Mɪɴʜᴀ ғᴀ̃?

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Onde você e Richarlison se conhecem no meio de um bosque.

[♟]

Os raios de sol que preenchiam o céu azuláceo ganharam uma tonalidade carmesim, as poucas faíscas cintilantes que tomavam as nuvens que resistiram naquela imensidão perpétua trilhavam um caminho indecifrável, ao lado não é difícil conceber a melodia que a água cristalina trajava em meio ao lago, as árvores que o rodeavam eram tão selvagens quanto a própria grama abaixo de meus pés, é incrível o quanto a natureza preserva tudo que há de melhor em sua propriedade.

A folhagem de pequeno porte que se encontrava entre meus dedos provocavam cócegas aconchegantes, a sensação de está em casa invadiam meus pensamentos, a calmaria e segurança que aquele lugar me proporciona é realmente impressionante, era o lugar perfeito, perfeito para mim.

Trabalhar como veterinária têm seus privilégios, mais não significa que seja uma das sete maravilhas do mundo, então sempre que pudia gostava de passear neste bosque, eu sei que pode parecer egoísta da minha parte, mais eu sentia que minha áurea pertencia aquele lugar, assim como aquele lugar fazia parte de mim, apenas de mim...

Pelo menos era o que achava

— Acerola volta já aqui!- não consegui raciocinar quando aconteceu, só sei que assim que tais palavras foram soltadas ao ar eu já me encontrava em contato com o gramado.

Algo muito forte me atinge parcialmente, não o suficiente para me machucar, porém, eficaz absoluto para me derrubar. Ao abrir os olhos que se cerraram por conta do estro me surpreendo ao notar o que me atacara.

— Ah, então foi você seu danado.- indaguei para o animal que me atingiu fazendo um leve carinho atrás de sua orelha.

O cachorro albino me encara curioso, parecendo gostar da minha carícia aliso sua barriga pressionando meus dedos na região da cintura, animais domésticos tendem a relaxar quando fazemos tal movimento, sentindo-se amados e mais calmos de certas agitações.

— Ah, você 'tá aí.- proferiu o rapaz parando ao meu lado com uma coleira amarrotada nas mãos— Me desculpa por isso moça.- disse oferecendo apoio para me ajudar a levantar.

— Tudo bem, já estou acostumada com esse tipo de coisa.- falei pegando na sua mão e me pondo de pé.

Eu sei que pode parecer bobo, mais assim que toquei na sua mão um choque inconstante percorreu meu corpo, como se várias formiguinhas minúsculas passeassem ali, sem contar que não pareço ter sido a única a sentir essa sensação, ele me encarava inexpressivo, mais com uma pequena tensão marcada por alguns descuidos ao mover a mão em demonstração de incomodo, ainda em posição de reverência coça a nuca virando o rosto para o lado, sem me dar conta de que estávamos tão próximos me desfaço do aperto quando sinto algo puxar a barra da minha blusa, ou melhor, alguém.

— Oi amiguinho.- sorrio para o animal que rapidamente me puxa para mais perto de seu dono, impactando meu corpo com o do homem sinto seu peitoral definido se curvar para frente impossibilitando de ocasionar uma possível queda.

Com o gesto eu acabo sendo abraçada pelo seus braços musculosos, e novamente ele me olha, mais não permanece por muito tempo e logo se afasta lamentando.

— Foi mal, não sei o que deu nele hoje.- comentou fitando o animal que agora puxava a barra de sua calça.

— Tudo bem, não me importo com isso.- o encarei com um sorriso no rosto.

— A propósito, me chamo Richarlison.- disse me analisando.

— Eu sei, você é jogador da seleção brasileira, camisa número nove certo?- ele confirmou com a cabeça— Meu pai te acompanha desde o fluminense, você é o maior ídolo dele.

— Então seu pai é meu fã?- questionou surpreso— Interessante, você é também?- insinuou esperançoso me lançando uma face curiosa.

