Petra Bartosh

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Após uma não tão dolorosa despedida, Maya deixou o aeroporto, seguindo para o carro de Amy. Nove dias desde o escândalo e o coração de Maya continuava o mesmo: vazio.

Após a mudança de Carina, sua relação com sua mãe não regrediu, mas também não progrediu nada. As duas só se falaram quando foi necessário. Maya estava machucada e Katherine, de certa forma, também.

Katherine e Amy haviam tomado a decisão de deixar Liz, Lane, Scout e, obviamente, os gêmeos de fora de tudo. Afinal, quanto menos pessoas soubessem, melhor seria. Era uma situação delicada e que precisava ser resolvida.

No carro, sentada ao lado de Amy no banco da frente, Maya deu um sorriso fraco ao lembrar-se que aquele normalmente era o lugar que Carina brigava para ficar. As duas não tiveram nenhum tipo de contato desde a última conversa na varanda. Ao lembrar disso, Maya buscou imediatamente pelo pingente de pássaro em seu pescoço e sentiu um alívio percorrer seu corpo quando o pegou. Por um minuto, achava que o tinha perdido. 

Chovia fraco naquela manhã, mas tudo indicava que o tempo ficaria daquele jeito pelo resto do dia: cinzento, frio e chuvoso. Combinava com o humor de Maya. Aquelas gotas de chuva pela janela fizeram Maya pensar se também estaria chovendo em Soho, e como Carina estaria se sentindo morando sozinha pela primeira vez depois de tantos anos. 

Uma gota de chuva escorreu. Escorreu desde o início da janela, percorreu tudo, até o final, onde ela se desmanchou. Maya Bishop, tão aérea, lembrou então das lágrimas que escorriam pelo rosto de sua melhor amiga ao ter que ir embora de Londres. Maya, chorava também, obviamente. Apenas Vic Hughes conseguia saber o quanto Maya estava triste. A jovem poderia estar carregando o maior sorriso nos lábios, mas Vic sabia se algo estava errado por trás daquele sorriso tão largo. E, bem, Maya não estava bem. E nem ia ficar. E nem ia ter Vic para ajudá-la. Agora, sem a família por perto, e sem Carina, as pessoas que mais a distraíam, estavam longe. Sobrevoando algum lugar da tão grande União Europeia. 

- Maya? Você tá me ouvindo? - Amy despertou Maya dos seus próprios pensamentos. 

- Oi, desculpe. Poderia repetir, por favor? - Disse, meio aérea.

- Eu perguntei se você está se sentindo bem para voltar às aulas.

- Sendo sincera, estou mais pronta que nunca. Não se preocupe. - Maya sorriu fraco e voltou seu olhar à janela.

Naquela noite, em seu quarto, Maya sentiu seus pés congelando de tanto frio que fazia. Ah, verão, por que foi embora tão depressa? Maya pensou. A jovem acendeu as luzes e caminhou até o pequeno closet, à procura de meias. Enquanto mexia nas suas gavetas extremamente bagunçadas, encontrou uma parte de uma grande sacola da cor vinho escondida por algumas roupas. Com o cenho franzido, se perguntou mil vezes se teria colocado aquilo em sua mala na vinda para Londres, mas acabou concluindo que não. Esquecendo completamente da necessidade das meias, jogou as roupas que cobriam a sacola em um canto qualquer e a pegou.

"Maya, 

Não seu muito bem quando você vai encontrar essa sacola, mas acredito que demorará uns dias com toda essa bagunça no closet. Milagre vai ser você achar. Enfim, hoje é o dia que eu estou me mudando daqui. Temporariamente, é claro. Infelizmente só voltarei quando você for embora. Bom, terão mais bilhetes. Você verá e lerá. Apenas abra a sacola."

Um post-it estava colada na alça na bolsa. Maya sorriu feito boba e abriu a sacola, tampando a boca para evitar o grito que insistia sair de sua boca. 

O boxe de todos os livros de Charlotte Bronte. Maya segurou o boxe como um tesouro, passando de leve os dedos por cada detalhe da lombada de cada um dos livros. Nas costas do último livro, encontrou dessa vez, um papel colado com uma fita adesiva. 

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