The endValência
Balanço meu noivo adormecido na cama pela milésima vez.
— Amor...precisa acordar. — Ele resmunga alguma coisa mas permanece dormindo. — Bas caralho, o bebê da Aly e do Lucas vai nascer.
Acho que isso faz efeito rápido, porque Basil dá um pulo gigantesco para fora da cama.
Não consigo não rir mesmo que estejamos muito atrasados.— Devia ter me acordado antes...— Diz se vestindo tão rápido que eu nem consigo acompanhar.
— Estou tentando há 15 minutos, já até me arrumei.
— Nosso sobrinho está nascendo, isso é tão legal. — Fala eufórico enquanto corremos pelo apartamento até chegar no estacionamento do seu prédio.
Vê-lo falando "nosso sobrinho" é incrivelmente fofo.
— Sim amor, e um dia será o nosso. — Seguro sua mão livre que não está no volante.
Bas entrelaça nossos dedos em um aperto firme e sorri.
— Não vejo a hora.
§
Algumas horas depois o pequeno Phil está em meus braços, dormindo feito um anjo.
Sua pele é negra e brilhante como da mãe, os pequenos olhos na cor mel são do pai e não é porque ele é meu sobrinho, mas Phillipe é o neném mais lindo que já vi.— Estou encantada com a perfeição deste bebê. — Digo sem tirar os olhos dele.
— Não seria menos já que é meu filho...— Aly se gaba. — mas que fique bem claro que não terei mais filho nenhum, tenho certeza que essa criança de 51cm arrombou minha vagina.
Nenhum de nós consegue segurar a risada, menos Bas claro.
Meu noivo me olha com Phil nos braços parecendo não conseguir deixar de nos ver.— Bas, quer segurar?
Ele balança a cabeça de um lado para o outro.
— Não sei segurar um bebê.
— Venha amor, eu te ensino. — Dou passos em sua direção mas Bas se afasta.
— É melhor não.
— Olha, segure a cabeça assim e o outro braço embaixo das costas. — O faço pegar Phil.
De primeiro momento, Basil fica assustado e com medo de machucá-lo, mas então aconchega o pequeno embrulho ao peito e sorri.
Meus olhos ardem e se enchem de lágrimas assistindo a cena desse homem enorme com um pacote mínimo nos braços, meu útero coça tanto que eu podia engravidar hoje.
— Você leva jeito, bad boy. — Aly comenta.
— Minha mãe tentou me ensinar para quando o meu irmão nascesse, porém depois que ela o perdeu eu nunca tive oportunidade. — Confessa e sinto um aperto em meu coração.
Mesmo tantos meses juntos, é sensível para mim saber que o homem que eu amo possui feridas que são incuráveis.
— Do jeito que a Valência quer ser uma gata parideira você ainda vai segurar muitos bebês. — Nora provoca e eu lhe encaro semicerrando meus olhos.
— Você só está com dor de cotovelo porque eu sou a madrinha oficial e você a secundária!
— Seu c...
— Sem palavrões na frente do bebê! — Lucas repreende minha amiga e eu sorrio vitoriosa.
— Do que adianta você ser madrinha se eu serei a tia favorita?
Dou uma risada sarcástica sem som.
— Eu vou mimar tanto essa criança que ele vai acreditar que é meu filho!
— Isso é o que vamos vamos ver, pudim de pinga.
Já completamente irritada, seguro seus cabelos curtos e dou um puxão para trás fazendo Nora tropeçar.
— SUA PUT...
— MAS QUE INFERNO VOCÊS DUAS, — Esbraveja Aly. — agora são tias, deem exemplo.
— Foi ela que começou! — Acuso.
— Você puxou meu cabelo!!!
— Você provocou, marmita de suruba.
— Homofóbica! — Ela acusa.
— Xenofóbica! — Rebato.
— Deus, dei logo duas malucas como madrinhas do meu filho, que Jesus me ajude.
§
Duas semanas depois.
Nem acredito que este dia chegou, nossa formatura está acontecendo.
Estou sentada na fileira de trás, com minha roupa de formanda preta enquanto meu bad boy está sentado na minha frente.
Os 12 meses que antecederam este dia foram uma verdadeira montanha-russa, chega ser inacreditável que estamos todos aqui, prontos para iniciar uma nova etapa indo para Los Angeles em duas semanas.— Saint Basil Parra. — chamam.
Bas anda até o palco com sua cara de mau humorado de sempre, entregam-lhe seu diploma e mandam que pose para a foto. Ele está sério, até seus olhos me alcançarem.
Suas orbes brilham e um sorriso surge em seus lábios, fazendo outro surgir nos meus também.Mesmo com tanta gente em volta todos somem, porque meu mundo parou apenas com seu olhar conectado ao meu...sinto que posso ficar olhando Bas para sempre sem me cansar.
Gosto das imprevisões que a vida propõe às vezes, quem poderia dizer que o bad boy tatuado e completamente quebrado que me estendeu a mão quando caí mais de 1 ano atrás, seria o homem dos meus sonhos?Nem tudo é bom e positivo, porém nem tudo é horrível.
Somos feitos das dores e dos machucados, e também de amores e momentos alegres.A Valência de 12 meses atrás desacreditava que relacionamentos eram para ela, desacreditava que seria tão amada e adorada porque o mundo em certos momentos faz pessoas horríveis passarem por sua vida, então você não tem fé nem nas boas.
Mas Basil virou todos os meus conceitos de cabeça para baixo e hoje parece que ele sempre esteve ali, é como se nos conhecêssemos desde sempre.Bas me disse uma vez que não consegue explicar o porque se sentiu tão a vontade para se abrir para mim desde a primeira vez, que não entende como apenas aos 23 anos foi se sentir atraído e apaixonado...
E eu respondo que apenas era para ser, que agora acredito em destino porque apenas o universo poderia colocar duas pessoas tão machucadas de frente uma para outra e fazê-las se tornarem uma.
Eu o buscava mesmo sem saber, Bas gritava em silêncio esperando que alguém o salvasse.
Então sou sempre receptiva a coisas inesperadas mas positivas, são sempre elas que mudam nossa vida para sempre.
Por isso tomo coragem para ver o pequeno aparelhinho branco em cima da pia, eu o pego em minhas mãos e meu coração dá um solavanco lendo."Grávida"
Sorrio com olhos marejados.
É mais um positivo para iniciar esse novo capítulo.§
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Valência
RomanceValência Delgado é uma universitária hispano-mexicana que vive a vida adoidada em São Francisco. Com uma boa bagagem de namoros tóxicos e um trauma doloroso, Valey é um grande raio de sol. Completamente desapegada, ela rejeita qualquer hipótese de r...