Cap 27 - Paparazzi.

937 98 69
                                    

Narrador

Uma pequena brecha na porta do casal se abriu, fazendo a senhora Mendonça abaixar o livro que há tempo estava concentrada e olhar a pequena criatura caminhar em passos apressados em sua direção.

Pequenas pernas corriam, agasalhadas com uma calça de moletom amarela e nos pés um par de pantufas de coelhinhos.

— O que aconteceu minha vida? — Ruth perguntou a pequena, enquanto tirava a franja de seu rosto.

— Não consigo dormir, vovó. — a pequena copia perfeita de sua primogênita forçou-se a subir na cama.

Ruth olhou para o marido que já dormia como uma pedra. O relógio marcavam dez e meia da noite. Marcela deveria estar dormindo desde as nove.

— O que aconteceu, hum? — abraçou a pequena que procurou consolo no colo da avó.

— Quero minha mãe.

Certo... Embora a menina conseguisse ficar de boas a maior parte do tempo, as vezes a falta física que sua mãe fazia se tornava maior e tudo o que Ruth tinha podia fazer era tranquilizar a pequena e dizer que sua mãe voltaria logo.

— Ôh, Ma... eu também queria muito sua mamãe aqui, a gente sabe que ela vai voltar logo.

— Quando é "logo"?

As perguntas... Ruth nem sempre tinha resposta para todas.

— "Logo" é assim que ela puder vir. Você sabe como o trabalho dela é difícil, não é? Já conversamos sobre isso, ela precisa cuidar da segurança de outra pessoa em outro estado, e por isso não dá pra vir sempre pra casa.

— Eu gostava mais quando ela 'tava' aqui todo dia.

— Eu sei, meu bem. Eu sei...

Ruth, como uma legítima mãe coruja, havia se tornado uma avó bem babona. Ela não tinha ideia de como podia sentir um amor tão gigantesco por alguém que não saira de dentro dela e sim da sua filha. Ela sempre quis sentir esse amor de vó, mas não imaginava que o mesmo era tão avassalador e que conseguisse fazer seu peito transbordar.

— Posso ligar pra ela? — a pequena perguntou baixinho com medo de acordar seu avô.

— Meu amor, são quase onze horas. Sua mãe está trabalhando. — a mais velha explicou.

— Só um pouquinho, vovó. — como resistir aquela carinha de coração apertado?

Ruth fechou os olhos por alguns segundos e concordou com a cabeça. Ver a pequena tão aflita, deixava seu coração num aperto inexplicável também.

Ela desceu com a pequena no colo até a cozinha, onde a colocou sentada no balcão. A pequena de olhos castanhos olhava atentamente para a vó que digitava o número na tela do aparelho.

Pov Marília

Sentada sobre mim, a morena parecia não se importar com meu telefone vibrando em meu bolso. Ela esperava sua hora de se apresentar em um dos clubes mais badalados e prestigiados da Filadélfia e enquanto não subia nos palcos, gastava sua energia e seu batom se dedicando a me dar beijos que me tiravam do chão.

— Mara? — eu tentava fazê-la parar, mas a morena parecia decidida a me tirar o juízo naquela noite. — Meu bem, espera.

— Droga! — resmungou com um bico. — Só queria ficar com você antes do show.

— Só... — eu tentava pegar meu celular no bolso, mas Maraisa nem sequer se movia. Mantia suas grossas coxas amontoadas em cima de mim. — Só me de uns minutos, olhe! É minha mãe, pode ser importante.

My Protection - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora