Camila POV.
Escuro, um escuro violento e amedrontador, um escuro de quando você ainda é uma criança que tem medo do escuro e apagam a luz. Um breu sem fim diante dos meus olhos. Uma sensação de solidão inconsolável.
Eu não sabia onde estava.
Eu estava presa em algum lugar, podia sentir meu corpo imóvel como um defunto. Minhas pálpebras ainda estavam pesadas, uma incrível dificuldade de me situar diante da situação, um medo atingindo meu interior. E uma coragem repentina.
Empurrei algo em minha frente, uma madeira forte, semiaberta, esperando minha saída. Levantei meu corpo em um impulso forte olhando ao redor. Oh meu Deus, eu estou em um caixão, eu morri? Ai meu Deus, mas como eu morri? Não tem como eu ter morrido de ontem para hoje, eu não consigo lembrar de nada que me faça imaginar o porque da minha morte. Talvez Lauren tenha me matado. Mas não, Lauren não faria isso. Acredito mais na hipótese de uma turbina de avião cair do céu e entrar pela janela do seu quarto enquanto dormíamos, assim como na parte do filme Donnie Darko, estou quieta, de repente acordo e olho para janela e Boow! A turbina vem como um meteoro e destrói metade da casa fazendo todos morrerem.
Olho perdida e fico chocada, parecia um universo paralelo, me sentia exatamente como no videoclipe da música Power do Kanye West, no meio de uma pintura Renascentista. Esse era o meu cenário, uma obra de arte. Existia um aspecto neoclássico ao meu redor, cheio de referências simbólicas e culturais. Atrás de mim existe uma linha infinita de colunas jónicas, que representam a "sabedoria" no simbolismo maçônico. Porém a dois pilares, um de cada lado em torno do caixão.
As duas colunas chamadas de "Colunas de Hércules" na Grécia Antiga, estavam na porta de entrada para a esfera mística dos iluminados. – me lembrei. Ok, certo, um universo místico.
Olho reto e os pilares seguem até uma enorme escada em minha frente, e o mais bizarro, amedrontador e esquisito sentimento me atinge: a escada era guardada por por duas meninas albinas vestidas com um longo vestido preto e descalças, segurando um bastão e tem chifres bovinos em suas cabeças. Suas características são muito reminiscentes das representações de Ísis e Hathor, Deusas do antigo Egito.
"Isis e Hathor na coroação da rainha Nefrertiri. Ambas as deusas eram representadas com chifres de bovinos em suas cabeça" – me lembrei de uma aula de história perdida em minha mente.
Isis era a Deusa da maternidade, da natureza e magia. Hathor também foi considerada como uma divindade maternal, sendo também a Deusa da música, da dança e da fertilidade. Tanto Isis e Hathor eram conhecidas para acolher e proteger os mortos durante a sua viagem para o além. Então eu estava morta? Ou apenas estou tendo um surto de consciência em um universo paralelo?
As paredes são o céu azul e a grande escada ainda me chamava a atenção. Uma enorme escada que indiretamente chamava meu nome, ansiava de alguma forma que eu passasse por ela e subisse cada degrau. Algo no fim soava interessante, sempre existe algo no fim de um trajeto, uma curiosidade gritava, o que era possível ver, em pé, no último degrau?
Tomei um pouco de coragem e desci do caixão rapidamente alcançando o chão, o medo de andar era evidente em cada passo que eu dava em direção a ponta da escada, o mundo era paralelo, isso é óbvio, mas nenhum medo meu no momento é maior do que imaginar que o piso em que eu caminho pode começar a cair enquanto ando me fazendo ser sugada por um buraco negro podendo ficar perdida no universo para sempre. E só de pensar nisso me dá mais medo, eu não sei se estou no céu, eu não sei o que podem fazer com meus medos aqui.

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A Amada Do Monstro
FanfictionEntre as linhas de pensamentos de Camila Cabello sempre existia a ingenuidade de pensar em si mesma como personagens diferentes daquilo que é. E foi nisso que gerou a grande polêmica no lançamento de seu livro "A Amada Do Monstro" que conta com uma...