Pov Maraisa
— Está ansiosa, mi hija? — eu sentia as grandes mãos do meu pai acariciarem meu cabelo enquanto eu descansava no seu peito. — Você parece muito distante e pensativa, Carla. Está tudo bem?
— Em algumas horas é o lançamento oficial do meu primeiro CD, papai. — eu esperei tanto por esse momento e agora não tenho certeza se vou conseguir sobreviver até amanhã. — Respirei fundo e continuei. — Sinto que minha vida vai mudar de uma forma extraordinária depois disso.
— E vai! — papai usou sua voz animada e me abraçou ainda mais forte. — Só aproveite o momento, minha linda. Você desde pequenininha tem esse sonho. Se lembra de quando você tinha sete anos?
Sorri revirando sutilmente os olhos. Meu pai sempre que podia lembrava-se desse momento. Pra mim agora era uma vergonha, porém para ele era como se eu tivesse me apresentando à rainha Elizabeth.
Eu tinha sete anos quando demonstrei pela primeira vez que queria ser uma artista. Era um natal em família, e se eu fechar os olhos ainda posso sentir o cheiro de peru assado que meu pai tanto se dedicava a preparar. Eu subi na cadeira de jantar e pedi a atenção de todos os meus familiares. Estava nervosa e suando frio, mas mesmo assim iniciei timidamente "Crazy for You" da Madonna. Sabia o quanto meus pais gostavam dessa música e quis "presenteá-los" com essa pequena apresentação. Meus país ficaram surpresos, pois eu nunca havia cantado — ao menos não na frente deles — e tinham orgulho e esperança no olhar. Muita esperança.
— Isso foi vergonhoso, pai. Eu estava sem dentes. — me recordei, fazendo o homem soltar uma gargalhada cheia de saudades.
— Minha pequena primogênita cresceu. — fechei os olhos sentindo seu carinho. — Eu tenho orgulho de você, Carla Maraisa. Não se esqueça nunca disso. Também sinto medo de deixar você ir para esse mundo louco dos holofotes, porém... sei que é o sonho da sua vida e vi de perto o quanto você se esforçou para isso.Não imaginava que ficar em terceiro lugar naquele concurso local mudaria minha vida de tal forma. Lembro-me como se fosse ainda pouco o momento em que eu me deliciava com algumas batatas fritas e Lauana se apresentou. No início eu pensei que fosse algum tipo de pegadinha, pois eu havia ficado no último lugar do ranking. Após muita pesquisa, confirmei que sim, ela era CEO de uma gravadora importantíssima e acreditava no meu talento. Meus pais me apoiaram e iniciamos os trabalhos. Foi um ano cansativo de aulas de canto para aprimorar técnicas, descobrir em quais tons minha voz se adequava mais, inúmeros ensaios e composições e agora estou aqui: Na véspera do lançamento do meu primeiro álbum. O momento que sempre existiu nos meus pensamentos antes de dormir.
Era o meu momento.Minha hora de brilhar.
— Vocês sempre serão meus fãs número um. — Me aconcheguei melhor em seus braços e senti seu peito tremer. Ele estava rindo? — Qual é a graça, pai?
O homem já estava vermelho de tanto rir sem expressar algum tipo de som. Sem conseguir se aguentar, agora eu ouvia sua risada ecoar pelo quarto enquanto eu esperava sua recomposição.
— Eu tenho grandes ídolos, mas não limpei a bunda de nenhum deles. Para mim isso é uma honra, Carla Maraisa!
— Papai! — empurrei seu ombro rindo junto do comentário idiota. — Você não tem jeito.Já sabem a quem meu humor puxou, não é?
— Só quero te pedir uma coisa, mi hija. — agora sua face voltava a ficar séria e nossos olhos se conectaram com seriedade. — Sei que você já é dona da sua vida, mas... É um caminho incerto, grande, coisa que a gente ainda não entende como funciona e não vamos entender até amanhã. Então, por favor, seja você mesma. Você ganhou essa oportunidade assim e vai continuar conquistando seu espaço se não perder sua essência. Um pouco de confiança faz bem, mas não erga tanto seu ego ao ponto de não se reconhecer na frente do espelho. A queda pode ser grande.
Eu já estava há horas sentada naquela cadeira nada confortável. As juntas dos meus dedos doíam e estavam levemente vermelhas por conta do impacto.
Havia descumprido meu trato com meu pai. Perdida em lembranças do passado, sinto que me deixei levar pelas emoções e agora estou aqui, numa sala fria e cinza de delegacia, com um policial que não sabe comer de boca fechada olhando pra mim como se tentasse lembrar de onde me conhece. Todo esse circo estava fazendo eu me recordar dos anos na sala do diretor onde minha mãe ia me buscar com fogo nos olhos. O passado era resumido em brigas fúteis de adolescente, agora eu briguei pela honra da minha família e pelo respeito de minhas origens.
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My Protection - Malila
FanfictionO que você faria se fosse obrigada a ter uma segurança particular? Após uma festa muito louca regada a bebidas e drogas, Lauana Prado, empresária de Carla Maraisa impõe uma segurança particular para acompanhar todos os seus passos e quem sabe assim...