Against The Time | Zayn Malik

Capítulo III: Unilateral

Zayn andou pela universidade sem saber onde a secretária ficava, mas não que ele tivesse vontade de perguntar a alguém, porque se alguém lhe indicasse o caminho correto e ainda assim ele não fosse, então provavelmente seria mais covarde do que estava se sentindo agora.

Na entrada haviam vários lances de escada e vários andares acima, Zayn observou tudo enquanto passava de volta e resolveu subir por ali, como se fizesse parte daquele lugar, quando não fazia ideia se ficaria ou não. As pessoas estavam sempre em grupos, caminhando na direção umas das outras, em rodas de conversas pelos bancos ou falando pelo corredor. Não estava exatamente lotado, mas é que fazia muito tempo desde que ele tinha saído da universidade, por outro lado todas as janelas, escadas e pessoas andando o fazia se lembrar de sua empresa também, porque mesmo quando saiu da faculdade ele não ficou afastado dos prédios altos cheios de pessoas andando.

— Você vai se sair muito bem. — Cecily, sua mãe, tinha dito a ele em seu primeiro dia de trabalho. — Eu sei que vai, e quando chegar em casa me ligue.

Zayn respirou fundo e continuou andando. Ele facilmente conseguia se lembrar de vários momentos em que tinha se sentido mais feliz por conta de sua mãe, mais seguro, mais tranquilo, mas nunca por causa de seu pai. Nunca por causa de Robert.

Em seu primeiro dia de trabalho depois que se formou na faculdade, seu pai estava muito ocupado para sequer dar as boas vindas a ele, como em várias outras coisas de sua vida também, mas tudo era despercebido enquanto sua mãe era viva, então depois que ela se foi Zayn percebeu de um jeito desesperador o quanto ninguém nunca mais acreditaria nele do mesmo jeito que ela e isso as vezes era solitário. Robert e ele nunca tinham tido diversas brigas ou uma relação complicada, mas isso porque, vez ou outra, Zayn nem achava que tinham relação alguma.

— Mas eu participei do desenvolvimento. — Zayn disse completamente chocado. Ele se levantou da cadeira da sala de seu pai pronto para sair dali.

— E é exatamente por isso que eu quero que você fique aqui. — Robert também se levantou, olhando para Zayn da mesma altura. — Nós precisamos de alguém como você nos laboratórios de estudos também, Zayn. Não jogue isso fora só porque quer apostar corrida lá fora.

— Mas se eu faço parte do projeto eu preciso estar lá fora para os testes de qualidade, tudo isso envolve milhares de coisas as quais eu estudei por anos. É isso o que quero fazer. — Zayn se lembrava de como eles ficaram discutindo por horas, o quanto respondeu todas as perguntas corretamente apenas para que Robert entendesse que ele estava pronto, que era preparado e podia sim fazer parte do desenvolvimento daquele carro, tinha estudado o projeto inteiro desde a faculdade, seu avô explicara tudo a ele...

Demorou um pouco até que Zayn conseguisse ser aceito no cargo que queria, então nesse tempo ele se dedicou inteiramente ao que realmente gostava, ou ao menos o que pensava gostar para conseguir ser o melhor que podia. Viajou a Itália aos 26 anos para estudar dirigibilidade e desempenho não só da Javadd-Malik Motors, mas como de seus concorrentes também e não voltou por mais de um ano, dirigiu carros como a Mercedes Benz, Ferrari, BMW e acompanhou suas características, esteve presente em inúmeras competições de fórmula 1 ao redor do mundo, já tinha viajado demais em busca de resultados, estudado por toda parte se aproximando de carros e fazendo deles sua vida quase que literalmente. Ele sabia que tinha tido uma boa vida, sabia que por anos tinha sido exatamente bom naquilo que se propôs a ser, tinha comparecido a lugares que a maioria das pessoas talvez não tivesse a chance, ele sabia, ainda que aquela fosse sua vida, mas hoje, com 30 anos, ele podia estar entre os melhores, mas sentia as vezes que não tinha nada realmente palpável.

Ele chegou perto da balaustrada de ferro e apoiou as mãos olhando para baixo lá de cima, aquilo com certeza o fazia se lembrar de sua empresa, era inevitável não buscar a presença de um lugar onde ele tinha passado todos os últimos anos de sua vida mesmo que o fizesse inconscientemente.