Capítulo XVII: Talvez seja o passado

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— Não acho que sua mãe gostaria que recebesse visitas. — Greta murmurou olhando para Jane que já olhava para a criada empolgada. — Você sabe...

— Amélia é minha amiga! — Jane se voltou para Greta. — Nós conversamos sobre livros, sobre flores, sobre... estas coisas da moda. — Ela balançou a cabeça.

— Jane, mas entende o que quero dizer certo? — Greta caminhou para perto dela, ajeitando as mangas do vestido de Jane. — Sua bochecha ainda está com este hematoma roxo e...

— Greta — Jane suplicou seu nome de tal forma que a mulher estremeceu surpresa com as mãos em seus braços. — Por favor...

Greta engoliu em seco observando a pequena garota com o queixo erguido lhe suplicando e sentiu o peito apertar, não diria aquilo em voz alta, mas ela devia aquilo a Jane depois de tudo que a menina tinha passado nos últimos dias, as agressões físicas e verbais presa naquele quarto sem poder sair para nada, nem mesmo para o jardim onde ela adorava ficar. Jamais iria se intrometer numa discussão entre George Grey e sua filha ou esposa, mas ele não estava ali agora e os olhos amendoados e redondos de Jane pediam por favor, por favor, por favor...

— Está bem — Greta voltou a sua expressão severa. — Mas tem que se comportar, Jane. Cuide do que vai dizer a ela, ou sua mãe irá me matar. — Ela saiu andando para fora do quarto com a criada também.

Jane tinha colocado um bom vestido, passado maquiagem em cima daquele hematoma na bochecha esquerda e embaixo do olho direito, as vezes alguma criada da casa trazia gelo enrolado em panos para que ela colocasse sobre o rosto e aquilo ajudava o tom forte de roxo diminuir, mas não que Jane ligasse mais. Só que agora que Amélia estava ali, ela queria parecer apresentável ou pelo menos melhor do que realmente estava se sentindo. Gostava de Amélia mais do que poderia dizer que gostava de outras pessoas, agora era como uma amiga íntima, mesmo apesar da idade ser mais próxima de sua mãe do que da dela.

— Jane? — Batidas leves soaram na porta aberta e quando Jane olhou, Amélia estava parada na entrada do quarto sorrindo. — Olá. — Ela disse dando alguns passos para dentro e a criada que a acompanhava saiu pelo corredor fechando a porta do quarto.

— Amélia! — Jane sorriu de volta caminhando até ela pelo quarto, mas mal conseguiu abraçá-la, estava com um grande buquê de flores e uma caixa de papel estampada com bolinhas coloridas.

— Feliz aniversário, Jane. — Amélia a abraçou o máximo que pode e as flores se amassaram um pouco, mas não importava. — Me desculpe por não ter estado aqui antes, mas não podia não vir agora, mesmo que pareça mal educado. — Jane apenas balançou a cabeça negando. — E trouxe isto. — Amélia estendeu o buquê de lírios e o cheiro doce invadiu o nariz de Jane, fazendo-a respirar fundo para se sentir melhor. — E isto também. São os últimos livros que chegaram. Zayn me ajudou a escolher e a embalar tudo para presente. Eu estava trazendo girassóis, mas ele disse que você gostaria de lírios. — Ela sussurrou a última parte.

— Zayn? — Jane perguntou em um suspiro, seu coração deu um salto ao escutar o nome.

— Jane... — O tom de Amélia havia mudado para algo contido. — O que é isto em seu rosto? — Ela observou a pele de Jane do mesmo jeito que Zayn tinha feito e os ombros da menina caíram desanimados, ela pensou que talvez pudesse esconder aquilo.

— Isso? — Jane congelou. — O que?

— Sua bochecha... — Amélia caminhou em direção a cama e colocou a caixa de presente ali em cima da cama se voltando para Jane outra vez. — Está roxa.

— Eu caí. — Jane balançou a cabeça tentando soar um pouco altruísta até, mas a verdade era que sentia como se aqueles hematomas, ao cicatrizarem, estavam levando uma parte dela que ela nunca teria de volta. — Foi uma queda bem feia.

Against The Time | Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora