Greta estava terminando de apertar o espartilho de Jane em suas costas, fazendo o favor de puxar todas aquelas fitas mais do que nunca para que Jane mal respirasse, porque uma cintura muito fina era aparentemente mais importante do que qualquer coisa, mas Jane também não reclamou. Agora, ela estava quase sorrindo, aquilo tudo acabaria em poucas horas e ela jamais teria que voltar para aquelas pessoas.
Jane respirou fundo enquanto ainda podia enquanto Greta terminava de arrumá-la e encarou o vestido que tinham preparado para ela e para aquele baile de noivado. Era branco, tinha mangas compridas de renda e uma saia bastante rodada cheia de flores bordadas com pérolas.
Mas os vestidos que mais importavam eram os mais simples e menores que ela mesma tinha colocado dentro de uma mala marrom e escondido embaixo da cama com algumas outras coisas que ela e Zayn poderiam precisar.
Ela e Zayn.
Já tinha lido a carta dele tantas vezes que as palavras estavam gravadas na mente naquela altura. No primeiro parágrafo ele tinha se dedicado a escrever o quanto a amava e o quanto estava com saudade dela. No segundo, o quanto não tinha expectativa alguma sobre estas pessoas da família e da casa dela, depois do que George tinha feito. Prometeu que se ela quisesse, ele poderia cuidar dela pelo resto da vida, e protegê-la, mesmo que ela soubesse se cuidar muito bem sozinha. E no terceiro, finalmente, ele pediu que ela fosse embora com ele, que confiasse nele porque ele faria tudo o que pudesse, e até o que não pudesse, para mantê-la em segurança.
E Jane abraçou a carta tão forte contra o peito como se estivesse abraçando o próprio Zayn. Não se importou em amassar o papel porque ela já tinha gravado absolutamente tudo na mente, e a forma como balançou a cabeça para Charlotte dizia sim, sim, sim...
Alguns dias tinham se passado desde então e Charlotte começou a visitá-la algumas vezes, as duas podiam descer juntas ao jardim agora e chá era servido a elas.
— Por que não estava no seu quarto? — Charlotte perguntou curiosa, pois quando foi até a casa de Jane na primeira vez a encontrou deitada numa uma cama em um dos quartos de hóspedes.
Jane contou tudo a ela, que odiava aquelas coisas agora e odiava estar presa entre aquelas paredes e que tudo estava aos pedaços.
Charlotte notou que aquilo era completamente verdade, pois Jane estava pálida, abatida como se estivesse doente e tinha alguns curativos no antebraço direito. Ela disse que tinham sido os estilhaços do espelho de sua penteadeira que provocaram aquilo e Charlotte se sentou na ponta da cama, tirando o papel dobrado muitas vezes de dentro de sua bolsinha de crochê e entregando a Jane.
Nos dias seguintes Charlotte voltou algumas vezes porque tinha prometido a Jane entregar as notícias sobre Zayn e sobre todos, elas tinham medo do que George poderia fazer agora.
E ele não deixou de ir até Jane pelas coisas que ela tinha feito em seu quarto, ficou alguns minutos gritando sobre como ela era inconsequente e totalmente maluca, que teria sorte se alguém como William Ashdown ainda quisesse se casar com ele. Mesmo com Greta na sala olhando horrorizada e com medo, ela não disse nada quando George se aproximou de Jane segurando seu queixo com força e fazendo-a encará-lo, dizendo que estava feliz em finalmente se livrar dela.
— Houve um momento que até pensei que ter uma filha mulher não poderia ser tão ruim quanto imaginei. — Ele disse se afastando dela. — E perdoei a sua mãe por isso, mas ela deixou que se envolvesse com aquele... nunca devíamos ter permitido aquelas pessoas na nossa casa, agora parece tão pobre e suja quanto eles.
Agora Jane sabia que Zayn estava seguro, que estava ficando na casa de Amélia e protegido pelos advogados que ela conhecia, mas que a polícia ainda estava atrás dele e sabia que ele devia estar se escondendo. Aquilo só não causou pânico em Jane porque ela sabia que a única coisa que seu pai queria era oficializar aquele casamento do qual ela não estava participando em nada.
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Against The Time | Zayn Malik
FanfictionUm amor entre 1880 e 2022. É assim que Jane e Zayn se encontram novamente. Jane vivia numa Londres vitoriana de grandes romances literários e avanços sociais de 1880, quando o auge da tecnologia alcançada pelo homem era a lâmpada elétrica. Ela tinh...