Cap 22 - De volta ao passado.

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Pov Marília Mendonça

— Então você já foi casada?

— Não. — respondi enquanto acariciava sua perna.

— Eu nunca fui casada.

— Inseminação artificial? — ri da sua imaginação.

— Tampouco. Minha filha foi gerada do modo tradicional mesmo.

— Hum. — torceu os lábios pensativa.

— A história é até um pouco engraçada, mas na hora me rendeu um desespero interno. — fechei os olhos, me lembrando do início de tudo. — Eu entrei na faculdade de administração com dezenove anos, quase completando vinte. O campus era gigante e contava com inúmeros cursos e graça a um trabalho após o ensino médio, consegui uma boa bolsa com mais jovens da minha idade. Nunca fui rodeada de grandes amigos, mas durante essa época tive muitos colegas de faculdade e foi aí que eu conheci Murilo. Ele já era veterano, tinha vinte e um e cursava medicina há uns dois anos se não me engano.

— Eu já ouvi esse nome... — seus olhos vagavam pensativos. — Claro! Assim que você começou, uma vez eu te vi falando toda preocupada ao telefone e você falou esse nome... e também na casa de Gabriela. Puta merda, eu jamais imaginaria algo com esse tamanho e proporção.

— Ele era um garoto legal, bonito até, mas não fazia meu estilo. — tomei mais um pouco da bebida. — Na verdade, nenhum cara fazia meu estilo. Eu estava um tanto "de coração partido" e a faculdade estava me ajudando a superar um pouco isso após um término e essas coisas. Murilo andava comigo praticamente todos os dias e não perdia a chance de me cantar, mesmo sabendo da sua minha sexualidade. Na verdade eu nunca me incomodei, pois apesar da sua insistência ele nunca foi babaca me faltando com respeito e ver suas falhas tentativas sempre me causavam uma boa crise de risos. Os anos de curso foram se passando, a gente continuava tendo uma amizade legal. O meu último período então chegou. Faríamos uma festa dois meses antes da formatura e ele estava disposto a me levar.

Marília, qual é! — ele bagunçou meu cabelo, recebendo um empurrão. Homens nunca cresciam? — É só uma festa! Você vai se formar esse ano e eu ano que vem, logo não poderemos curtir juntos.

Murilo, eu preciso estudar. — eu explicava. — Final de período é um inferno e eu não estou boa em várias matérias. Não vou me dar ao luxo de reprovar agora no fim da estrada.

— Você é careta demais, Mendonça. — ele se deitou sobre a grama ao meu lado. — Só uma horinha ou duas, vai. Você pode dormir na minha casa.
 
— Bela tentativa! — ri com ironia. — Mas não.

— Eu já entendi que desse mato não sai coelho há muito tempo. Eu posso dormir com meus pais se isso te deixa mais confortável. Eu realmente quero só sua presença, as festas contigo são bem melhores.
                         
— Olha, eu não sei não. — na verdade eu pressentia que algo aconteceria e justamente por não saber definir se era bom ou ruim, eu não aceitei seu convite de imediato.
       
— Me promete ao menos pensar? — Mas ele estava disposto a insistir. — Logo você começa a trabalhar e fica toda engomadinha e só vai nesses pubs chiques no centro da cidade. É a última festa do curso de ADM, tu não vai ficar de fora, não é?

— A insistência, não só dele, mas como de todos os meus colegas foi tão grande que eu passei a semana inteira estudando seriamente para poder curtir a última festa do curso. No fim eu vi que não havia mal nenhum em sair com meus colegas, afinal, depois da faculdade a vida corre pelos nossos olhos, os caminhos se separam e a gente nunca sabe quando vai poder fazer certas loucuras na vida.

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