Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantém no presente, que é onde a vida acontece.
Eu gosto de saber onde eu estou, gosto de saber que estou aqui e os motivos para estar. As pessoas em volta estavam animadas, um típico estado Brasileiro de espírito que amei descobrir na vida. As pessoas daqui na verdade, são um mistério, principalmente quando se tratam de sonhos. Não entendo como o Brasil não é maior potência do mundo, quando as pessoas daqui têm em si, o maior potencial que eu já vi, principalmente, em amar algo ou alguém. Não houve uma só pessoa que não tenha sido acolhedora com nossa chegada no Brasil em todos os memoráveis anos que passamos por aqui.
Os fechos de luzes passam pelas minhas retinas como um foguete cortando céu em que recolhia os detalhe no ar, as meninas me acompanhavam e estavam tão elétricas quanto eu. Eu amava olhar para cada uma delas e perceber as mudanças que eu vi de perto, sempre, com muita cautela.
Ally andava animada e estava tão absurdamente feliz que desejava que sua maneira fosse uma doença contaminável em que todos pudessem pegar. Minha baixinha havia mudado muito desde o momento que nos conhecemos, em que eu obviamente não havia gostado dela. Ally é doce a primeira instância, eu sei, eu só não gostava porque eu não a conhecia o suficiente ainda, para saber se sua doçura era verdadeira. Eis a verdade: é.
Para quem a conhecia, era muito fácil ver os motivos da sua alegria aparente. Ela estava no País do mundo, onde ela é absurdamente bem recebida, como se o afeto de cada fã direcionado a ela, fosse o que ela sempre desejou ter na vida. Ela era verdadeiramente reconhecida pelo que fazia, isso com certeza é uma satisfação abundante, que por algumas vezes cheguei a pensar que ela sentia apenas no Brasil. Sim, hoje é possível ver que gostam de nós cinco de maneira igualitária, não apenas a Camila ou eu, mas o Brasil foi o primeiro País a perceber que isso era possível. E essa igualdade de reconhecimento era um desejo obsessivo meu que alegremente se concretizou.
Ela está linda, cada vez mais linda, como sempre imaginei que ficaria. Seus traços estão mais fortes e está uma verdadeira mulher, mas com um sorriso doce de uma criança no rosto. Eu ainda me surpreendo com sua capacidade de me surpreender, lembro de uma vez, em nossa primeira ida ao Brasil, onde estávamos no avião e eu estava sentada ao seu lado na poltrona, enquanto encarava as nuvens pela janela minúscula com uma certa agonia no peito. Ela, como uma boa conselheira – e observadora discreta – me contou uma história de amor trágica, porque sabia que eram para mim, as mais bonitas e que provavelmente me distrairia dos meus infames pensamentos rotineiros.
Ally então, me contou que a primeira mulher a pilotar uma aeronave motorizada havia sido uma cubana, apaixonada pelo seu criador: Santos Dumont.
Para mim, o feito da criação do avião havia sido dado aos Irmãos Wright, como tinha aprendido no colégio, mas para os Brasil, esse êxito era do Brasileiro Santos Dumont.
Aída D'Acosta conheceu Dumont no verão de 1903, quando visitou Paris com sua mãe. Chegando lá, logo se interessou pela aviação. Não demorou muito para que Dumont e Aída se encontrassem, pois ambos frequentavam a alta sociedade Parisiense, e logo, ele se encantou pela cubana. O mais interessante, era que Santos Dumont já possuía 30 anos e nunca tinha tido uma namorada de tão envolvido que estava com suas invenções. Aída tinha apenas 19 anos.
Ally disse que Dumont preparou Aída para voar e deu-lhe apenas três breves lições e resolveu solar a moça no dirigível número nove, a mais prática voadora até então inventada. Dumont embarcou cuidadosamente Aída no N°9 e a orientou para voar sozinha em Neuilly-sur-Seine, uma comuna francesa, localizada na Îlle-de-France. A pilotagem foi por conta de Aída, que não apresentou muitas dificuldades em pilotar. Santos Dumont acompanhou de pé o voo inteiro segurando no pendente (corda de atração). O pouso foi muito bem sucedido no Campo do Parque Bagatelle, localizado em Paris.
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A Amada Do Monstro
FanfictionEntre as linhas de pensamentos de Camila Cabello sempre existia a ingenuidade de pensar em si mesma como personagens diferentes daquilo que é. E foi nisso que gerou a grande polêmica no lançamento de seu livro "A Amada Do Monstro" que conta com uma...