My Protection - Malila

Cap 24 - Exaustão.

SUAS CORNAS, VÃO LER; Sim, Chef. AGORA!

boa leitura. ✨

Pov Maraisa Pereira

Correria.

Eu ouvia o público cantar com a banda de abertura e tentava me concentrar em não dormir sobre a mesa do camarim.

Era o segundo show do dia.

Minhas pernas doíam, meus pés latejavam, minha coluna parecia ter envelhecido trinta anos em apenas algumas horas.

— Mara? — ouvi a voz de Marília me chamar e me forcei abrir os olhos. — Você está bem?

Sorri e afirmei com a cabeça. Eu já tinha passado por isso antes, não era motivo para me preocupar. Eu só precisava terminar esse último show e ter uma boa noite de sono.

—Estou! — acariciei sua mão que repousava sobre meu ombro.

Marília me olhava com certa desconfiança. Eu ainda estava conhecendo e decifrando seus olhares, mas eu sabia que aquele olhar era do tipo "não levo fé no que você está falando mas vou fingir que acredito!".

— O show vai começar em uma hora, você não quer dormir um pouco? Deite-se em meu colo, vai te fazer bem. — ela foi me puxando para o sofá me fazendo sentar ao seu lado. Seu olhar agora era preocupado.

— Amor, não precisa! — garanti, a vendo bufar contrariada. - Mali, é sério. Eu aguento.

A verdade é que eu não aguentava. A verdade era que eu não estava aguentando há tempos, mas só consegui me dar conta disso após saber que minha turnê que deveria ter acabado há dois meses e meio seria extendida por mais oito semanas.

Lauana estava tentando me matar. Seja de raiva, de desgosto, e por puro prazer ela estava conseguindo. Com todo aquele papinho furado de "ser a única a saber o que é melhor pra mim". Eu me odiava por estar tão exausta e me odiava ainda mais por vê-la vencer com gana e não havia nada que eu pudesse fazer. Nada!

— Venha aqui. — Marília pediu e eu me aninhei como um gato em seu colo sentindo suas caricias na minha cabeça. — Eu vejo como você está cansada, e adoraria ter poder para fazer alguma coisa, viu? Está me doendo te ver sonolenta, sem conseguir dormir direito.

— É minha vida, Marília. — suspirei triste. — Por mais que realmente esteja me deixando cansada, eu amo o que faço.

— Eu sei, mas você também precisa de descanso. Seus fãs sabem disso.

— Não quero decepcioná-los. — senti um nó se formar em minha garganta.

Isso me lembrava o primeiro cancelamento que tive na vida. Não por causa de cansaço ou alguma coisa desse tipo, na verdade a culpa nem havia sido minha. O proprietário do lugar que eu cantaria não assinou a tempo os documentos necessários que são envolvidos para a liberação de um show, para toda a segurança do público e do artista. Acontece que quem vê se fora não imagina que há meses de planejamento para algo grandioso como um show acontecer. Eu também sei que os fãs se preparam, muitos deles viajam e gastam uma grana alta apenas para me verem e isso acaba me destruindo quando eu não posso ou não consigo dar o mínimo do que eles realmente merecem.

Então por mais que eu estivesse cansada, haveria show.

— Eles sempre vão te querer ver bem, sabia? — ela falava baixinho com o rosto próximo ao meu.

Eu mexia minha cabeça de um lado para o outro roçando nossos narizes.

O cheiro dela vinha como um calmante até mim, me fazendo esquecer um pouco das dores que rodavam meu corpo.

— Eu vou ficar bem. — sorri, roubando um beijo de seus lábios.

— Me preocupo com você. —sussurrou roçando nossas bocas.

Puxei seu queixo nos fazendo se encontrar para um beijo. Um beijo calmo, gentil, apenas de lábios indo e vindo. Sua boca macia e leve se movendo junto a minha servia como um calmante, um analgésico e era tudo o que eu precisava no momento. Minhas mãos entraram entre os fios claros do seu cabelo, aprofundando o beijo. Sentir a língua macia de Marília de encontro a minha era a coisa mais mágica que acontecia, me deixava em paz. Na paz que eu precisava.