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John Clifford.

Enquanto eu estava conversando com a Sofia, vi o Miguel de longe me encarando.

Sua expressão era um tanto indecifrável e eu precisava saber porque ele estava daquele jeito.

Eu só não sabia como terminar aquela conversa sem parecer meio estranho.

- Só um minuto, John. Depois a gente conversa.- ela disse e eu quase soltei um suspiro.

- Tudo bem.- eu fui até o Miguel.

- Caramba, a Blue sempre tá linda, mas hoje ela tá muito. Eu fui conversar com ela e acabei flertando, eu acho que ela nem percebeu mas flertou de volta.

- Até quando vocês vão ficar enrolando?

- Aí, te vi conversando com a Sofia.- falou mudando de assunto.

- Pois é, eu não consigo ficar perto dela sem parecer um completo idiota.

- Que coisa mais lindinha vocês dois gente.- eu ri.

- Cala a boca, seu babaca.

- Ih, vai encarar?- se armou pra fazer lutinha.

Fomos interrompidos por um tintilar de talheres no copo e olhamos para onde o barulho tinha vindo.

- Gente, eu amei a decoração, mas a festa tá muito caidinha. Vamos dar uma animada?- uma menina disse.

Eu não sabia quem ela era ao certo, mas acho que já vi ela na escola.

- Mas o que a gente vai fazer?- um menino questionou.

- Sei lá, de repente um verdade ou desafio.- ela sugeriu.

Várias pessoas toparam fazer o jogo, umas não gostaram muito. Mas quase todo mundo iria participar.

Umas quatro pessoas que não gostaram da ideia, ficaram de fora só pra assistir a fofoca e terem mais história pra contar no dia seguinte.

A Gabi chegou do nada, as meninas até acharam que ela não vinha mais pelo atraso.

Ela entrou no jogo também e aquela menina girou a garrafa.

Começou com umas confissões aqui, brigas ali e desafios leves no entanto.

Até que a garrafa caiu na menina que iniciou o jogo perguntando pra Gabi.

- Você escolhe, verdade ou desafio?- ela disse sorrindo.

- Verdade.- falou dando início a sua primeira jogada.

- Você tá tendo uma quedinha por algum menino ou menina?- perguntou e a Gabi a encarou receosa.

- Bom...- engoliu seco.- Eu tô afim de uma menina aí...- praticamente sussurrou.

- Quem é?- perguntou e a menina se assustou.

- Essa pergunta eu não respondo.

- Ah, responde por favor. Responde.- começou um coro de pessoas pedindo pra ela responder e a Gabi riu envergonhada.

- Só se cair de novo em mim, eu escolher verdade e vocês perguntarem quem é.- todos, incluindo eu e a Gabi, rimos.

- Vai.- alguém disse começando mais uma rodada.

Eu olhava fixamente para a garrafa, na esperança de cair em outra pessoa.

A garrafa girou, girou, girou e girou de novo pra cair em mim.

Eu estava ferrado, eu só tinha um desafio.

Um menino que eu conversava às vezes sobre como as matérias eram difíceis estava perguntando.

Torci para que ele tivesse piedade.

- Eu desafio você a dar um selinho na...- olhou em volta.

Eu me desesperei quando seus olhos vagaram encontrando a Sofia naquela roda imensa.

- Eu desafio você a dar um selinho na Sofia.

O Miguel ao meu lado deu uma risada abafada pela sua mão e eu o encarei com um olhar mortal.

Não que eu não quisesse dar um selinho nela, aliás eu queria demais, mas me bateu uma vergonha.

Um medo de ela me humilhar me chamando de calango velho mesmo sabendo que ela não faria isso.

Balancei a minha cabeça afastando esses pensamentos, estava começando a confundir a personalidade da Sofia com a da Blue.

Ambos fizeram um draminha, mas eu estava torcendo para que eles continuassem insistindo me deixando sem nenhuma escolha a não ser aceitar o desafio.

- Se você não beijar ela eu tenho quase certeza que a sua prenda vai ser dar um beijão na Sarah.- o Miguel me atormentou.

- Não não, tudo menos isso.- falei apavorado.

- Então vai lá, garoto. Vai que essa aí é tua.- me encorajou com dois tapinhas nas costas.

Me aproximei da menina devagar, tentando não fazer nenhum movimento brusco.

- Você quer? Não precisa fazer nada se você não quiser.- falei encarando o fundo de seus olhos.

- Eu quero.- sussurrou para que apenas eu pudesse ouvir.

Meu coração palpitou, minha pressão baixou e minha boca implorou para encontrar a dela.

Resolvi seguir o que minha boca estava querendo.

Me aproximei da menina que respirava pesadamente e encostei em seus braços sentido a mesma se arrepiar.

Desci até sua mão e as segurei, ela sorriu ao perceber que a minha mão estava um pouco suada.

Confesso que estava tremendo um pouco.

Me aproximei ainda mais do seu rosto ainda olhando em seus olhos, coloquei uma mão em sua cintura e a outra na sua nuca.

No mesmo momento que senti a Sofia segurar o meu rosto acabei com toda a distância que restava entre nós.

Selei os nossos lábios tentando aproveitar o máximo que conseguia daqueles quatro segundos que nos foram impostos.

Eles haviam delimitado um tempo para que aquilo fosse considerado um selinho.

Aqueles foram literalmente os quatro segundos mais felizes da minha vida.

Eu estava dando um selinho na menina que eu gostava.

Seus lábios eram doces, macios e suaves. Eu estava adorando aquilo.

Me segurei para não tornar aquele selinho em um beijo.

Surtei internamente quando os quatro segundos contados acabaram e me separei dela voltando ao meu lugar.

O jogo continuou, mas a minha mente estava em outro lugar.

Nela.

Enquanto torcia para que a garrafa caísse nela, que também só tinha como escolher desafio, de vez em quando a olhava.

E às vezes ela olhava de volta, mas logo desviava. Todas as vezes que ela correspondeu não deixei de soltar um sorriso.

Meu coração estava mais acelerado do que nunca e do nada eu me pegava com um sorriso bobo lembrando daqueles quatro segundos.

Meu Deus, o que Sofia está fazendo com a minha mente?

Ela tá mais bagunçada do que qualquer quarto de criança encapetada.

Seja lá o que for eu tô gostando e sentindo um frio na barriga que não havia sentido com ninguém antes.

continua...

Voltei amores, acharam que eu morri?

Mais tarde tem mais e agora eu vou me dedicar a tentar sempre estar atualizando a fic aqui.

O Menino dos LivrosOnde histórias criam vida. Descubra agora