Jane não acreditou nem por um momento que conseguiria embarcar naquele trem, nem por um maldito segundo que George não chegaria gritando, obrigando que toda a estação parasse em sua função, Diana lhe olhando horrorizada como se Jane estivesse prestes a cometer o erro mais terrível que alguém poderia cometer.
Mas não. Nada daquilo aconteceu.
— Jane, aqui está. — Ela acordou do transe quando Amélia encostou a bolsa menor nos braços dela, estava tão distraída olhando para a entrada da estação entre as pessoas andando apressadas e gritando o número das cabines, pedidos e menções de adeus que mal tinha escutado os últimos segundos em que Amélia falara.
— Estamos no vagão certo? — Jane perguntou colocando a alça da pequena mala nos ombros, Zayn de repente tinha chegado ao lado dela e ela não se lembrou mais da própria família, se chegassem ali, ele não a deixaria partir com eles.
— Sim! — Amélia deu uma última olhada na placa acima deles indicando o número da plataforma. 003. Uma das primeiras, uma das mais confortáveis. — Acho que estão prontos. — Ela disse um pouco mais calma, olhando para eles como uma verdadeira mãe. A pessoa mais preocupada que Jane já tinha conhecido.
Última chamada para West Yorkshire
Eles ouviram e os três corações se apertaram.
Jane olhou mais uma vez para a entrada por onde tinha chegado, esperando pelo pior com o coração acelerado enquanto Amélia abraçava Zayn mais uma vez. Apesar do sorriso, estava terrivelmente tensa, passava freneticamente as mãos pelo rosto dele como se checasse uma vez por segundo se estava tudo bem mesmo.
— Sinto muito que Robert não esteja aqui. Eu disse a ele que deveria vir. Disse tantas vezes. — Ela suspirou cansada.
Jane voltou a atenção para eles, se Zayn estava triste pela ausência do pai, não demonstrou. Não até engolir em seco e ela assistir a tensão em seu maxilar mantendo a expressão séria e a cabeça erguida, algo sutil demais para que qualquer um percebesse. Qualquer um, menos ela..
— Amélia, está tudo bem. — Zayn segurou as mãos dela.
O coração de Jane tremeu quando ela pensou ter visto alguém parecido com seu pai. O mesmo tom de cabelos castanhos como os dela, mas alguns fios brancos espalhados com uma mulher de cabelo castanho ao lado, como Diana.
— É melhor irmos. — Foi ela quem disse agora, recuperando totalmente a atenção. Zayn se abaixou para pegar as duas malas no chão e Amélia surpreendeu-a com um abraço que ela correspondeu.
— Jane, me escreva. — Amélia disse mais uma vez. — Me escrevam vocês dois. Quero que contem tudo. Me digam se gostaram da casa, como estão vivendo e quando as coisas se acalmarem todos nós lhe faremos uma visita.
Jane e Zayn assentiram com obediência aquelas ordens sérias.
— Zayn, você está com a carta? — Amélia olhou para ele que assentiu.
— Está bem guardada.
— Certo, certo... — ela disse. Não havia mais nada, aquelas palavras repetidas foram apenas para prolongar o adeus inevitável.
No meio do caminho até a estação de trem, Amélia tinha dado a eles uma carta que ela mesmo escreveu para que Jane e Zayn entregassem a uma prima sua, e então a mulher entenderia tudo pelas palavras de Amélia e entregaria a chave da casa aos dois. Aquela casa nunca fora vendida, tampouco alugada por muito tempo, mas era um bem que Amélia herdara da herança que dividiu com os irmãos como a livraria também e sua própria casa em Londres, assim como pai de Jacob tinha um restaurante, outro dos irmãos, uma loja de tecido... a família era conhecida por seus investimentos certos e lucrativos. Amélia tinha dito que aquela carta bastaria, que sua prima a conhecia uma vida inteira e as duas sempre trocavam correspondências, ia ficar mais do que feliz em saber que Amélia estava cedendo a casa para eles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Against The Time | Zayn Malik
FanfictionUm amor entre 1880 e 2022. É assim que Jane e Zayn se encontram novamente. Jane vivia numa Londres vitoriana de grandes romances literários e avanços sociais de 1880, quando o auge da tecnologia alcançada pelo homem era a lâmpada elétrica. Ela tinh...