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John Clifford.

Ela olhou pra mim e ficou um pouco travada.

Deve ter sido pelo susto, ela tava meio distraída olhando o livro.

Vou ver se consigo puxar assunto com ela sobre ele.

Eu olhei mais pro rosto dela e vi que era a menina que eu achei bonita na aula.

*flashback*

Sento na carteira que a professora apontou e graças a Deus estava do lado do meu amigo.

- Atrasou demais, cara.- meu amigo disse e eu ri.

Aperto a mão dele rapidamente e me ajeito na cadeira.

Olho para os lados pra tentar ver mais as pessoas que tem na sala e vejo uma menina muito bonita.

Ela se levantou pra ir até a mesa da professora e saiu da sala olhando pra mim.

- Miguel.- chamei ele e o mesmo olhou pra mim com tédio.

- Que foi?

- Você viu isso?

- Que vocês se olharam?- eu assenti.- Vi, e daí?

- Cara, ela me olhou mano.- me olhou confuso.

- Ela te olhou muito rápido, dá pra você parar de exagerar?

- Uma menina bonita olhou pra mim.

- Então pede ela em namoro.- disse rindo e eu dei um tapa no braço dele.- A Sarah vai amar.

- Você para, Miguel.

*flashback*

- Eu gosto sim.- falou tímida e saiu da sala com o livro rapidamente.

Ué?

Tá bom então.

Tento procurar por outro livro, já que a menina levou o outro que eu queria.

Esse livro é realmente muito bom e é legal encontrar pessoas que também gostem.

Acabo achando um interessante e pego ele em seguida saindo da sala.

- Pegou o livro lá, As Nove Bandidas de Elvis Heitor?- o Miguel perguntou e eu ri.

- Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e não, eu não consegui pegar, uma menina pegou primeiro.

- Quem?

- Aquela menina que me olhou lá na sala.

- Ah tá, aquela que você achou bonita né?

- Pois é, mas o que ela tem de bonita ela tem de esquisita.- eu falei o "esquisita" um pouco alto e uma menina olhou pra mim.

- Ela é o que?- a garota se levantou e eu fiquei paralisado.- Ela é o que?

- Nada, não. Eu tava conversando com o meu amigo.- eu respondi meio sem graça.

- Não, você falou alguma coisa. A Sofia é o que?- reforçou a pergunta.

- É que eu achei ela estranha, porq...- a menina me interrompeu.

- Por que você acha ela estranha? Porque ela não é uma daquelas peruas ridículas que ficam pra cima e pra baixo pela escola?

- Blue, não precisa disso.- a menina da biblioteca sussurrou pra ela.

- Não, amiga, agora deixa ele falar. Eu quero ver ele te chamar de esquisita bem na nossa cara.

- Isso aí amiga, arrasa, lacra em cima dele.- outra menina apoiava a barraqueira.

- Quem é você pra falar que ela é estranha? Por acaso você conhece ela pra falar assim?- eu engoli seco e torci pra alguma coisa impedir de que eu respondesse ela.

Deus ouviu as minhas preces e o sinal pra voltar pra sala tocou.

- Amém senhor.- a garota suspirou e segurou o braço da barraqueira e estendeu a mão para a outra menina.- Vem Gabi.- ela segurou a mão dela.

- Caraca, tu ia se fuder agora mano.- o Miguel implicou.

- Para, vamos pra aula.

[...]

Encosto a minha cabeça no travesseiro para tentar dormir e mesmo estando morto de tanto cansaço, não consigo dormir.

Eu comecei a pensar naquela confusão na biblioteca e no que eu falei daquela menina.

Apesar da amiga dela ter feito aquele barraco, ela tava certa.

- Miguel.- chamei ele que estava dormindo no chão e ele resmungou alguma coisa em árabe provavelmente.

Já tô até vendo o quanto ele vai reclamar por eu ter acordado ele.

- Miguel.- chamei de novo.

- Hm?- perguntou esfregando os olhos.

- Tá acordado?

- Agora eu tô né, porra.- reclamou se ajeitando no colchão.

- Eu tava pensando naquela confusão na biblioteca.- ele riu.

- Na gatinha que te jantou?- perguntou sorrindo.

Eita, que já tá apaixonado.

- Não, na outra que eu chamei de esquisita, a mais baixinha.- eu disse esperando que ele soubesse quem era.

- Ah tá, pensei que você tava falando da alta. Mas o que tem ela?- abraçou um travesseiro e finalmente abriu os olhos me encarando.

- Eu me arrependi de ter falado aquilo dela, a amiga dela fez aquele barraco desnecessário, mas ela estava certa.

- Pois é, mas amanhã você pede desculpa.

- Você acha que ela vai aceitar?- ele assentiu.

- Agora vai dormir que amanhã é outro dia, vai.- ele se virou pro outro lado e eu ri.

Fiquei mais um tempo rebatendo isso na minha cabeça, mas decidi dormir antes que o Miguel começasse a roncar.

Porque quando ele ronca, nem surdo consegue se acomodar e dormir.

continua...

O Menino dos LivrosOnde histórias criam vida. Descubra agora