My Protection - Malila

Cap 16 - Uma "nova" Maraisa?

Pov Maraisa

— Você ouviu muito bem. — Cruzei os braços, respirando o mais fundo que conseguia.

Eu sentia que poderia morrer a qualquer momento por conta da velocidade assustadora que meu coração batia.

— Ouvi. — A loira afirmou entredentes. — Só não acredito que você está aproveitando seu estado para poder jogar tudo pra fora, assim... se mais nem menos.

Os dois atrás de Marília pareciam assustados. Assustados e surpresos com o que eu havia dito. Não era nenhuma mentira, nem algo que precisasse ser escondido. Gabriela e Marília haviam compartilhado uma parte do passado. Coisa que eu só descobri por acaso, relembrando aquela maldita fotografia onde suas bocas pareciam querer se fundir.

— Eu vi a foto na casa da Gabriela, no dia em que estivemos lá. — Admiti, apertando ainda mais forte o botão do foda-se naquele momento.

Talvez aquela merda estivesse ajudando minha língua ficar mais solta.

— A qual foto se refere? — Revirei os olhos, Marília realmente iria se fazer de desentendida a essa altura do campeonato?

— Por Deus! — esbravejei irritada. — A foto em que você ela estão coladas como dois cachorros, com sua língua praticamente enfiada dentro da boca dela.

Num instante, Marília perdeu sua cor avermelhada pela raiva, e voltando a um estágio pálido. A mulher começou a dar pequenos passos em volta da sala, tinha uma face pensativa e negava com a cabeça a todo instane.

— Não acredito nisso, Maraisa. — ela agora deu uma risada seca. — Eu realmente não acredito.

— Meninas... — Bruno iniciaria uma pedido para que a gente se acalmasse, mas logo o interrompi erguendo o dedo indicador. — Oh, okay... — Levantou às mãos em rendição.

— No que você não acredita? Que eu descobri? — no instante em que minhas palavras saíram, ela parou sua caminhada e veio novamente a minha direção.

— Não Maraisa. — murmurou entredentes, vi sua mandíbula trincar. Seu olhar era tão incrédulo e desafiador que contratava perfeitamente com o tom de castanho escuro adquirido no momento em que ela continuou. — O que eu não consigo acreditar é que você não tenha tido coragem para me perguntar isso naquela mesma noite. Você preferiu agir como se nada tivesse acontecido, a gente transou e agora você só jogou isso pro ventilador numa situação como essa. Não esperava que você agisse tão baixo, nem me dando a chance de uma explicação.

Respirei fundo, sentindo tudo dentro de mim revirar. Suas palavras, como um tapa dolorido na cara desceram direto para meu estômago e eu não saberia se aguentaria por muito tempo.

A loira voltou a negar com a cabeça enquanto caminhou em passos lentos em direção ao corredor que a levaria ao seu quarto.

— Então eu estou certa sobre isso? — perguntei com a voz trêmula. — Admita que você e Gab-

— Por Deus?! — a loira esbravejou com os ombros erguidos. — Não há nada que eu tenha que admitir. Você viu com seus próprios olhos e ainda quer minha confirmação? É apenas uma parte do meu passado, por quê isso te incomoda?

Eu tinha medo. Estava assustada. Incomodar-me tanto com isso poderia significar algo. Algo no qual eu não queria nomear, nem podia e tampouco deveria. A ideia de Marília e Gabriela num passado fazia eu me sentir de mãos atadas e me causava uma insegurança gigante que fugia do meu controle. Por céus! Elas eram tão diferentes.

Como isso tinha rolado?

Marília e Gabi não.

Os três ainda estavam me olhando, esperando minha resposta. Uma réplica que eu não podia dar. Não antes de estar certa sobre isso.

Eu sentia minha pele suar como nunca antes, e minhas pernas não queriam sustentar meu corpo em pé. Tudo o que eu queria era rebobinar os últimos dez minutos e não falar nada. Absolutamente nada. Mas isso era impossível. Ter o controle da minha vida era algo impossível.

Com o meu coração batendo em velocidade anormal, a última coisa que pude enxergar com clareza foi os três me olhando. Olhando meu corpo cair no chão como se eu não tivesse dominância sobre ele. Meus olhos se fecharam me levando a um universo negro e pesado no qual eu não conseguia sair, embora meu interior lutasse e gritasse para que eu voltasse à realidade.