A Sunday Smile.

643 41 41
                                    

O silêncio que nutri as árvores secas transcendem em delicadeza, cores e nuanças dolorosas, de um verde tórrido e de tons cinzas macabro, que arrepiava a mais doçura amostra de respirar.

É tudo tão escuro e reconfortante ao mesmo tempo que apavora. Sentir o desconhecido navegando nas veias e o impacto de não saber como meus pés me trouxeram até aqui.

Muito tempo analisando a própria existência se esquecendo de todas ao redor.

Ao ponto de não notar companhia.

"Camila?" Sua voz se apossou de minha atenção, não consegui questionar o cenário quando seu ar me roubava toda a nuance.

"Eu amo sua voz" disse antes que conseguisse realmente pensar.

Seu sorriso foi o jogo baixo, era necessário alguns segundos de sua presença, para afrouxar as molas do meu equilíbrio.

"Porque você está deitada no chão coberta de folhas de outono?"

Lauren não podia fazer questionamentos simples, ela não poderia simplesmente dizer: porque você está esparramada aí no chão?

Ela precisa poetizar o momento com o outono ou qualquer sentido belo que sua mente inquietante lhe permitirá imaginar. Era seu vício pessoal e eu reconhecia, ela arquitetava sua vida o tempo todo para se fazer protagonista de alguma trama dramática que suas ações a colocavam como estrela, a mais requisitada, a pronta para encarar qualquer papel que sacrificasse muito – se não tudo. – do que ela poderia oferecer.

Exatamente o tipo de pessoa que, ou você tem tudo, ou não tem absolutamente nada.

Talvez riam de mim no futuro, debochem da minha mania irreparável de encontrar motivos para ainda me interessar por ela. Talvez, as situações e os encargos que tive que correr para chegar ao ponto que estou, teria sido motivos suficientes para retirar da raiz seus girassóis do peito de qualquer outra pessoa, enquanto eu, continuaria a rega-los.

"Eu realmente não sei, estou muito confusa." Eu queria fazer tantas perguntas que não obtinha ideia o nível de importância de cada, é como uma metralhadora, entre questionamentos sobre porque porra eu estou deitada no chão cheia de folhas no meio do nada, e, porque Lauren está tão linda, não, espera, ela sempre está.

Estendeu a mão em minha direção, a peguei porque gostava de sentir seus pequenos ossos e também porque adorava as vontades do destino de sempre me dar uma oportunidade casual de toca-lá.

Peguei impulso o suficiente para me levantar, limpei minha roupa e olhei para ela ainda confusa aonde estamos.

"Vem." Chamou. "Aqui vende minhas panquecas favoritas, as melhores do mundo." Apontou para uma pequeno restaurante que nossa vista enxergará, não tão pequeno, nem tão grande, mas o único do local.

Antes que alguém entenda o que se passa comigo, deveria se imaginar na seguinte situação: você está numa praia no Caribe, uma praia paradisíaca, é primavera, o sol está agradável e você resolve dar um mergulho no mar bem no fundo e lá, mergulhando, tem um cardume de peixes que vem em sua direção e, no meio desse cardume, de repente, sai um tubarão branco, cara a cara com você.

É muito interessante o que acontece com o seu cérebro quando registra informação tubarão.

Seu cérebro iniciará a coordenação de um programa de ações muito complexo que vai recrutar o seu corpo inteiro, para uma série de mudanças.

Suas pílulas dilatam, sua boca seca, seu estômago altera seu funcionamento, seu intestino para de peristaltar, se você estiver com o intestino cheio, você solta. – é o famoso caguei de medo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 05, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Amada Do MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora