Exchange Sister

Part Of The Family

Três longas semanas haviam se passado tanto em Pimlico, quanto em Soho. Carina, que agora era chamada de professora Deluca e senhorita Deluca por diversos alunos três vezes na semana, havia fechado contratos com Owen, assumindo o cargo de professora permanente de italiano na instituição Thomas Hughes School, em Soho.

A mulher, agora desfilava três dias semanais em seus saltos altos pretos naqueles corredores preenchidos de alunos de todas as idades. Diferente do que esperava, estava sendo tranquilo lidar com um bando de adolescentes. Carina chegou a acreditar que os grandes funcionários daquela escola instalavam algum tipo de chip nos alunos que os faziam ficar calados durante as aulas, ou era apenas a postura impotente e intimidadora da morena que causava isso. A segunda opção é mais certa.

Aos sábados, ensinava francês ao filho de Owen em uma cafeteria que era perto para ambos, afinal, Carina se recusava a dirigir mais de uma hora para ficar apenas um certo período de tempo na casa de alguém que não se dava muito bem. Isto estava trazendo uma certa renda para Carina, que guardava tudo, até porque, aquele dinheiro não era necessário. Dar aula era mais um hobby.

Naquela manhã de quinta-feira, Carina deixou a sala dos professores segurando diversas pastas, papéis e sua bolsa, porém, dava para levar numa boa. Com um pouco de dificuldade, ajustou os óculos de grau no rosto e procurou seguir seu caminho para a próxima aula que estaria lecionando italiano. Parada ao lado da sala dez, viu uma mulher de costas. Ela tinha longos cabelos loiros pouco encaracolado nas pontas e usava uma calça jeans e um moletom da cor preta. Por um segundo, o mundo de Deluca parou. Tinha certeza que era Maya, mas não conseguia entender o porquê de ela estar ali.

Nitidamente nervosa, Carina alcançou o ombro da jovem com a ponta de seus dedos, e quando ela se virou, um sentimento de alívio e decepção atingiram seu coração ao mesmo tempo. Não era Maya. Até porque, por que seria Maya? As duas não mantiveram nenhum tipo de contato durante todo aquele tempo, e Maya obviamente não sabia do novo emprego da mulher, afinal, esta não havia contado nem para os irmãos e o sobrinho.

- Você está bem, senhorita Deluca? - A menina perguntou ao ver a expressão de tristeza no rosto da professora, que não respondeu. Carina se recostou nos armários mais próximos e levou a mão até a testa, fechando os olhos e apertando-os com força. - Senhorita Deluca, o que houve? Como posso ajudá-la?

- Eu conheço você? - Perguntou um pouco insegura.

- Há poucos dias, eu acredito. - Sorriu tímida. - Você começou a me dar aula esses dias. Sou Ella, do terceiro ano. Sala dez. - Disse e apontou para a placa da sala de aula.

- Oh, claro. Desculpe, por um segundo eu achei que você fosse outra pessoa. Isso me deixou um pouco abalada e...- Carina ia dizendo, mas viu que não havia a menos necessidade de se abrir com uma aluna. - Deixe isso pra lá. Entre na sala.

"Ella", sem dizer mais nenhuma palavra, adentrou a sala de aula e, em seguida, Carina fez o mesmo, depositando sobre a mesa seus pertences, e iniciando mais uma aula naquela instituição.

Alguns quilômetros de distância de Soho, Maya estudava ao mesmo tempo que escrevia seu futuro livre no seu notebook. Ao longo das aulas naquelas duas semanas, Miranda havia lido mais palavras escritas por Bishop e os elogios e críticas construtivas estavam a incentivando cada vez mais.

Os dedos de Maya praticamente voavam sobre o teclado ao mesmo tempo que seus olhos percorriam todas aquelas palavras escritas em seu caderno de anotações do curso. As dicas da senhora Bailey sobre escrita eram as melhores.

Miranda estava sendo a maior fonte de apoio e incentivo da jovem desde que Carina saiu, mesmo que temporariamente, ou não, de sua vida. O jeito que a mulher falava como ela não deveria se cobrar e não atropelas as coisas, e sim fazer tudo no seu tempo e quando a criatividade visse, era incrível.