XVI

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Mas você não viu o meu homem.

Nossos lábios brincam uma última vez antes de nos separarmos.

A mensagem era clara, não sermos vistos juntos para evitar as perguntas e darmos o fora daqui o mais rápido que conseguíssemos.
Nós tínhamos um grande plano, uma mentalidade, talvez aquilo seja o certo. No lugar e na hora certa, talvez esta noite, num sussurro ou aperto de mão, mandando um sinal que queria me beijar até o mundo acabar.

E lá estava eu, saindo do banheiro masculino, sendo observada por inúmeros homens confusos e voltando à mesa para entregar para Farah a chave da minha casa. Afinal, ela estava comigo nesses dias que voltamos para Inglaterra.

Sem que ninguém notasse, eu vou por trás de seu lugar, me escondendo pelas cadeiras, meio que atrapalhando o momento dela e de Alex de propósito.
Qual é, eu sei que estava sendo infantil, mas era legal disputar a atenção dela, porque eu sempre ganhava.

Ele mantinha um dos braços atrás de seus ombros e ela presta atenção na conversa que Gaz fazia questão de estipular. Quando sente meu dedo tocar suas costas, ela se vira na hora em um leve susto.

—— Eu não vou dormir em casa hoje - sussurro próxima - Fica com a chave - eu lhe entrego o objeto que emite pequenos barulhos por causa do metal.

—— E vai ir pra onde?

Sua pergunta me leva em um caminho sem saída.
Eu, quieta quase me matando para soltar uma mínima palavra e Alex, que já estava colocando a resposta na ponta de sua língua.

—— Qual é a única pessoa faltando na mesa? - é o que ele diz com um sorriso no rosto, dedurando meu esquema.

Arregalo meus olhos em sua direção, contestando a atitude, mas em resposta, ele apenas nega com a cabeça antes de observar atentamente Farah olhar em volta, e logo associar que o único que não estava ali era Simon.

—— É sério?! - ela sussurra alto com um choque nítido em sua expressão - Eu pensei que vocês se odiassem.

—— Pelo visto não de verdade - ele corrobora e eu o ignoro.

—— Te vejo amanhã no aeroporto, tá? - falo, já me levantando, tentando fazer com que seus olhos parassem de tentar insinuar algo.

Pela porta, o bendito sino toca uma última vez antes de me tirar de vista dela, que me lança um piscar de olhos enquanto tentava fazer uma cara sexy. A única coisa que faço em troco é revirar os olhos e sair completamente dali.

No lado de fora, eu sentia o chuvisco levemente fino, cair nos meus braços, fazendo a temperatura do local se abaixar, à altura que esperava por ele.

Mas as gotas parecem ser minúsculas perto do que meu corpo reage quando sinto uma mão me puxar rapidamente para a calçada. A mão dele, sem luvas, me aproxima de seu peito e em seguida tira sua própria jaqueta para ser colocada nas minhas costas.
Como um abraço, a peça de roupa fica larga no meu corpo, mas cai bem o suficiente para me fazer conseguir sentir o cheiro de seu perfume. O cheiro dele.

É fofo de uma certa forma, até que você não consiga falar, quando você sai para fumar um cigarro, seus joelhos amolecem e o jeito é dar somente um sinal com a cabeça e um aceno casual para não ficar obcecado pelos próximos dois dias.

Ele apenas observa o toque final que acaba de dar e foca sua concentração nos meus olhos. Eu passo a língua pelos meus lábios quando o vejo tão próximo de mim e ainda sim tão distante, me implicando a ter uma fricção gostosa causada pelo frio da noite e o quente de seu corpo.

Eu tenho a impressão de que eu posso ter acendido o fusível que ele estava tentando não acender.

Quando percebe o que aquilo também causa nele, rapidamente nos leva até um Corvette branco, desativando o alarme e prontamente abrindo a porta do motorista afim de acabar aquilo que começamos.

𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞, 𝗌𝗂𝗆𝗈𝗇 𝗀𝗁𝗈𝗌𝗍 𝗋𝗂𝗅𝖾𝗒.Onde histórias criam vida. Descubra agora