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Linhas brancas, fermento em pó no fogão, preparando um sonho, transformando diamantes em neve.

Valeria Garza. Esse era o verdadeiro nome dela.
Seus cabelos pretos chegavam à altura de seu queixo em um corte chanel. Sua feição era limitadamente expressada por poder. Ela era El Sin Nombre, afinal.
Sua íris âmbar podia facilmente conquistar qualquer um que ela quisesse... se é que já não conseguiu isso antes.

—— Puta madre - Alejandro diz entre os dentes.

Todos nós, dentro de uma sala que trancafiava quem é que estivesse ali. Sem janelas, sem a luz do Sol... apenas uma lâmpada incandescente e uma porta vigiada pelas minhas costas e as de Ghost.

O resto se apoiava pelas paredes... e ela se sentava a alguns passos à frente, em uma cadeira no meio do cômodo.

O calor que aquele lugar fazia não era suficiente para apagar a correlação que ligava dois de nós aqui.
Valeria e Alejandro se soavam estranhamente conhecidos, e isso não era presunção, era só olhar o jeito que eles se portavam um na frente do outro.

—— Comecem a me dizer como vocês dois se conhecem - Graves aponta os dedos para ambos.

—— Conhecer é uma palavra forte - a rispidez de Alejandro provava toda minha teoria.

—— Las palavras fortes son importantes... Nuestra palavra és nuestro valor, no? - a voz dela, meticulosamente calculada para dizer as coisas certas que deixam qualquer um fora de si.

E sim, Alejandro estava louco para acabar com aquilo que estivesse entre eles, e sua ação foi partir para mais perto dela, e aumentar seu tom de voz. Rodolfo, Farah e Soap tiveram que segurar ele e fazê-lo se recompor.
Ele se afasta, reagindo de forma bruta ao toque, e logo depois, suspirando levemente para virar na direção do rosto dela.

—— Vamos, diga a eles - os ombros do Coronel se chacoalham.

—— Eu não recebo ordens de você - seus olhos desafiam ele - Ou de ninguém.

Como forma de deixar a loucura não entrar em seus nervos, ele solta uma risada nasalada. Foi possível vê-lo encarar Rodolfo e sussurrar um "Tá vendo isso?"

—— Ela é ex-militar. Nós também prestamos juntos - ele declara em alto e bom som para todos.

—— Esquadrões diferentes, unidades iguais... o meu esquadrão era eficiente e silencioso, senhores - ela observa a sala inteira até parar seus olhos em mim e alterna-los para Farah - E senhoras.

—— Até que o ataque ao filho do La Araña aconteceu, não se lembra?

—— Me acuerdo perfecto.

Um sorriso brota no rosto dele.
Agora, seu corpo estava inquieto, como alguém que acabasse de conectar todas as peças que faltavam em seu quebra-cabeça.

Andando pelo espaço em busca de explicar melhor o que aquilo tinha haver com a missão, ele nivela a voz para Graves, que estava no controle do interrogatório.

—— Eles deviam isolar a cidade para impedir a entrada de agentes e evitar o derramamento de sangue.

—— E foi exatamente isso que fizemos... - pressionada para frente, ela sussurra.

—— Bom, vocês cuidaram de tudo para fazer um bom trabalho com os agentes, porque vocês eram eles, huh?

Os dois tentam se desafiar cada vez mais para ver quem ganharia a competição que eles mesmos haviam criado.

Talvez não era só daí que eles se conheciam.

—— Então você matou ele e assumiu o poder - Farah afirma uma hipótese e espera a reação dela.

—— Eu criei um vácuo poderoso e preenchi ele.

—— Por que está fazendo isso?

—— Me diga você - ela se vira na cadeira para achar o comandante - Você é o contratador, não é? O que você não faz, seus competidores farão...

—— Você é uma traficante encobrindo um terrorista - Ghost pontua, fazendo meus olhos virarem para o seu lado.

—— Terrorismo é bom para os negócios.

—— Porque sem ele o mundo parte a atenção inteira às drogas, não é? - eu afirmo, ainda demorando de desfocalizar o Tenente na minha visão. Ele percebe meu olhar.

—— Ela entende rápido as coisas - Valeria pisca para mim.

Porém, mesmo que aquilo tivesse motivado o entendimento das razões dela, mesmo que fossem totalmente incompreensíveis, Alejandro parece não engolir aquilo com facilidade, e sua raiva apenas deixa isso mais claro do que nunca.

Ele se movimenta mais rápido e sua expressão já era controlada por suas contribuições não muito amigáveis.

—— Não façam um acordo com ela, porque não vai terminar bem.

Ele sai da sala e  aquela cena favoreceu para que Graves voltasse a ter o controle da situação.

—— Eu quero o míssil, quero o alvo e quero Hassan... agora, você tem dez segundos ou eu irei te mostrar a diferença entre os militares e eu.

—— Eu não sei quem é o alvo, eu só movo coisas. Posso lhe dizer onde o míssil está e quando voltar te digo o paradeiro de Hassan, mas em troca, vocês me soltarão e vão embora de Las Almas.

Ele espera e Ghost apenas assente levemente sua cabeça para cima e para baixo indicando que seguiríamos seus termos. 

Era aquilo ou nada.

—— Fechado.

𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞, 𝗌𝗂𝗆𝗈𝗇 𝗀𝗁𝗈𝗌𝗍 𝗋𝗂𝗅𝖾𝗒.Onde histórias criam vida. Descubra agora