Dᴀ ᴘʀᴏ́xɪᴍᴀ ᴠᴇᴢ

4.7K 254 140
                                    

Nervosa

Era esta a palavra que me definia neste momento, o jogo do Brasil contra a Croácia pelas quartas de final nunca teria sido tão marcante se não fosse pelo tabu que nossa seleção se opôs a entrar.

O estádio lotado e a barulheira que ecoava pelo local não era nada comparado as palpitadas que davam meu coração, que pela primeira vez em todas as partidas em que o Brasil estava envolvido, se mantinha acelerado desde primeiro segundo de bola em campo, eu acreditava que eles eram capazes, que eles iriam conseguir ultrapassar mais esta fase, e mais do que tudo, conseguir a tão gloriosa vitória pelo nosso país, o Hexa... 

Acontece que com apenas 30 minutos de bola rolando eu já notava o olhar ansioso que tinham os jogadores no gramado, confesso que ver aquilo tinha me deixado apreensiva, se nem eles conseguiam manter a boa aparência em meio a tanta gente, por que eu deveria?

— Você acha que eles já estão cansados?- Maria Eduarda a mulher de Paquetá estava comigo junto a aquela multidão.

— Não tem como saber, eles são jogadores então seja lá o que estiver acontecendo, eu acredito neles.- confessei para a mulher que me olhava curiosa.

— Tem razão, eu também acredito neles.- Afirmou virando para a frente do campo enquanto segurava Filipo no colo.

— Quer ajuda?- a questionei abrindo os braços para que ela me desse o menor.

— Por favor!- falou me entregando a criança que dormia tranquilamente, o pondo sobre meu ombro o observo com um pequeno sorriso de canto enquanto fazia um leve carinho em suas madeixas acastanhadas— Você se dá tão bem com crianças.- comentou me encarando— Não pensa em ter filhos?- indagou de repente me fazendo a olhar surpresa pela questão que lhe prendia.

— Richarlison e eu ainda não chegamos a discutir esse assunto.- disse pensativa— Mais creio que ainda não seja o tempo certo, ainda tem a profissão dele que é muito corrida, não sei se ele iria querer um problema bem agora que está em sua melhor fase.- instiguei sincera a olhando, assim que analisei a maneira que dialoguei sobre tal situação e notei a forma repreensiva como ela me olhava tropecei nas sílabas.

— Não que ter uma criança seja um problema na vida de alguém, eu só não sei se isso é algo que realmente queremos agora, compreende?- torci para aquela ter sido a melhor resposta diante de tamanha cara de pau com a qual confessei que filhos eram um "fardo" nas mãos de quem não está preparado para mera responsabilidade.

— Tudo bem amiga.- sibilou enquanto caia em risadas de minha tentativa de concerto, falha.

Logo voltamos a prestar atenção no jogo, que por sinal continuava do jeito que estava, exaustivo para quem assistiu, apreensivo para quem torcia das arquibancadas e tenso para quem o tinha em mãos.

                               [...]

Alguns minutos já haviam passado depois do segundo tempo da prorrogação, infelizmente ele permanecia intacto, o 0x0 em um placar mundial nunca tinha sido tão intangível quanto agora, tudo que todos os brasileiros necessitavam naquele momento, era um alteação, uma mudança mesmo que mínima, um gol.

A plateia almejava por uma volta de Richarlison, mais não era possível, o mesmo havia sido tirado de campo no início do segundo tempo, todos achavam aquilo um completo absurdo, eu achava.

Até que algo me chama a atenção, um movimento suspeito se promove próximo ao lado do time oposto, a sensação de alívio que percorreu meu peito naquele instante havia sido tão reconfortante que nem mesmo o ar conseguia puxar pelos pulmões, presenciar um gol em um momento de decisão com certeza foi uma das coisas mais prazerosas que já poderia ter me ocorrido.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, 𝖗𝖎𝖈𝖍𝖆𝖗𝖑𝖎𝖘𝖔𝖓Onde histórias criam vida. Descubra agora