Ele tem o fogo e demonstra isso ao caminhar.
Mas, tudo isso, me relembro como se fosse ontem, numa memória distante que me trás conforto... quando a verdade é que já se passaram meses desde a última vez que o vi.
E o fluxo de consciência que lhe contei meticulosamente não passa de mais um dos pensamentos que rodeiam minha cabeça diariamente, permeando e revivendo a história que nós tivemos.
Porque perdemos a noção do tempo outra vez.Lembro do vermelho na minha camisa, de quando ele derramou vinho em mim, e como o sangue se juntou em minhas bochechas... tão escarlates.
As marcas que as pessoas viram na minha clavícula, a ferrugem que cresceu entre as nossas linhas telefônicas, os lábios que eu costumava chamar de casa... bordôs, esquecidos e lindamente moldados."Como viemos parar no chão?"
Todos os verbos estão no passado e repasso cada pintura que meu cérebro fez, relembrando as faíscas dos olhos dele nos meus, o seu sabor, seu toque indistinguível.
Quando a taciturnidade chegou, estávamos tremendo, cegos e perdidos. Que inferno, como perdemos a visão do que éramos? Chorei, noites seguidas, com a sua cabeça entre as mãos enquanto tentava calar o mais ensurdecedor silêncio.
Não é desse jeito que as merdas sempre terminam? Dois estranhos que se relembrariam do que fizeram em um passado distante...
Foram cento e cinquenta e três noites cansadas, despercebidas, qualificadas em branco para exceder o reflexo das manhãs que tentavam aparecer.
O tempo não passa, é como se eu estivesse paralisada por ele. Eu gostaria de ser eu mesma novamente, mas ainda estou tentando encontrá-la. Porque no frio paralisante desta cidade, eu ainda me lembro da primeira vez que a neve caiu, e de como brilhava enquanto seus olhos me seguiam.Eu me lembro disso tudo muito bem.
O poder da juventude está em minha mente.
O Pôr do Sol, a cidade pequena, meu tempo acabou...
Me perguntei inúmeras vezes se ele ainda me amaria quando eu brilhasse pelas palavras, não pela beleza.Porque nada tinha o mesmo efeito, nada podia me suprir tanto quanto ele fez, nada foi capaz de me fazer sorrir de novo.
Nunca mais nos falamos.
Ele seguiu seu caminho e eu, o meu.Ciclos se encerraram, mesmo que sentimentos continuem.
Ainda consigo me lembrar das cenas que ecoam as fotos, vendo o mundo, o iluminando pela canalização dos anjos em uma nova era. Dias quentes de verão, rock and roll, o modo como ele me proporcionou a vida dele de portas abertas à mim e todas as maneiras que eu pude conhecer seu lindo rosto e sua alma elétrica.
E mesmo assim consegui perder.
Devo dizer que após semanas sem o vê-lo, consegui o acesso regulamentar para ler sua ficha de inscrição, assim como ele havia dito que tinha feito com a minha.
Quando meus olhos sublinhavam seu nome pelo documento inteiro, consigo suprir temporariamente algo que eu nem sabia que estava dentro de mim.
Tentei entender mais quem ele era para que a saudade ficasse mais distante, mas o contrário aconteceu.Inúmeras medalhas, menções, conquistas... e um passado turbulento, era o que dizia.
A infância... todos já tiveram alguns problemas que definem drasticamente o presente. E Simon não parecia exceção desse problema.
Eu sabia que ele tinha vários traumas, principalmente os que envolvem confiança. Eu também os tinha.
Bom, problemáticos são ótimos em identificar quem tem problemas também.E acho que finalmente devo explicar tudo sem traçar caminhos sem saídas sobre quem eu sou de verdade.
Elizabeth Deco Rockwell, esse é meu nome completo.
Me alistei no exército em 2006, mas entrei nas Forças Especiais apenas em 2008.
Minha primeira equipe foi a Força Tarefa 278, composta pelo Capitão Ross Harmon, e por dois Sargentos, Brendon Townes e Dominic Beltik, os quais você já deve conhecer.
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𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞, 𝗌𝗂𝗆𝗈𝗇 𝗀𝗁𝗈𝗌𝗍 𝗋𝗂𝗅𝖾𝗒.
FanficDois paradoxos que fazem sentido quando colocados juntos. Elizabeth Rockwell, uma mulher desafiadora, calculista e fria como um gelo. Afinal, seu próprio codinome revela isso. "Ice" não foi feita para derreter e muito menos fracassar... Bom, era iss...