— Não sou fanática que nem meu pai, mas confesso que você muito joga bem.- respondi simplista o vendo aderir um sorriso sacana a sua expressão duvidosa.

— Não quer um autógrafo?- zombou.

— Eu já falei que não sou sua fã.

— Acabou de admitir que eu jogo bem.- disse convencido.

— Mais não significa que eu seja.- retruquei estufando os olhos por um breve momento, na intenção de lançar ao maior o tom de rispidez que aquela frase soou.

—Tá bom eu desisto.- falou com as mãos para cima— Mais tem certeza que não quer tirar pelo menos uma foto?- insistiu arqueando a sobrancelha.

— Qual foi a dessa insistência agora?- perguntei cruzando os braços.

— Não é insistência, só acho que seu pai adoraria saber que a filha dele se encontrou com o melhor atacante da seleção.- se gabou contornando um traço imaginário na ponta dos dedos.

— Eu não trouxe meu celular.- falei óbvia.

— Sorte que eu trouxe o meu.- completou tirando o objeto do bolso.

Não evitei em revirar os olhos e o observar irritada, incrível como toda aquela paz e calmaria reconfortante que eu sentia a minutos antes de sua chegada havia sumido.

Assim que tiramos a foto o animal peludo passa por entre minhas pernas, não exito em me agachar para observá-lo melhor, ele era branco como a neve, e suas lisas listras pretas realçavam seu tom de pele, o tornando mais vivo. Acariciando o animal o vejo tentando me derrubar novamente, mais com a falha tentativa acabo por me sentar no chão.

Um flash de luz nos toma a atenção para quem estava a nossa frente, Richarlison, ele havia tirado uma foto nossa, mais por que.

— O que pensa que 'tá fazendo.- o questionei me levantando.

— Tirando uma foto sua e do Acerola.- deu de ombros.

— Por qual motivo?

— Ele ia se sentir excluído ué.- disse rápido andando até o cachorro e alisando a parte de trás de sua cabeça.

— Ah claro, como pude me esquecer dele.- ironizei minha frase sinalizando que não me convenci do que o mesmo havia dito.

— Afinal, qual o seu número?- falou enquanto tentava colocar a coleira amarrotada em seu cachorro.

— Pra' que quer saber?- franzi o cenho quando o vi jogar o objeto na lata de lixo e suspirar frustado.

— Como vou te mandar as fotos?- respondeu como se fosse óbvio ligando o celular.

Agora entendi o porque de tudo isso.

Após lhe passar meu telefone vou até seu cachorro e acaricio sua barriga .

— Até a próxima amiguinho.- falei me levantando para me despedir do homem.

— Então vai ter uma próxima.- comentou deixando um sorrisinho sapeca escapar de seus lábios.

— Bom, você tem meu número.- dialoguei— Portanto, faça isso acontecer, pombo.- completei em seguida rindo da maneira que me referi a ele e me virando para andar— Ah, quase ia me esquecendo- parei— Tome isto.- lhe joguei uma coleira no ar que logo foi aparada pelo maior.

— Por que você anda com uma coleira na bolsa?- perguntou curioso.

—Eu sou veterinária, sempre esquecem uma dessas na clínica.- respondi me virando para deixar o lugar— É um presente para o Acerola.- falei um pouco alto por conta da distância, finalmente saindo de seu campo de visão, embora eu percebesse que me encarava na medida que me distanciava.

Não havia planejado isso para o meu dia, tudo que eu menos queria era falar com alguém, precisava do meu tempo sozinha no meu lugar preferido, mais talvez ele não seja somente meu agora, e estranhamente, eu gostava de saber disso.

Talvez eu não passe mais por ali com a finalidade de relaxar, não sei quando esta ideia passou pela minha cabeça, só sei que assim como ele eu tenha outros motivos para passear por ali, e talvez mais só talvez, esse motivo seja ele.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, 𝖗𝖎𝖈𝖍𝖆𝖗𝖑𝖎𝖘𝖔𝖓Onde histórias criam vida. Descubra agora