Capítulo XIV: Jantando com o diabo

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Aviso: Embora a história seja fictícia, este capítulo contém cenas de violência descritas conforme o ponto de vista dos personagens que podem causar gatilhos e serem perturbadoras a alguns. 


Jane atravessou os portões de ferro de sua casa com Amélia e as duas estavam em silêncio. Não um silêncio intencional ou desconfortável, mas apenas um silêncio. Ambas estavam pensando além daquele momento, ambas se importavam com Zayn e ambas estavam preocupadas com ele, se dissessem que já tinham aceitado o fato de que ele havia sido covardemente agredido, estariam mentindo completamente.

Jane não sabia como Amélia se sentia literalmente, jamais poderia, mas ela mesma sentia como se seu coração estivesse martelando as batidas pronto para pular para fora do peito, e quando seus olhos enxergaram a própria casa, ela se sentiu mais triste e sozinha do que da última vez. Era como se a cada dia, a cada semana, aquela casa fosse menos sua e aquela vida fosse distante de uma vida que ela imaginava. Nada melhorou depois do que tinha acontecido a Zayn. E Agora Jane nem mesmo sabia como conseguiria encarar seu próprio pai com tamanha desconfiança, poderia ficar sem trocar uma palavra sequer com ele, mas George ainda estaria na outra ponta da mesa.

Ela virou o rosto e encarou Amélia, alguns fios de cabelo dela estavam soltos do penteado e eram soprados pelo vento, os olhos dela também estavam longe e mais do que provavelmente deveria estar pensando em Zayn também, até mesmo em Robert porque os dois pareciam se conhecer, e os acontecimentos das últimas 48 horas tinham vindo como uma avalanche tão grande e simultânea que Jane até se esqueceu da própria curiosidade em perguntar como Robert e Amélia se conheciam.

— Não precisa fazer isto. — Jane disse afastando o cabelo do rosto e colocando uma mecha atrás da orelha direita, o vento do início de tarde também soprava suas mechas sem parar. — Eu mesma falo com eles.

— Dirá que estávamos as duas na casa de Robert Malik? — Amélia perguntou. — Se for o que quer, tudo bem, a verdade é sempre a melhor co...

— Meu pai jamais me deixaria sair outra vez, eu acordaria com grades nas janelas.

— Bem, não estou te aconselhando a mentir, é por isso mesmo que estou aqui. Posso explicar tudo a eles.

— Amélia não. — Jane parou subitamente na grama. — Não precisa fazer isso por mim. Eles poderiam questionar o que você também estava fazendo lá e meu pai não me deixaria nem mesmo voltar à livraria para vê-la e para ver Zayn.

— E eu também não sou nenhum exemplo. — Amélia murmurou. — Só porque não sou casada não significa que não possa visitar amigos em momentos difíceis.

— Eu também não acho que isso define seu caráter como pessoa. — Jane assentiu. — Mas se acham que meu pai fez isso não posso contar isso de uma vez porque vai fazê-lo recuar.

— Jane, se Zayn fizer uma queixa eu não acho que algo realmente efetivo aconteça a seu pai, caso isso te tranquilize.

— Não tranquiliza. — Jane balançou a cabeça. — Nada que envolva Zayn se machucando me tranquiliza, se George fez isso... eu não sei como poderia olhar para ele daqui em diante.

Amélia encolheu os ombros.

— Eu sei o que está sentindo. — Ela tocou o braço de Jane parando de caminhar e Jane se virou para ela. — Sei que parece que isso não vai passar e que vai se sentir triste e sozinha para sempre, sem esperança de que possa viver algo feliz com Zayn, mas quero dizer que passa sim. Tudo sempre passa. — Os olhos de Amélia eram melancólicos e compreensivos.

— Ninguém entende o que eu... — Jane começou desviando os olhos, ela estava triste demais, mas não queria que Amélia conseguisse perceber tanto, ela queria parecer um pouco mais forte.

Against The Time | Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora