Pensando Sobre um Idiota

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Sentada em sua carteira, logo depois daquilo tudo, Pranpriya estava com a cabeça presa no que havia feito. Ele estava errado de não dizer quem ele era no primeiro momento, mas isso não mudava o fato de que ela se sentia estranha sobre ele, e não o via somente como um idiota. Afinal, ela o beijou! Isso era normal, certo?!

O problema era que a garota era muito reservada e introvertida, então, não poderia contar com ninguém para desabafar e ajudar a se encontrar no meio daquela confusão de sentimentos sobre um idiota. Não porque não tinha ninguém, mas porque não deixava ninguém entrar em sua vida.

...

Meses depois...

Pranpriya estava lendo, antes da aula começar, quando Sana entrou na sala, com aquele sorriso de quando trazia uma novidade. Ela já temia, pois sempre rendia assuntos que ela não estava nem um pouco afim de conversar. Até Kunpimook tinha mais disposição para conversar sobre essas coisas, por mais que meninos não eram conhecidos por "fofocar" tanto quanto as meninas.

— Priya! Priya! — Corre até ela.

— Fala logo, Sana. — Tira o livro da frente dos olhos para olhá-la, com seu mal humor de sempre, mas que, felizmente, Sana já estava mais do que acostumada, por ser sua melhor amiga e lidar com ela todo santo dia.

— Jung-kook tá namorando! — diz com um sorriso de sempre no rosto.

— O quê?! — Larga o livro sem marcá-lo na mesa, algo que ela nunca fez, boquiaberta.

— Caramba, nunca vi você ficar tão surpresa com algo que eu te conto... — agora, quem estava surpresa, era a amiga. — Quer dizer, nunca vi você demonstrar alguma reação. — se corrige, virando a cabeça.

— I-isso não é verdade... — Pega o livro em qualquer página aleatória, apenas para disfarçar que estava vermelha.

— Sabe que é verdade... — fala baixinho e a garota decide que se defende melhor calada.

E, mais uma vez, lá estava Pranpriya... pensando sobre seus pensamentos totalmente confusos à respeito de um idiota.

...

No intervalo, ela resolveu sair da sala, usando a desculpa que iria ver o que estavam servindo de almoço, mas, na verdade, no fundo, ela sabia que estava indo para procurar Jung-kook, mas não somente ele, pois o via na aula, sorrindo para o celular, enquanto o professor falava. Ela queria ver sua namorada.

Então, ela o encontra. Sentado em um banco de mãos dadas com uma garota. A mesma que apanhou de Ye-ji por causa de Ka-Yee. É, tava na cara que ela não tinha medo da azulada. Como Pranpriya teve... e ela sabia disso.

Ela o observava parada, como uma idiota.

— Priya? O que foi? — Sana chega colocando uma mão em seu ombro, a assustando e a despertando de seus pensamentos melancólicos.

— Sana... tem como vir na minha casa depois da aula? — pergunta, sem nem mesmo olhá-la.

— Claro, meu amor. — Joga seu cabelo para trás e beija sua testa.

...

Mais tarde, em sua casa, Pranpriya se via em uma situação que nunca imaginou... comia sorvete de morango, como as adolescentes padrões que odiava nos livros, por serem muito "menininhas".

Até que ouviu a campainha tocar e foi correndo abrir, mas viu que Roseanne já havia feito isso. Que encosto!, pensou.

— Olá! — Sorriu para a loira.

— Olá...! Roseanne, né? — Tomba a cabeça para o lado.

— Rosé! — Tomba a cabeça para enxergá-la.

— Sana, que bom que veio! — diz, tirando a prima do caminho e puxando a garota lá pra cima.

— Nos vemos depois... Eu acho... — ela faz um esforço para manter os olhos na garota de cabelos roxo claro, que acena sorrindo, enquanto Pranpriya a puxa para seu quarto.

Ela empurra a amiga em sua cama e encosta a porta, sentando-se num pufe bem à frente.

— Então, você nunca me chamou aqui... — Olha envolta, até estranhando o ambiente. — Por que da grande ocasião? — brinca, mas a garota não ri, apenas pega o pote de sorvete e entrega uma colher extra para ela.

— Preciso... admitir uma coisa... — diz, colocando uma colher cheia de sorvete na boca para que tivesse a desculpa de não poder falar. — Mais pra mim do que pra você, só preciso de alguém pra ouvir... — fala de boca cheia, pois a ansiedade não permite que ela fique nem mais um segundo calada.

— Pranpriya... você tá bem? Você tá falando de boca cheia. — diz, colocando uma colher na boca. — Você nunca deixa eu fazer isso. — fala de boca cheia, achando que tinha passe livre para fazê-la.

— Então, não faz. — Revira os olhos.

— Tá! — Engole. — Vai me conta. — Apoia os cotovelos nos joelhos, mostrando que estava pronta para ouvi-la.

— Eu... acho que... — Suspira. Vamos logo, Pranpriya! — Acho que gosto do Jung-kook! — fala de uma vez, quase que sem dar para entender, logo colocando outra colher de sorvete na boca.

— Não acredito! — Ela sorri grande. — Eu sabia que você tinha ficado com ciúmes hoje! — Balança as pernas, contente.

— Não haja como se isso fosse algo bom, idiota! — Franze o cenho, dando um tapa em sua cabeça. — Ele namora... — e ela não sabia como fazer isso, mesmo se tivesse seu caminho livre.

— Você costumava chamar o Jeon de idiota, quer dizer que gosta de mim? — Sorri, se aproximando.

— Sai! — A empurra. — Sana, você vai me ajudar ou não? — diz, colocando mais uma colher na boca, com raiva.

— Vou! Eu acho que... bom, você deveria falar com ele. — Dá de ombros, sem muita ideia, pois ela era extrovertida e não tinha vergonha de falar abertamente sobre seus sentimentos.

— Pra você é fácil! — Revira os olhos. — Achei a ideia péssima. — opina sobre a própria situação.

— Concordo! — Pranpriya se vira e vê Roseanne ouvindo a conversa, então, a de cabelos roxos empurra a porta e entra no quarto, sem nem pedir permissão.

— O que está fazendo aqui, Rosé? — pergunta, enquanto ela puxa e se senta em uma cadeira da escrivaninha da garota, ignorando sua pergunta.

— Eu acho que você tem que se aproximar dessa tal namorada dele e tentar convencê-la a deixá-lo, assim, você vai ter mais chance.

— É? — A olha, com insegurança. — Não! Essa ideia é péssima! — seu eu mais consensual grita dentro de si.

— Eu acho que pode dar certo... e depois você fala com ele, talvez... — Sana completa a ideia furada da garota.

Pranpriya suspira e olha para baixo, sem acreditar que aquela ideia estúpida e machista de rivalidade feminina estava mesmo seduzindo sua mente.

ㅤ⩨.⊸ 𝙊 𝙈𝙖𝙞𝙨 (𝙄𝙙𝙞𝙤𝙩𝙖) 𝙋𝙤𝙥𝙪𝙡𝙖𝙧 ❜ .Onde histórias criam vida. Descubra agora