Anastasia
Sete anos antes...
O sino da entrada anuncia a chegada de mais um cliente e eu gemo.
Já são quase nove da noite de uma sexta-feira, quem é o filho da puta que está atrás de café frio e panquecas murchas ao invés de estar aproveitando alguma festa cheia de álcool e zoeira gratuita com os calouros?
Refaço o laço do meu avental, pego o meu bloquinho e marcho para fora da área dos empregados.
Jack, o meu chefe idiota faz uma careta para a minha birra silenciosa mas sabiamente não diz nada. Provavelmente ficar enfiando a mão por baixo da saia das novatas está mais interessante do que me passar um sermão.
A minha expressão suaviza num passe de mágica assim que chego ao balcão e vejo quem é o meu novo cliente.
Finalmente algo bom depois de um dia de merda.
Christian sorri e pisca para mim enquanto cruza os braços sobre o balcão de madeira. Me aproximo com um sorriso estúpido, o mesmo que surge toda vez que ele está perto e vejo o dele crescer ainda mais.
Bastardo idiota.
— Ainda trabalhando, Coelinha? — ignoro o calor estranho que surge toda vez que ele me chama assim e forço com suspiro.
— Nem todos nós nascemos herdeiros, sabia? Os reles mortais como eu precisam trabalhar para conseguir pagar essa faculdade. — Christian bufa e revira os olhos teatralmente.
— Você sabe que conseguiria facilmente dar o golpe num velho rico, Ana. Eu posso te passar o endereço do covil se quiser, você só vai precisar usar os seus truques de sedução.
Deus, ele é nojento as vezes.
— Eu não sei como sou sua amiga.
E eu realmente não sabia.
Christian Grey era o sonho de todas as garotas de Cambridge, com excessão de mim.
Ele é bonito, admito. Além de rico, influente, inteligente, galante e dono de uma lábia impressionante.
O herdeiro bilionário da poderosa família Grey. Uma linhagem cheia de empresários de sucesso, banqueiros e políticos.
O bisavô do Christian foi o fundador da Grey Enterprises e secretário da economia, o pai ocupa até hoje a cadeira de senador pelo Estado de Nova York e o avô chegou a impressionante marca de Vice Presidente.
Desde que cheguei em Cambridge e o vi logo no primeiro dia me senti atraída, confesso, mas foi observar o mar de garotas que corriam atrás dele que eu rapidamente voltei para a terra e recobrei a consciência.
Chegar até aqui não foi fácil, me exigiu muita dedicação e esforços, precisei abrir mão de muita coisa e seria totalmente inadmissível jogar tudo para o alto por causa de um cara bonito que bateu no meu ombro no corredor e nem mesmo se desculpou.
Mas o destino parecia realmente disposto a fazer os nossos caminhos se cruzarem.
Uma semana depois da minha chegada nos esbarramos novamente, dessa vez no início da aula de Mercado Financeiro e de Capitais. Me lembro que Christian sorriu para mim, abriu a porta e permitiu que eu entrasse primeiro.
Depois desse dia nós passamos a nos encontrar frequentemente em outras aulas, pelos corredores da faculdade, trocamos algumas palavras e aos poucos uma amizade foi surgindo.
Como as coisas evoluíram para esse patamar só Deus sabe.
No final do meu segundo semestre de economia Christian já era o meu melhor — e bom, único — amigo.
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Mr. President
RomantizmA corrida pela Casa Branca nos obrigou a lidar com os problemas do passado e aquilo que estava mal resolvido...