O Menino dos Livros

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John Clifford.

Já passou um mês desde que eu e a Sofia nos beijamos.

Fico repetindo a sensação daquele dia na minha cabeça.

Parece que faz muito tempo que isso aconteceu, mas nem faz tanto tempo assim.

Talvez eu tenha sensação porque nesse tempo a gente se afastou.

Acho que não foi por culpa de ninguém.

Projetos da escola começaram com tudo e eles valem ponto e a gente tá tentando se esforçar pra fazer os trabalhos.

Eu não conseguia falar com mais ninguém além das pessoas do meu grupo.

Fico pensando se eu não poderia ter feito mais, mas no fundo sei que não.

Desde então eu passo os dias lendo e fazendo coisas pra esquecer dela, mas eu não consigo.

Eu gosto muito dela e sei que ela gosta de mim.

Espero que depois disso tudo eu volte a falar com ela.

A real é que eu achei que depois daquele beijo tudo ia mudar, mas nós não fizemos nada pra que de fato mudasse.

O tempo não deixou nós seguirmos com qualquer coisa que tinha pra seguir.

Se não deixou então não devia pra ser, mas eu queria muito que fosse.

A vida é feita de encontros e desencontros e deveria eu estar pronto pra isso.

Mas acho que ninguém tá pronto de verdade pros ensinamentos da vida.

A graça deve ser justamente essa, ser pego de surpresa.

- JOHN!- minha mãe gritou e eu me assustei.

- FALA, MÃE.- pedi esperando ela continuar.

- VEM AQUI. - revirei os olhos e saí da cama indo até a porta do meu quarto.

- Fala.

- Vou pra casa da Eva, vem comigo.- minha mãe disse e eu fiz uma cara indiferente.

Eva é uma amiga dela do trabalho.

- Por que eu tenho que ir?

- Ah, filho vem. Ela tem aquela filha dela, vocês ficam lá conversando pelo condomínio.

A filha da Eva.

O nome dela é Juliana e pelo visto ela gosta de mim.

Desda primeira vez que eu fui na casa dela sou praticamente assediado.

- Tá bom, eu vou.- coloquei meu celular no bolso segui ela.

Em pouco tempo nós já estávamos na casa da amiga dela.

Que por sinal é no mesmo condomínio da Sofia.

- Oi!- disse com um sorriso recebendo a gente.

Abraçou a minha mãe e depois me abraçou.

- Oi.- eu e minha mãe dissemos ao mesmo tempo.

- Entra.- deu espaço pra gente.

A garota estava na sala.

- Oi, John.- me cumprimentou.

- Oi, Juliana.- disse com um sorriso amarelo.

- Pode me chamar de Ju.

- Claro, Ju.- ela riu.

Vontadezinha de vomitar essa que eu tô.

- Filha, a gente vai resolver algumas coisas do trabalho, vocês não querem descer e fazer alguma coisa?- a Eva perguntou e eu arregalei os olhos.