Cap 03 - Reconciliações.

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Pov: Maraisa

Me enrolei na manta que sempre levava dentro do carro para encarar o ar-condicionado. Marília parecia concentrada na visão que a janela lhe dava e nem notava o meu fixo olhar sobre ela. Como pode uma mulher tão bonita ser apenas uma segurança? Ela deveria estar nos palcos, nas passarelas, capa de revista ou algo assim. Além de muito bela, Marília trazia um certo mistério contigo. Seus olhos eram intensos à noite, um castanho profundo, muito diferente de muitos que já vi, diferente de hoje cedo que pareciam duas bolinhas de cristais, um tom caramelizado, bem mais claro. Eu ainda estava puta com Lauana, mas devo admitir que ela soube escolher bem.

— Certo, Maraisa. Com toda essa correria do dia a dia, a gente imagina que fica meio difícil por os assuntos do coração em ordem, não é? Recentemente você foi vista várias vezes com muitos companheiros de trabalho. É possível conciliar carreira e coração? — eu odiava, ODIAVA esse tipo de pergunta e mesmo determinando sempre elas nunca paravam de chegar.

Respirei fundo para não perder paciência com a entrevistadora. Bruno estava me confortando com seu sorriso amigável quando meus olhos escorregaram para a figura feminina do seu lado. Com um terninho preto, jovial e sob medida, me senti nua sobre aqueles olhos profundos que me olhavam com curiosidade. A jovem abaixou o olhar assim que notou o meu e não voltou a me encarar. Eu nunca havia visto uma mulher tão marcante assim e olha que sempre estou rodeada de belas mulheres. Pelos deuses, quem era ela?

— Conciliar essas duas coisas geralmente é uma tarefa difícil. — eu continuava olhando pra jovem loira que não me olhava de volta. — Ainda mais com minha agenda, eu não tenho tanto tempo pra isso — sorri fraco para a entrevistadora.

— Você parece apreensiva, Marília. — falei chamando sua atenção. Seus olhos vieram de encontro com os meus. — Está tudo bem?

— Sim, senhora Pereira.

— Maraisa, por favor. — falei pausadamente, eu odiava essas formalidades. — Já que você vai ficar no meu lado o tempo inteiro, prefiro que me chame assim.

— Só por que vamos passar muito tempo juntas não significa que vamos ser amigas, senhora Pereira. — ela retrucou com o seu tom ensaiado. Ok, já deu para notar que ela tem presença e não coloca trabalho abaixo da amizade.

— Então tudo bem se eu só lhe chamar de senhora Mendonça? — provoquei para ver até onde iria.

— Com achar melhor. — mas ela era dura na queda.

Por mais que eu detestasse gente em cima de mim o tempo inteiro, era justamente isso que sempre acontecia. E por acontecer com tanta frequência eu já estava acostumada. Marília é uma profissional. Para ela não importa quem eu seja ou minha simpatia, ela quer apenas cumprir seu trabalho da forma mais impecável possível. Seu rosto mal se move quando ela fala. Será que ela é tão séria o tempo inteiro?

Coloquei meus fones, ainda perplexa. Que seja, se ela não está a fim de conversar, eu que não insistiria, não é? Me aconcheguei no banco do carro e fechei os olhos, sentindo a música e um olhar pesado sobre mim.

— Senhora Pereira? — senti meu fone ser puxado e abri os olhos com certa dificuldade. Havia dormido. Como eu não tinha tempo para um sono decente, minha vida era baseada em cochilos. — Chegamos ao aeroporto.

— Chegamos rápido. — murmurei mais pra mim do que pra ela.

— Sim, chegamos. — ela abriu a porta do carro e ficou do lado de fora esperando que eu saísse.

Peguei meu celular, iPad, travesseiro e manta e saí do carro parecendo uma criança pronta para a festado pijama.

— Senhora Mendonça, eu preciso que pegue minhas malas. Estão no carro que trouxeram Maiara. Assim que pega-las leve para o jatinho. — ordenei enquanto caminhava em direção ao pequeno avião.

My Protection - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora