BITE

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Ouça: Bite – Troye Sivan

Narrador POV

A cada olhada de Lauren atingindo a presença de Camila, ela se sentia como uma vespa parasita com um senso de proteção altíssimo – e com seus benefícios. – perante uma mandioca; vendo toda a situação em sua frente. Para que você entenda melhor, vou te explicar:

Eis como as vespas parasitas salvaram 20 milhões de vidas.
Para entender essa história, primeiro você precisa saber das larvas de farinha, um tipo de inseto tão desagradável quanto o nome. As larvas de farinha não são muito grandes – um grupo de milhares é tão pequeno quanto um pontinho branco. Acontece que esse pontinho é capaz de devastar continentes inteiros. Funciona assim:

A larva farinha media tem 800 filhos, quase todos fêmeas. Cada um destes pode ter mais 800 filhos. Faça as contas: cada larva de farinha é capaz de produzir 500 milhões de bisnetos. E eles nem são larvas de verdade. Os jovens voam, carregados de planta a planta pelo vento, espalhando infecção no caminho.

Trinta anos atrás, uma espécie de larva farinha arrasou a África, atacando um gênero de primeira necessidade chamado mandioca e quase matando de fome 20 milhões de pessoas. É uma moralidade bem significativa para um parasita microscópico. Felizmente, porém, a larva de farinha que ataca a mandioca tem seu próprio parasita: uma espécie de vespa originária da América do Sul.

Uma palavra para definir as vespas parasitárias: cruéis. Em vez de um ferrão, para matar, elas usam algo chamado ovipositor, que injeta ovos em vez de veneno. E, acredite, os ovos são muito piores. No caso do veneno, pelo menos você morre rápido.

Eis que os ovos de vespa fazem aos seus infelizes hospedeiros: alguns eclodem e se transformam em "soltados", equipados com grandes dentes e rabos cheio de ganchos. Eles vagam na corrente sanguínea da vítima, engolindo as entranhas de todos os filhos de outras vespas. (As vespas parasíticas têm um senso territorial forte.) Outros ovos viram larvas de vespa, que podem ser resumidas como grandes estômagos inchados e dotados de bocas. Protegido pelos irmãos soldados, eles consomem avidamente o hospedeiro por dentro, sugando todos os fluidos enquanto também se transformam em vespas. Quando já cresceram suficientemente para ter asas, as larvas de vespa abrem caminho até o mundo exterior e saem voando para botar ovos. Os soldados não vão embora. Ficam para trás com os hospedeiros secos à beira da morte, tendo cumprido o dever de proteger seus irmãos e irmãs. (Não é lindo?)

E o que aconteceu com a África? Para resumir uma longa história: as plantações foram salvas.

Assim que a espécie de vespa foi solta no lugar, as larvas de farinha passaram a ter os dias contados. As larvas se espalham tão rápido quanto o vento, mas, aonde quer que vão, as vespas vão atrás. Afinal, as vespas também voam e possuem uma espécie de sexto sentido para encontrar larvas de farinha. Se houver uma única planta infectada num campo imenso, as vespas encontrarão as larvas e injetarão seus ovos. Ninguém sabe ao certo como as vespas rastreiam as microscópicas larvas de farinha, mas alguns cientistas desenvolveram uma teoria interessante:

A planta infectada pede socorro.

Isso mesmo: quando uma planta da mandioca é atacada por larvas farinha, começa a enviar sinais a todas as vespas que se encontram na região. Uma substância química desconhecida viaja pelo ar e atrai as vespas, como uma grande placa numa estrada dizendo: Ajude-me, Ajude-me.

Outra tradução óbvia para mensagem é: Larvas de Farinha! Peguem suas deliciosas larvas de farinha quentinhas!

Pode-se dizer que a mandioca e a vespa parasítica têm um acordo revolucionário: Eu aviso quando estiver infectada por larvas de farinha e vocês veem e depositam seus ovos mortais nelas.

A Amada Do MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora