Eu me fodi para chegar ao topo.
—— Se isso for uma armadilha, eu juro por tudo que te mato com minhas próprias mãos.
Quando você passa pela experiência constate de desgaste físico por carregar o seu corpo em terceira pessoa, como um saco de areia, as emoções podem tomar conta da maneira de como as situações se lidam.
Eu sempre tive problemas de confiança, mas ali estava eu, confiando cegamente nas direções que ele me dava.
E nas cantadas também.—— Gostaria de ver você tentar.
—— Não sabe nem a metade das coisas que sou capaz de fazer, Simon.
—— Só preciso da minha imaginação para isso, Elizabeth.
O som da sua voz rouca beirava meus ouvidos enquanto meus olhos se fixavam na estrutura à minha frente, ou melhor, na pessoa em minha frente.
—— Tenho visão de um Shadow na porta da igreja - sussurro com medo de ser vista.
—— Vou tentar chegar em alguma janela próxima, espera aí - o fundo do áudio captado pelo rádio indicava que ele se movia com pressa.
Minhas costas sentiam mais uma vez as paredes ásperas e úmidas da chuva.
Levantada, a poucos metros do homem bem mais alto do que eu, percebo que ele conversa com alguém por outra frequência. Talvez outro agente de Graves.—— Então tá me dizendo que se ver aquele garoto com a máscara de caveira, você não começaria a suar? - o sotaque americano falho indicava que o soldado estava com medo.
—— Eu não irei vê-lo - a fala mecanizada ressoa do outro lado.
—— Você tá certo, não irá vê-lo, é tarde demais se ver, estará morto de qualquer jeito.
Seus passos davam voltas no mesmo lugar ao falar com o companheiro, e eu, acompanhava sua dança logo atrás, na sombra entre as duas casas que se interligavam na esquina.
Vasculho se Ghost está em alguma janela, mas não o vejo em lugar nenhum. Então, decido agir sozinha.Ainda possuía minha arma, mas pela distância, aquilo chamaria muita atenção sobre a minha posição, e com certeza haveria mais soldados por perto, se esgueirando para conseguir me matar.
Minha mente prontamente tenta pensar em algo que utilizasse as mãos, mas tudo seria inútil em uma competição de força. Eu não conseguia nem sentir meu braço esquerdo.—— Ice, não tem com você revidar, dá um jeito de sair daí antes que ele te veja.
Era como se ele conseguisse ler minha mente.
—— Eu posso usar um varal de roupas de uma das casas para sufocá-lo.
—— E como acha que vai conseguir chegar no pescoço dele? Escalando?
—— Eu tenho um metro e oitenta, seu idiota.
—— Ele é maior que eu e além disso, você não consegue nem andar direito - eu reviro os olhos - Para de revirar os olhos e vem logo pra cá.
Minha atenção se redireciona novamente para a igreja, e lá eu vejo seu vulto em um dos cantos cegos do lugar.
Eu reluto, porque odiava admitir que alguém tinha mais razão do que eu, mas acabo cedendo ao chegar na mesma conclusão.
Assim, reviro o fim da rua em busca de algo que o distraia, e voilà, dúzias e mais dúzias de garrafas de cervejas estavam engradadas em uma cesta de madeira.Pego duas daquelas e me posiono bem na saída daquele beco, à espera do momento perfeito para ir embora.
Quando ele vai para direita, eu a arremesso com a maior força que consigo. Sua reação foi atirar no lado do barulho em total desespero, e dessa forma eu consigo escapar ilesa sem chamar sua atenção por qualquer barulho... como um fantasma.
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𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞, 𝗌𝗂𝗆𝗈𝗇 𝗀𝗁𝗈𝗌𝗍 𝗋𝗂𝗅𝖾𝗒.
FanfictionDois paradoxos que fazem sentido quando colocados juntos. Elizabeth Rockwell, uma mulher desafiadora, calculista e fria como um gelo. Afinal, seu próprio codinome revela isso. "Ice" não foi feita para derreter e muito menos fracassar... Bom, era iss...