2013
Miami, FL
Keana Haus
// Céu nublado, sem sol // 11:53amLauren POV.
Sou da geração do milênio.
Nascida entre o inicio da AIDS e onze de setembro mais ou menos. Nos chamam de Geração Global. Nós somos conhecidos por nossos privilégios e narcisismo, uns dizem que é porque somos a primeira geração onde cada criança ganha um troféu só por comparecer, outros porque as mídias sociais nos deixam postar toda vez que peidamos ou comemos um sanduíche para o mundo ver, mas eu diria que o traço que nos define melhor é ser indiferente ao mundo, uma indiferença a tudo.Sei que já fiz de tudo para não sentir nada.
Sexo, drogas e álcool, para acabar com a dor, para me livrar da minha mãe, do meu pai e da pressão e todas as pessoas que já amei que não me corresponderam de volta. Eu quase fui violentada sexualmente uma vez em uma festa ridícula de faculdade um ano antes de entrar no sênior e ir para o X-Factor, chorei por dias e conheci mais psicólogos que deveria. Minha família odiava falar sobre isso como se ignorar os fatos pudessem altera-los, dois dias depois, fui a aula como se nada tivesse acontecido. Deve ter doido muito, certo? A maioria nunca supera isso. Eu só disse: "Vamos tomar um suco".Eu daria tudo o que eu tenho ou que eu vou ter para sentir algo.
Graças a Deus por gente simples como a mãe de Keana e seu jardim de ervas. Uma vantagem de se sentir morta é não ter que evitar rótulos de advertências. Havia um liquido castanho, que achei que fizeram meus mamilos formigarem por um segundo, mas acho que foi psicossomático, pois tomei o resto e não senti nada. Tentei todos os olhos de salamandra e asas de mosca até achar algo que não me fez mais parecer com o Marilyn Manson.E esse é o problema de tudo, não é?
Não sentir nada.
Não estou sentindo nada.Achamos que a dor é a pior sensação...
Não é.
O que pode ser pior do que este silêncio eterno dentro de mim?Eu não comia por dias ou comia muito e enfiava o dedo na garganta. Agora, posso me empanturrar, mas nunca preencho esse vazio que sinto. Eu não aguento mais. Acho que estou ficando uma louca varrida.
Preciso fazer alguma coisa.
"Lauren" Keana entra em sua estufa, sua mãe é uma grande bióloga, por essa razão tinha uma estufa onde armazenava plantas e ervas interessantes em casa, e eu amava passar o tempo aqui quando venho a visitar, ela havia acabado de acordar e estava confusa graças a ressaca que aparentemente ganhava forma em seu rosto. "Eu não acredito que você está fumando isso..." e retirou o cigarro de cannabis da minha mão.
"O que? Eu estou fumando para uso medicinal também" contestei tentando pegar o cigarro de volta.
"Ah, é mesmo? Então cadê sua receita médica para fumar isso?" Keana jogou o cigarro em uma pequena planta com água ali perto, me fazendo lamentar internamente.
Ok, vamos fingir que na Flórida as pessoas tem o uso liberal de Maconha Medicinal, talvez ela se sinta melhor do que admitir a si mesma que sua mãe é uma maconheira e que não está tratando nenhuma doença e sim seus problemas. Mas era sincero demais então eu optei em calar a minha boca e curtir a minha brisa.
"Olha para minha cara..." Disse sem humor. "Eu estou me sentindo bem mal com os últimos acontecimentos da minha vida"
"Que acontecimentos Lauren?" Keana me olhou com o típico olhar de repreensão que ela possuía toda vez que eu falava algo muito estúpido. "Assinar o contrato com uma gravadora, estar prestes a fazer um CD, ter reconhecimento pelo que faz, ter a caralhada de fãs que você está tendo, isso está ruim demais para você?" Seu tom de voz era ríspido, típico de uma mãe brigando com um filho.

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A Amada Do Monstro
FanfictionEntre as linhas de pensamentos de Camila Cabello sempre existia a ingenuidade de pensar em si mesma como personagens diferentes daquilo que é. E foi nisso que gerou a grande polêmica no lançamento de seu livro "A Amada Do Monstro" que conta com uma...