Caught

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Carina

Nunca em onze anos recebendo alunas estrangeiras em minha casa, me relacionei com uma. Bom, não até Maya. Nenhuma nunca me chamou atenção. Apenas ela

Três semanas haviam passado desde a chegada da família Bishop em Londres e minha relação com Maya estava cada vez mais complicada. Cinco minutos na sala de piano quando todos estavam dormindo era o que podíamos ter.

Estava pondo minha família em risco e acabando com toda a minha ética moral. Sabia que seria o assunto do bairro caso soubessem que as Deluca foram desligadas do sistema por descobrirem que uma dela está mantendo uma relação com a aluna do programa. Sim, seria um problema enorme. Além do mais, Amélia ficaria extremamente chocada e decepcionada. Primeiro, chocada por não saber que também fico com mulheres e, segundo, decepcionada por eu ter quebrado, desde o primeiro dia que bati os olhos naquela mulher, a primeira e principal regra do sistema.

O sentimento de egoísmo me consumia a cada dia que passava. Me sentia novamente com dezesseis anos, quando minha mãe não permitia que eu namorasse, então, eu fazia escondido. Conhecia todos os cantos mais escondidos do colégio e da cidade. Mas, nunca me imaginei agora, prestes a fazer 32 anos, passando por tudo de novo. E ainda mais sabendo que as consequências poderiam ser sérias. Por mais que fosse errado, eu não conseguia me livrar. Não conseguia me livrar de Maya Bishop.

Há quem diga que eu passei a ser uma pessoa melhor desde a sua chegada. Talvez menos grossa, rígida e insuportável. Sem notar, Maya consegue ser o tipo de pessoa que te faz mudar completamente. Te faz se interessar por coisas novas, te aconselha, te faz rir e, é claro, provoca até não aguentar mais.

Os dias foram passando e Katherine, mãe de Maya, ficou mais próxima de mim do que eu imaginei. Não tenho certeza se isso possa ser um problema, mas acredito que não. Katherine é uma mulher visivelmente forte, inteligente e determinada. Maya teve a quem puxar.

E, bom, lá estava eu mais um dia. Na sala de piano, mas dessa vez, sem minha companhia de todas as noites.

Maya havia saído com suas amigas. Era sexta à noite e as três decidiram reviver os "velhos tempos" e, depois, todas dormiriam espalhadas pela sala da minha casa. Confesso que me sentia um pouco incomodada em relação à Liz, mas nunca deixaria que isso interferisse na sua amizade com Maya, mesmo sabendo que desejava bem mais que uma simples amizade.

Após depositar minha taça sobre a superfície do piano, lembrei-me da primeira vez que meus lábios tocaram os de Maya. Fiquei tão frustrada por não ter sido correspondida, até mesmo me sinto um pouco brava.

Passando os dedos de leve pelas teclas, comecei a tocar uma canção que há algum tempo estava lecionando à Andrew. Mal me importei com o fato de todos presentes naquela casa já estarem dormindo, apenas toquei e cantarolei, retirando de mim, todos aqueles pensamentos exaustivos que se encontravam na minha cabeça.

We keep behind closed doors

(Nós mantemos as portas fechadas)

Every time I see you, I die a little more

(Toda vez que eu te vejo, eu morro um pouco mais)

Stolen moments that we steal as the curtain falls

(Momentos roubados que roubamos quando a cortina se fecha)

It'll never be enough

(Nunca será o suficiente

As you drive me to my house

(Enquanto você me leva para casa)

I can't stop these silent tears from rolling down

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