.

  — Gulf... — gemeu satisfeito

  Gulf inclinou-se e sugou-o gentilmente, fazendo com que os quadris dele se erguessem num apelo a um contato mais íntimo. Gulf não o fez esperar, movido por incríveis sensações, aprofundou a boca com movimentos lentos. Mew acompanhava extasiado o ritmo erótico, com as mãos em forma de concha sobre
a cabeça dele. Gulf adorava poder brindá-lo com aquele prazer. Tinha certeza de que nunca esqueceria aquele momento, mesmo que passasse uma eternidade sem vê-lo.

Mew murmurava palavras sensuais, quentes e suplicantes até que seus dedos se tensionaram contra ele, não conseguindo suportar aquela deliciosa tortura.

  — Pare!

Quase desfalecendo de prazer, Gulf rolou para o lado. Mew puxou-o para si beijando-o possessivo.

  — Você é a coisa mais maravilhosa que aconteceu na minha vida. — Disse Mew.

  Invadido por uma emoção indescritivel,  Gulf sentiu um aperto na garganta. Queria lhe dizer o mesmo, mas sabia que não devia. Pretendia salvá-lo de Richard partindo naquela noite. Enquanto Gulf lutava para recuperar a calma, Mew inclinou-se sobre ele, abrindo a gaveta do criado-mudo para pegar uma caixa de preservativos.

  — Deixe-me colocá-lo — pediu, envolvendo com os dedos o membro ereto.

Mew soltou um gemido surdo de prazer.

— Não, ou nos arrependeremos depois — dizendo isso, ajustou preservativo rapidamente.

  Antes que Gulf pudesse perceber, penetrou-o sem clemência fazendo-o ofegar. A expressão do rosto másculo era de desejo e paixão. Ergueu-o pelas nádegas, encaixando-o em seus quadris com perfeição. O encontro dos corpos tinha um ritmo próprio. Numa dança ritual e alucinada, aquele contato se intensificou até que, sem conseguir se controlar, Gulf enterrou a cabeça no travesseiro,
tentando reunir forças para enfrentar a torrente de prazer que estava por vir.

  — Não. Quero que olhe para mim quando acontecer...

  Gulf entregou-se sem resistência até que, num ritmo frenético, atingiram o clímax juntos.

  Mais tarde, ainda deitados com as pernas entrelaçadas e as almas em uníssono, Gulf admitiu a verdade. Não era forte o bastante para abrir mão de Mew Suppasit.

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