Cap 17 - Mais uma dose de Mendonça.

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Pov Maraisa

— Ainda acho que esse caminho só vai nos afundar. Só vai me afundar. — protestei sentindo minha garganta se fechar num nó de angustia e preocupação. — Você só está ligando para o lucro como sempre.

— Querida Maraisa, me responda as seguintes perguntas. — Ela focou seus odiosos olhos castanhos em mim. — Você estudou marketing, propaganda, gerenciamento, administração ou algo assim? — neguei com a cabeça sustentando nosso olhar. — Então por que acha que ouvir você vai mudar minha opinião sendo que você não tem conhecimento em nada do que diz? Olhe pra aquilo bem ali. — apontou para a logo da Issartel Records, bem estampada na parede. — Vê o que sou? Lauana Prado. Filha mais velha de Franklin Prado, o homem que fundou tudo isso e eu definitivamente não me importo qual é o seu pensamento a respeito. Nessa empresa eu sou Deus, Maraisa. Eu mando, vocês fazem. Se estou dizendo que isso vai fazer bem pra sua carreira, é porque vai.

— "Para minha carreira" "Para o meu futuro", você nem sequer fala de mim. — respirei fundo. — Como você me vê, afinal? Como uma máquina disposta a dar dinheiro sempre? Eu canto, danço, produzo, componho, mas antes disso tudo eu sou ser humano, não a droga de uma máquina.

— Você é uma tremenda mal agradecida, Pereira. —  se inclinou pra frente me fitando com desdém. — Eu te dei tudo, mais do que você possa imaginar. Se não fosse por mim você ainda estaria cantando nesses bares podres de Nova Iorque, ganhando míseros trocados a noite. Era isso que você queria? Essa era sua ambição de vida ou se tornar uma cantora pop mundialmente conhecida com discos de ouro, diamante, grandes prêmios e um reconhecimento gigantesco? Responda-me.

Era inegável. Cantar em pequenos bares locais não me levaria ao auge da carreira nunca, mas eu era indiscutivelmente mais feliz naquela época.

— Isso um dia vai acabar Lauana Prado. — não era uma mera afirmação. Era uma promessa. Nem que fosse pelo tempo e pelo rompimento do contrato, mas iria acabar nem que fosse preciso a intervenção do diabo.

— Até lá tudo continua da forma como eu assinar embaixo. — ela relaxou com um sorriso vitorioso no rosto. — Estamos de comum acordo, senhora Pereira?

O que mais me irritava, sem sombra de dúvidas era o fato de tudo que eu falava entrasse por um ouvido e saísse pelo outro. Ela não ouvia, não se abalava. Era definitivamente uma pedra gelada e insensível que não se importava com a opinião de ninguém além da dela. Lauana não era feliz. Nunca seria se continuasse assim.

— Por quê? — espalmei em sua mesa, ficando com o rosto a centímetros do seu. — Só me diga a maldita razão de você me odiar tanto e fazer da minha vida um verdadeiro inferno. É prazeroso pra você? Você se excita com isso? Ou é um sentimento sujo e recluso que guarda aí dentro, desse coração obscuro e solitário? Você é uma condenada, Lauana. Eu posso estar sempre fodida por suas ações, mas olhe bem ao meu redor e veja que eu nunca estou sozinha, ao contrário de você. Tenho milhões de fãs espalhados por todo o globo, tenho amigas, tenho minha família que está sempre ao meu lado. Você está no controle de tudo, infelizmente. No maldito topo. O pequeno e solitário pixel no topo da pirâmide, que tem a visão de tudo que está abaixo, mas está sozinha. Esse maldito covil onde você passa a maior parte do tempo não é o seu império e sim o seu refúgio. Você veste uma máscara de poderosa chefona, não porque você seja e sim porque é só o que você tem. A Issartel Records é tudo o que você tem de real, é onde você tem o controle das coisas, no entanto não dá pra controlar tudo ao redor. Não dá para controlar o fato de que quando você chega em casa, está sozinha, sem um amor, sem sua família. É isso que você é, uma mulher infeliz, solitária, que usa essa maldita gravadora para preencher esse vazio fundo que tem aí dentro. No fim das contas, eu tenho pena de você.

My Protection - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora